Óleo no mar, artigo de Montserrat Martins
[EcoDebate] os nossos 8.000 km de costa marítima, o Brasil tem um mar territorial (as 200 milhas a partir da costa) tão vasto e rico em biodiversidade que é chamado de “Amazônia Azul” pela Marinha. Se bem exploradas, suas riquezas são incalculáveis, mas hoje enfrenta problemas, como a sobrepesca e o sub-aparelhamento da Marinha.
As manchas de óleo que invadem agora nosso litoral, do Maranhão até a Bahia, expõe a fragilidade do controle sobre nosso mar territorial. Confesso que desconfiei das explicações oficiais, de que o petróleo provinha de alguma embarcação provavelmente venezuelana, cheguei a fazer um post no Facebook levantando dúvidas: não é muito óleo para um navio só, não poderia haver algum vazamento em plataforma marítima, que estão nos escondendo?
Falando com Engenheiro da Petrobras, vim a saber que um navio pode transportar mais de 100 mil toneladas de petróleo, enquanto a parte de óleo retirada das praias nordestinas até agora foi em torno de 2.000 toneladas. Garante o engenheiro que a possibilidade de vazamento de alguma plataforma marítima é zero e confirma que a composição desse óleo é mesmo a produzida na Venezuela. Eu desconfiaria da explicação se viesse de um adepto fervoroso do governo, mas não é o caso, a informação provém de um profissional isento.
A hipótese dos especialistas é que tenha ocorrido derramamento numa operação de transferência de um navio para outro (“ship to ship”), que é proibida de ser feita em algo mar porque, sendo análoga a transferir gasolina de um carro para outro usando uma mangueira, tem justamente esse risco de vazamento. Seria provavelmente, portanto, algum negócio clandestino.
Mas como explicar que a origem exata, o navio e o ponto de derramamento de óleo, não tenham sido identificados até hoje, com tanta tecnologia existente? Segundo o engenheiro, o óleo não fica na superfície, em sua maior parte, mas sim na correnteza abaixo dela, o que dificulta o reconhecimento das manchas em alto mar.
Por fim, perguntei se o governo brasileiro poderia ter pedido ajuda a outros países, na identificação da origem desse óleo, se uma catástrofe ambiental dessa magnitude não mereceria um esforço maior para identificar e conter os danos. Não tive mais respostas, o engenheiro respondera as informações técnicas, não responderia as questões políticas.
A pergunta que não quer calar é porque, com os graves problemas das mineradoras, da Amazônia, e agora do óleo, o que falta para que os problemas ambientais sejam reconhecidos como uma das prioridades nacionais? A ONU criou o conceito de “desenvolvimento sustentável” porque o futuro da economia depende de riquezas naturais, água e biodiversidade inclusive.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 28/10/2019
[cite]
PUBLICIDADE / CONTEÚDO RELACIONADO
[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate, ISSN 2446-9394,
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta enviar um email para newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.
Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate
Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.