EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Artigo

O Programa Hortas Cariocas e a importância socioambiental da agricultura urbana, artigo de Carlos Favoreto

 

Horta comunitária no Morro da Formiga, na Tijuca, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, faz parte do Projeto Hortas Cariocas Tomaz Silva/Agência Brasil
Horta comunitária no Morro da Formiga, na Tijuca, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, faz parte do Projeto Hortas Cariocas. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

 

[EcoDebate] Agricultura urbana, embora pouco conhecida e aplicada no Brasil, não é um conceito novo. Existente há décadas, aproveita espaços urbanos ociosos ou subaproveitados, para produção agrícola comunitária, em especial a horticultura.

Na definição da FAO, a horticultura urbana e periurbana proporciona meios de subsistência resistentes a crises econômicas e aumentos nos preços dos alimentos e contribui para o desenvolvimento econômico das cidades.

A urbanização segue acelerada em escala global, reduzindo a população no campo e distanciando a produção agropecuária da população consumidora,

Na prática, isto aumenta os custos de produção e distribuição, ao mesmo tempo em que aumenta as emissões de CO2 ao longo da cadeia produtiva.

Outra questão a ser considerada é que a produção de alimentos é, atualmente, mais do que suficiente para toda a população, mas a fome ainda persiste, não porque há uma crise de alimentos, mas porque uma parte significativa da população não possui renda para acesso aos alimentos disponíveis.

Neste cenário, é necessário incentivar a produção local, facilitando o acesso, reduzindo custos e mitigando as emissões de CO2 da produção de alimentos. E a agricultura urbana é uma alternativa importante.

Relativamente simples e de baixo custo, a agricultura urbana apresenta resultados muito positivos, na organização da participação social, na segurança alimentar e, até mesmo, na redução das emissões de CO2, na medida em que a produção local, reduz as emissões relativas ao transporte, processamento e distribuição.

Sua vocação para a agricultura orgânica, de base agroecológica, torna-se um destaque a mais nas horas urbanas, tendo em vista que a produção não utiliza agroquímicos, potencialmente prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.

O programa Hortas Cariocas, implementado na cidade do Rio de Janeiro, em terrenos ociosos, próximos de comunidades, é um exemplo de destaque, reconhecido internacionalmente.

No caso do programa carioca, além de contribuir para a segurança alimentar, do entorno da horta comunitária, também há o incentivo à geração de emprego e renda.

O Hortas Cariocas, administrado pela ECP Environmental Solutions em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SMAC, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, recebeu em Montpellier, na França, o prêmio de menção honrosa na categoria Food Production  (Sistemas Alimentares Urbanos). O programa concorreu com 104 candidaturas das principais cidades signatárias do Pacto de Milão.

Em todas as grandes cidades existem inúmeros terrenos ociosos ou subutilizados que estão aptos à produção de produtos hortifrutigranjeiros. Sua utilização e conversão em espaços produtivos pode e deve ser incentivada pelo poder público.

Na realidade, a agricultura urbana deveria ser uma política pública, de longo prazo, inclusive com o eventual excedente de produção adquirido pelas prefeituras para a merenda escolar do entorno da horta comunitária.

A iniciativa também deve ser incentivada e financiada pelas empresas, tanto em seus programas de responsabilidade social, como nas medidas compensatórias, decorrentes de seus processos de licenciamento ambiental.

Então por que não? Por que a agricultura urbana ainda não se firmou como política pública, apoiada e financiada pela iniciativa privada? Não existem motivos racionais e é isto que questionamos.

O Programa Hortas Cariocas é um exemplo de sucesso, demonstrando sua importância e a eficácia da união dos esforços públicos e privados.

Os gestores públicos e os empresários podem e devem abraçar esta causa. Motivos e benefícios não faltam. Falta querer.

Carlos Favoreto – Eng Agrônomo – Diretor Executivo da ECP Environmental Solutions
Pós-graduado em Ciências Ambientais
Prof. dos Cursos de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Gestão Ambiental e Auditoria e Perícia Ambiental

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/10/2019

[cite]

 

PUBLICIDADE / CONTEÚDO RELACIONADO



 

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate, ISSN 2446-9394,

Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta enviar um email para newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate

Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.