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Irrigação noturna usa menos energia, com mais produtividade

Agricultor conta com incentivo para instalar sistema; irrigar plantação à noite também garante resultados melhores em locais castigados pela seca.

Aproveitar o período noturno para irrigar a lavoura pode ser uma alternativa economicamente vantajosa para o produtor rural, tanto no que tange ao aumento da produção como na diminuição dos gastos com energia. Além disso, a irrigação noturna ainda é ambientalmente sustentável, garantindo plantações mais fortes e diminuição no uso de agrotóxicos. Matéria de Flávio Laginski, do Estado do Paraná, 25/01/2009.

No Paraná, o agricultor familiar conta com um programa de incentivo específico para isso. Trata-se do Programa de Irrigação Noturna (PIN), que conta com a parceria da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) e do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR). O PIN existe há quatro anos, conta com 1.651 inscritos e atende a 868 produtores rurais.

De acordo com o coordenador do programa, José Tarciso Fialho, o PIN atende apenas ao agricultor familiar, que deseja irrigar a plantação das 21h30 até as 6h30. Como forma de incentivo, o pequeno produtor ganha também desconto de 60% na tarifa de energia elétrica. “Esse programa tem ajudado muito o produtor. Muitos deles, que utilizavam combustível fóssil para alimentar seus geradores, estão trocando pela energia elétrica, que é mais limpa e mais barata, chegando a ter uma redução de gastos de até 20%”, diz.

Caso não haja energia elétrica na propriedade, Fialho explica que o produtor recebe gratuitamente 200 metros de rede trifásica para instalação. “Eles recebem toda a orientação para poder colocar a rede elétrica. No caso do agricultor que possui uma rede monofásica e deseja entrar para o PIN, ele ganha 600 metros de rede e, caso exceda essa quantidade, recebe um desconto de 50% junto à Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel).”

O aumento na produtividade é outro fator que vem atraindo os pequenos agricultores. Fialho conta que em diversos casos a produção da propriedade cresceu, porém, é difícil quantificar o aumento. “Depende muito do que se produz. Em algumas culturas, houve crescimento de 20%, 30%. Outros, como a cebola, tiveram 50%, 70% de aumento da produção”, calcula. De acordo com o coordenador, nas regiões onde a seca foi mais forte, os produtores adeptos do programa conseguiram uma boa safra.

Economia de água favorece meio ambiente

A irrigação noturna serve também como alternativa para poupar o meio ambiente. “As plantas ficam mais fortes e evita-se o uso excessivo de agrotóxicos. Além disso, verifica-se menor consumo de água, utilizando-a apenas nos pontos necessários”, conta o coordenador do Programa de Irrigação Noturna (PIN), José Tarciso Fialho.

Porém, o programa não visa ao fim e é um meio para se obter melhores resultados. “Nós queremos que a irrigação seja um braço para o agricultor familiar. Por exemplo, produtores de gado leiteiro podem usar o programa para molhar as pastagens e fazer com que o alimento do gado seja melhor e mais fresco, aumentando a produção”, afirma.

As regiões que mais se beneficiam do PIN são Curitiba e Região Metropolitana, Londrina e região, Maringá e Cascavel. “O PIN tem se mostrado interessante para quem trabalha com olericultura, café, gado leiteiro e fruticultura. São nesses locais que essas culturas são mais fortes.” A meta, agora, é aumentar a adesão dos produtores ao programa, chegando a três mil participantes até o final de 2010. “Para fazer parte do programa, é necessário procurar o Emater e realizar um curso. Os técnicos dão toda a assistência técnica para o produtor”, instrui.

Usuários veem vantagens em programa

Um dos exemplos de como o Programa de Irrigação Noturna tem dados bons resultados é na propriedade de Antônio Cavassin e Sueli Cavassin, no município de Colombo, Região Metropolitana de Curitiba. Embora tenham aderido recentemente ao programa, a propriedade já registra aumento considerável na área plantada e na produção. “Nós plantamos salsão, alho-poró, salsinha e repolho roxo. Antes da irrigação noturna, a área plantada era menor. Hoje, acredito que a aumentamos em 20%”, diz Sueli.

Ela conta que o interesse em fazer parte do PIN surgiu quando conversaram com técnicos do Emater. “Queríamos aumentar a produção da nossa terra e não sabíamos como fazer isso. O técnico do Emater, então, sugeriu que a irrigação noturna poderia ser uma boa opção. Adotamos essa idéia há dois meses e estamos gostando”, acrescenta.

Além do aumento da produção, o benefício de ter desconto em energia elétrica chamou a atenção do casal. “Embora tenhamos aderido muito recentemente ao programa, esperamos que a tarifa de energia elétrica saia mais em conta. Por enquanto, a adesão ao programa de irrigação noturna se mostrou uma ótima alternativa para a gente”, conclui a agricultora.

[EcoDebate, 27/01/2009]

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