Pesquisadores confirmam a aceleração do aquecimento em ‘direção’ aos piores cenários das mudanças globais
Mapa da distribuição do permafrost no hemisfério norte. Imagem da International Permafrost Association, através do National Snow and Ice Data Center, University of Colorado, Boulder.
[Por Henrique Cortez, do Ecodebate] As últimas avaliações demonstram que a emissão de gases com efeito estufa está aumentando mais rápido do que o avaliado pelo IPCC. Em razão disso, as ações mais incisivas tornam-se mais urgentes, antes que, até o final do século, sejam ultrapassados os limites do pior cenário possível.
Estudos indicam que o aquecimento estufa já está iniciando um perigoso processo de realimentação, em razão do descongelamento do ‘permafrost’, o qual libera mais gases estufa, o que, por sua vez, aumenta e acelera o aquecimento.
O alerta foi realizado por Chris Field, diretor do Department of Global Ecology, do Carnegie Institution e um dos coordenadores do Grupo 2 do IPCC, durante o simpósio intitulado “What Is New and Surprising since the IPCC Fourth Assessment?“, realizado no dia 14/2, durante a reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (American Association for the Advancement of Science, instituição equivalente à nossa SBPC), em Chicago.
A quarta avaliação do IPCC foi publicada em 2007, sendo que a quinta avaliação está programada para publicação em 2014, incorporando os mais recentes estudos, que indicam mudanças climáticas ainda mais severas do que previsto nas avaliações anteriores.
“Os dados já mostram que emissões de gases de estufa estão acelerando mais rapidamente do que pensávamos”, diz Field. “Ao longo da última década, os países em desenvolvimento como a China e a Índia aumentaram a sua geração de energia elétrica por termelétricas a carvão. Economias do mundo em desenvolvimento estão se tornando mais e não menos carbono intensivas. Estamos definitivamente no terreno inexplorado em termos de trajetória das mudanças climáticas , com prováveis impactos muito piores do que o previsto na quarta avaliação. ”
Os novos estudos também demonstram efeitos potencialmente perigosos da conversão dos atuais sumidouros de carbono em fontes emissoras, como ocorre com o descongelamento do ‘permafrost’. Field aponta para as florestas tropicais como um excelente exemplo. Vastas quantidades de carbono são armazenadas pelas florestas tropicais úmidas, que são resistentes aos incêndios florestais devido à sua umidade. Mas o aumento das temperaturas interfere nos padrões de chuva, ameaçando secar as florestas, tornando-as mais vulneráveis aos incêndios.
Pesquisadores estimam que a perda de florestas, através de incêndios e outras causas durante o próximo século, poderá aumentar a concentração atmosférica de CO2 em até 100 ppm (partes por milhão) aos atuais 386 ppm, eventualmente com consequências devastadoras para o clima global.
No caso do ‘permafrost’ estima-se que tenham estocados mil bilhões de toneladas de carbono, que podem ser liberados para atmosfera com a aceleração da decomposição do material vegetal congelado. Isto é especialmente ameaçador, se considerarmos que, desde a revolução industrial, as atividades antropogênicas, pela queima de combustíveis fósseis, emitiu cerca de 350 bilhões de toneladas. O descongelamento do ‘permafrost’ pode ter efeitos catastróficos.
A quarta avaliação do IPCC não considerou, de forma precisa, o descongelamento da tundra ou a emissão pela perda das florestas tropicais úmidas, porque ainda não tinham sido detalhadamente avaliados.
Mas os novos estudos, que estão agora disponíveis, permitem uma avaliação mais precisa, com uma variedade maior de fatores climáticos e seus impactos potenciais. Mas, de qualquer forma, já parece evidente que as ameaças são ainda maiores.
As medidas, agora, não apenas devem incluir um rol ainda maior de ações, como também exigem um prazo de implementação ainda mais curto.
[Do EcoDebate, 16/02/2009, com informações de Mark Shwartz, da Stanford University]
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