Medicamentos à base de cannabis podem ajudar no tratamento de doenças perigosas
Assunto virou destaque após aprovação do uso, feito por órgão governamental
Por Lola Dias
No início do mês de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aprovou a regulamentação de medicamentos à base de cannabis, planta de onde é derivada a maconha. A partir daí muitas dúvidas começaram a surgir, além de notícias falsas sobre a legalização da droga.
Ao contrário dessas afirmações, a agência reguladora propôs uma série de medidas que garantem aos pacientes o uso controlado desses medicamentos, ao mesmo tempo em que se manteve a preocupação para que a comercialização ilegal para uso pessoal não aumente.
Para o coordenador do curso de Biomedicina do Centro Universitário Internacional Uninter, Benisio Ferreira da Silva Filho, o uso do elemento em medicamentos é seguro, pois “estudos feitos observaram bons resultados e segurança, não havendo motivo para preocupação’’.
Anteriormente à aprovação da Anvisa, o paciente que fizesse uso de medicamentos à base de cannabis precisava preencher um formulário no site da instituição, além de apresentar um relatório e receita médica, importar o produto e gastar até R$ 1 mil por mês para os tratamentos. Agora, é possível comprar os medicamentos diretamente em farmácias que têm o Certificado de Boas Práticas de Fabricação (emitido pela Anvisa), a autorização especial para o funcionamento do estabelecimento, documentação técnica da qualidade dos produtos e condições operacionais para realizar análises de controle de qualidade dos produtos em território brasileiro.
De acordo com o coordenador do curso de Farmácia da Uninter, Vinícius Bednarczuk de Oliveira, quem ganha com a nova decisão é o país. ‘‘Em termos de saúde pública, o Brasil ganha com a produção de produtos de melhor qualidade e que respeitam uma legislação vigente’’, afirma.
Aos que ainda têm medo de um vício nas substâncias, Filho garante que não há essa possibilidade por meio dos medicamentos. Segundo ele, as centenas de estudos já realizados mostram que o canabidiol — substância derivada da cannabis — não apresenta resultados de dependência química.
‘‘Pesquisas apontam benefícios para Parkinson, Huntington (doença degenerativa de células neurais) e esquizofrenia, com diminuição significativa de seus sinais e quadros clínicos. Foram observadas ainda melhoras em quadros de diabetes, epilepsia e Alzheimer. Além disso, a substância também minimiza efeitos colaterais da quimioterapia’’, conta.
Para os coordenadores, a regulamentação e liberação da compra e venda em farmácias e drogarias do país já são o primeiro passo para a melhoria da saúde pública, mas ainda faltam alguns pontos para que o brasileiro possa ter mais acesso aos medicamentos à base de cannabis.
‘‘Precisamos informar a população que existem benefícios tanto em permitir a importação, mas, principalmente, em liberar o cultivo e a produção nacional, diminuindo os custos e beneficiando um número maior de pessoas’’, acredita Silva Filho.
‘‘A liberação vai garantir facilidade de acesso e produtos de qualidade. Além disso, o próximo grande passo é garantir produtos com preços mais baixos e que atendam o consumidor que necessita destes medicamentos’’, complementa Oliveira.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 03/01/2020
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