Pesquisa identifica aumento da mortalidade entre idosos afetados pelo furacão Katrina, por Henrique Cortez
Nova Orleans debaixo d’água. Foto da Wikipédia
[EcoDebate] No ano seguinte o furacão Katrina, a saúde dos sobreviventes, com 65 anos ou mais, piorou mais de 4 vezes em relação a de uma amostra nacional de adultos mais velhos não afetados pelo desastre, de acordo com um estudo [Health of Medicare Advantage Plan Enrollees at 1 Year After Hurricane Katrina] conduzido por pesquisadores do Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health.
O furacão Katrina, um dos mais poderosos e mortais furacões da história dos EUA, desabrigou milhares de pessoas e desorganizou severamente os serviços de saúde. deslocadas e gravemente perturbada acesso aos cuidados de saúde. De acordo com os pesquisadores as taxas de mortalidade aumentaram 12,6% em comparação com 3,4% da amostra nacional. Os resultados foram publicados na edição de janeiro do The American Journal of Managed Care.
“No ano seguinte ao furacão Katrina, a mortalidade aumentou substancialmente”, disse Lynda Burton, SCD, principal autora do estudo e professora adjunta do Departamento de Política e Gestão da Escola Bloomberg de Saúde. “As taxas de mortalidade entre os não-brancos moradores de Orleans foram os mais elevados, quando comparados a outras regiões, e houve um aumento significativo na prevalência de pacientes com diagnósticos cardíacos, insuficiência cardíaca e problemas do sono. ”
Os pesquisadores descobriram que as visitas às emergências medicas aumentaram 100% no mês seguinte ao Katrina e 21%, em média, no ano seguinte, com comparação com as taxas anuais pré-Katrina.
As taxas de hospitalização aumentaram 66% no primeiro mês após o Katrina e mantiveram uma média 23% superior durante o ano subsequente.
Mediante pesquisa telefônica, o estudo analisou também a saúde de uma amostra aleatória atingidos pelo furacão. Os pesquisadores acreditam que o deslocamento desempenhou um importante papel na saúde das pessoas. Sessenta e nove% relataram dano moderado ou grave à sua casa, incluindo os casos em que a casa foi destruída. No final do ano, 28% relataram que a sua residência se manteve inabitável e outros 28% relataram piora na situação financeira pessoal e familiar.
“A enorme carga na saúde vivenciada por indivíduos mais velhos e as perturbações na utilização dos serviços de saúde revelam os efeitos de longo prazo do furacão Katrina sobre a população vulnerável”, diz Jonathan Weiner, DrPH, autor sênior do estudo e diretor da Escola Bloomberg do Programa de Doutoramento Pesquisa sobre Serviços de Saúde e Política. Segundo ele, “novas políticas devem ser introduzidas para lidar com as consequências para a saúde de uma catástrofe de grandes proporções.”
Este é um estudo a ser avaliado com atenção, tendo em vista que, também no Brasil, está aumentando a frequencia dos desastres naturais, tais como o Furacão Catarina e as recentes enchentes em Santa Catarina.
O artigo “Health of Medicare Advantage Plan Enrollees at 1 Year After Hurricane Katrina” de Lynda C. Burton, Elizabeth A. Skinner, Lori Uscher-Pines, Richard Lieberman, Bruce Leff, Rebecca Clark, Qilu Yu, Klaus Lemke, e Jonathan P. Weiner, está disponível para livre acesso.
Para acessar o artigo, no formato HTML, clique aqui.
Abaixo transcrevemos o abstract:
Health of Medicare Advantage Plan Enrollees at 1 Year After Hurricane Katrina
American Journal of Managed Care, Volume 15:13-22 January 2009 Number 1
Lynda C. Burton, ScD; Elizabeth A. Skinner, MSW; Lori Uscher-Pines, PhD; Richard Lieberman, BA; Bruce Leff, MD; Rebecca Clark, BA; Qilu Yu, PhD; Klaus W. Lemke, PhD; and Jonathan P. Weiner, DrPH
Objective: To assess the effects of Hurricane Katrina on mortality, morbidity, disease prevalence, and service utilization during 1 year in a cohort of 20,612 older adults who were living in New Orleans, Louisiana, before the disaster and who were enrolled in a managed care organization (MCO).
Study Design: Observational study comparing mortality, morbidity, and service use for 1 year before and after Hurricane Katrina, augmented by a stratified random sample of 303 enrollees who participated in a telephone survey after Hurricane Katrina.
Methods: Sources of data for health and service use were MCO claims. Mortality was based on reports to the MCO from the Centers for Medicare & Medicaid Services; morbidity was measured using adjusted clinical groups case-mix methods derived from diagnoses in ambulatory and hospital claims data.
Results: Mortality in the year following Hurricane Katrina was not significantly elevated (4.3% before vs 4.9% after the hurricane). However, overall morbidity increased by 12.6% (P <.001) compared with a 3.4% increase among a national sample of Medicare managed care enrollees. Nonwhite subjects from Orleans Parish experienced a morbidity increase of 15.9% (P <.001). The prevalence of numerous treated medical conditions increased, and emergency department visits and hospitalizations remained significantly elevated during the year.
Conclusions: The enormous health burden experienced by older individuals and the disruptions in service utilization reveal the long-term effects of Hurricane Katrina on this vulnerable population. Although quick rebuilding of the provider network may have attenuated more severe health outcomes for this managed care population, new policies must be introduced to deal with the health consequences of a major disaster.
(Am J Manag Care. 2009;15(1):13-22)
[Matéria de Henrique Cortez, do EcoDebate, com informações de Natalie Wood-Wright, Johns Hopkins University Bloomberg School of Public Health]
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