Estudos avaliam os serviços ambientais prestados pelos ecossistemas, por Henrique Cortez
Serra dos Órgãos
[EcoDebate] Há muito que os ambientalistas defendem que o valor dos serviços ambientais prestados pelos ecossistemas devem ser considerados para fins de conservação e preservação. No entanto, até agora, os ecossistemas apenas são valorizados pelos recursos naturais que podem oferecer.
No entanto, a idéia de calcular o valor dos serviços ecossistêmicos para fins de conservação é um conceito promissor. Em uma edição especial da revista Frontiers in Ecology and the Environment, pesquisadores utilizam novas ferramentas para relatar alguns dos primeiros resultados quantificáveis que indicam os valores dos serviços da natureza para o homem.
A idéia de serviços “ecossistêmicos” ” identificando e quantificando os recursos e processos que a natureza proporciona para as pessoas – dá-nos um método para medir a contribuição da natureza para o bem-estar humano.
Alguns serviços ambientais são conhecidos, incluindo a polinização das culturas, mas podem ser destacadas as proteções contra inundações e tempestades, a “produção” de água, etc.
O principal desafio em relação a estes serviços é traduzir em algo com um valor mensurável.
É o que os pesquisadores tentam nesta edição especial da Frontiers in Ecology and the Environment.
Abaixo estão os artigos e os respectivos links para acesso integral, aos originais em inglês.
Guest Editorial
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Using science to assign value to nature
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Research Communications
4 |
Modeling multiple ecosystem services, biodiversity conservation, commodity production, and tradeoffs at landscape scales
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12 |
Integrating conservation and development in the field: implementing ecosystem service projects
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Reviews
21 |
Ecosystem services in decision making: time to deliver
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29 |
Non-linearity in ecosystem services: temporal and spatial variability in coastal protection
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38 |
Assessing benefit transfer for the valuation of ecosystem services
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46 |
Paying for environmental services from agricultural lands: an example from the northern Everglades
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Finishing Lines
60 |
Ecosystem services – out of the wilderness?
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[Por Henrique Cortez, do EcoDebate, 07/02/2009]
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Caros,
Precificar e converter os serviços ambientais em fluxo de renda transformando-o em desenvolvimento sustentável é o grande desafio dos biomas no nosso país. Quanto custará um bioma ? Li, recentemente, que o Pantanal vale US$ 112 milhões. Um hectare preservado do bioma vale entre US$ 8.100 e US$ 17.500/ano. O cálculo foi feito por André Steffens Moraes e apresentado em sua tese de doutorado. Ele considerou o valor da polinização feita por aves e insetos; o controle de erosão; a oferta e regulação de água ; produtos e serviços quando a vegetação tomba, entre outros fatores. Se houvesse uma mudança de paradigma em que a Amazônia, por exemplo, fosse preservada pelos serviços ambientais prestados, definindo-se para isto quem é o prestador e o beneficiário já poderíamos considerar meio caminho andado na direção da sustentabilidade. Mas, ao invés de se estudar cenários de floresta mantida em pé e outros cenários de uso do solo, extraem-se os produtos da floresta sem o real valor ao qual se deve chegar. O tema é bastante oportuno, pois a captação do valor dos serviços ambientais representa uma grande oportunidade de emprego e renda permitindo, concomitantemente, a preservação e conservação dos recursos naturais dos biomas brasileiros.
Um estudo feito pelo cientista Robert Costanza da Universidade de Maryland, apresenta o valor econômico de 17 serviços ambientais que o meio ambiente pode proporcionar em 16 diferentes biomas espalhados pelo mundo. O valor encontrado foi igual a US$ 33 trilhões ao ano. Ele contabilizou parcelas de regulação hídrica, de gases, climática e de distúrbios físicos, abastecimento d’água, controle de erosão e retenção de sedimentos, formação de solos, ciclo de nutrientes, tratamento de detritos, polinização, controle biológico, refúgios de fauna, produção de alimentos, matéria-prima, recursos genéticos, recreação e cultura. Se tivéssemos que responder à pergunta ” Qual o valor dos serviços ambientais prestados, mesmo que em escalas diferentes, por uma floresta ou um bioma, certamente diríamos que eles não têm preço ou têm valores incomensuráveis. Mas, se deixarmos de valorar os bens e serviços ambientais, o que era infinito poderá vir a ser finito e esgotável face à degradação exponencial dos recursos naturais. Tornou-se necessário, portanto, adotar métodos de valoração econômica do meio ambiente pela importância dos bens e serviços ambientais.Decisões, por exemplo, quanto ao uso e ocupação do solo envolve estimativas de valor. O grande desafio é valorar o mais próximo possível à modelagem concebida, considerando-se todas as possíveis parcelas dos serviços ambientais prestados. Aí entra o conceito de EMERGIA.
Emergia com M.
Apesar de citar os dezesseis serviços ambientais levantados pelo cientista Costanza, vejamos quantas parcelas entram na valoração de um determinado ecossistema de Restinga no Brasil: produtos madeireiros sustentáveis, não madeireiros,plantas
medicinais, material genético, lazer, turismo, educação ambiental, pesquisa científica, beleza cênica, pesca esportiva, ciclagem de nutrientes, proteção de bacias hidrográficas, regulação e suprimento das águas, redução na poluição atmosférica e sequestro de carbono, regulação atmosférica, funções climáticas, regulação do clima regional, formação do solo, controle de erosão, polinização, controle biológico, patrimônio cultural, biodiversidade, valor intrínseco ( reserva da biosfera ). Ao todo, 23 SA’s (serviços ambientais).
Será que o Costanza precisa de uma ajudinha ?
Nos dias atuais, para estimar se alguma coisa é viável economicamente devemos transformá-la em unidades de emergia (grafada com “m”) solar. Tem-se, no entanto, tentado adotar uma moeda realista mundial que contemple além da energia incorporada, o custo ambiental, ou seja, o custo por se conseguir reverter a poluição, por exemplo. Ainda não chegamos lá. A moeda deveria considerar todas as externalidades para tornar nossas civilizações sustentáveis e perenes. Neste novo paradigma, as florestas não precisariam ser derrubadas porque seu valor econômico de floresta em pé remunera muito mais do que a árvore no chão.
Seria bem mais fácil raciocinar dessa forma para que houvesse uma continuação do emprego e renda pela existência permanente do recurso natural.