Diversidade de culturas reduz a poluição por nitrogênio
[Por Henrique Cortez, do Ecodebate] Pesquisadores identificaram uma ligação entre a diversidade de plantas cultivadas e poluição por nitrogênio que geram em lagos e rios.
Na última edição da revista online Frontiers in Ecology and the Environment, pesquisadores demonstram que quando a biodiversidade das culturas é alta, menos nitrogênio é encontrado dissolvido nas bacias hidrográficas. O nitrogênio dos fertilizantes infiltra-se no solos e águas subterrâneas, atingindo rios e lagos.
Uma das consequências naturais do excesso de nitratos na água é o favorecimento do crescimento exagerado de algas, que podem consumir a maior parte do oxigênio disponível na água, criando “zonas mortas” que não podem suportar a vida aquatica
Whitney Broussard, da Universidade da Louisiana em Lafayette e R. Eugene Turner da Louisiana State University em Baton Rouge, compilaram dados dos últimos 100 anos, a partir de relatórios de bacias, comparando os dados das bacias com as práticas de uso da terra desde o início do século 20.
Os resultados mostram que, desde o início do século passado, a dimensão média das propriedades agrícolas, nos Estados Unidos, duplicou e o número propriedades agrícolas diminuiu em quase dois terços. Broussard diz também que uma mudança de animais simples e arados para o uso de máquinas agrícolas mudou não só a cultura, mas o impacto ambiental da agricultura.
A agricultura atual procura maximizar a produção/produtividade, produzindo menos variedades vegetais, impactando negativamente a biodiversidade vegetal em torno das bacias hidrográficas. Segundo o estudo, dentro de uma determinada área, uma maior biodiversidade de culturas produz menos nitrogênio dissolvido na água circundante. A explicação para este fenômeno, diz Broussard, é difícil de avaliar.
Para os pesquisadores “os resultados também mostraram que, desde 1906, a média da concentração de nitrato nos rios e lagos aumentou o triplo em todo os EUA e dez vezes em Iowa, Des Moines e Minnesota, estados que se inserem fortemente no mocultivo.
Nas áreas onde a agricultura intensiva é reduzida ou inexistente, no entanto, os autores não encontraram nenhuma mudança perceptível em concentrações de nitrogênio dissolvido desde o início de 1900. Broussard acha que isso indica que os impactos podem ser reversíveis se mudanças políticas incluírem incentivos aos agricultores para rotacionar culturas, diminuir o tamanho de sua área em produção, aumentar as bordas dos campos e as dimensões das zonas de amortecimento, bem como incorporar gramíneas nativas perenes em fazendas e entre os campos .
O artigo “A century of changing land-use and water-quality relationships in the continental US“, publicado na revista Frontiers in Ecology and the Environment, está disponível para integral acesso no formato PDF. Abaixo informamos os links e o abstract.
A century of changing land-use and water-quality relationships in the continental US
Whitney Broussard, R Eugene Turner
Frontiers in Ecology and the Environment
Volume 0, Issue 0 ( ) pp.
doi: 10.1890/080085
[Abstract]
[PDF (611 KB)]
Abstract:
We quantify the relationships between riverine nitrate–nitrogen (NN) concentration and agricultural land use in the continental United States – from the early 1900s through the end of the last century – on spatial scales ranging from the entire Mississippi River Basin to 1000 km2 watersheds. Cropland cover is linearly related to the NN concentration that exits a watershed at both the beginning and end of the 20th century. In addition, the slope of the relationship is higher at the end of the century, and the intercept of the regression analysis is not different from zero. These findings imply that agriculture was already affecting NN export by the early 1900s, that intensive management practices in modern agriculture have significantly increased the NN export per hectare of cropland, and that the baseline of exported NN has not shifted. We identify agricultural practices, principally associated with corn cultivation, that contribute substantially to NN concentrations and suggest that increasing cropland diversity and perennial plant cover can reduce NN loading.
[EcoDebate, com informações da Ecological Society of America (ESA) , 13/02/2009]
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