Manejo Integrado de Pragas, artigo de Roberto Naime
Manejo Integrado de Pragas, artigo de Roberto Naime
O manejo integrado de pragas e doenças é um planejamento de controle múltiplo de infestações, que se fundamenta no controle ecológico e nos fatores de mortalidade naturais procurando desenvolver táticas de controle que não interfiram com esses fatores, com o objetivo de diminuir as chances dos insetos ou doenças de se adaptarem a alguma prática defensiva.
Quando bem empregada, a técnica do Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIP) limita os efeitos potenciais prejudiciais dos pesticidas químicos à saúde pública e ao ambiente natural.
O objetivo dessa estratégia não é o de eliminar as pragas, mas reduzir sua população de modo a permitir que seus inimigos naturais permaneçam na plantação agindo sobre suas presas favorecendo a volta do equilíbrio natural desfeito pela plantação e pelo uso de defensivos agrícolas.
Requerem o entendimento holístico do sistema da plantação como um todo e o conhecimento das inter-relações ecológicas entre os insetos agressores, seus inimigos naturais e o ambiente onde está a plantação está inserida.
A decisão de tomada de uma ação contra a infestação de insetos e outros agressores ou doenças requer o entendimento do nível de tolerância da plantação sem refletir em perda econômica substancial. Para tanto, é necessário o acompanhamento e a pesquisa na plantação para estimar o grau de abundância e severidade da infestação.
As táticas usuais recomendadas do Manejo Integrado de Pragas são inicialmente, o uso de sementes resistentes. Algumas variedades de plantas desenvolveram mecanismos de defesa e se tornaram resistentes ou tolerantes, repelem ou se tornam menos preferidas pelas infestações.
As vantagens desta tática incluem a facilidade de uso, compatibilidade com outras táticas de controle de pragas, baixo custo e impacto cumulativo sobre a praga com mínimo impacto ambiental negativo.
O desenvolvimento de variedades de soja tolerantes a pragas requer tempo e investimentos consideráveis, e nem sempre as resistências obtidas se tornam permanentes.
Depois o MIP recomenda controle através de práticas agrícolas. A adoção de certas práticas agrícolas torna o plantio menos favorável às infestações.
Exemplos incluem a rotação de culturas, seleção de áreas de plantio, plantio de culturas-armadilhas, e ajuste do plantio e colheita na época menos favorável às infestações.
Prossegue com controle físico e mecânico, com o uso de barreiras físicas, como valas e coberturas plásticas, dificultando a locomoção dos insetos para a plantação. Outras técnicas apropriadas incluem o uso de armadilhas plásticas e fitas adesivas, dentre outras.
Depois o biocontrole ou controle biológico, pelo que se entende, é o uso de produtos químicos que ocorrem naturalmente ou de organismos benéficos para prevenir, reduzir ou erradicar a infestação de pragas e doenças nas plantações, inclusive ervas daninhas.
No caso dos organismos se busca atrair ou introduzir na plantação inimigos naturais da praga ou doença; podem ser usados insetos, vírus,
protozoários, fungos ou bactérias como predadores, parasitas, agentes patogênicos, ou introduzir machos da espécie daninha esterilizados.
Algumas vantagens estão relacionadas com a redução de acidentes ambientais e segurança pública provocados pelo uso de agrotóxicos, como alternativa econômica para certos inseticidas, na prevenção de perdas econômicas de plantações, menor impacto ambiental e na qualidade da água.
As principais desvantagens estão relacionadas com a necessidade de melhor planejamento e gestão intensiva da cultura, toma mais tempo, às vezes os custos são superiores ao uso de defensivos agrícolas, requer paciência e sistema de acompanhamento e registros, e educação e treinamento.
Por último, o controle químico, que é usado somente quando as táticas anteriores se mostraram ineficazes para controlar a infestação na plantação. Então o uso de defensivos agrícolas se torna justificável.
Em muitas plantações, inseticidas e herbicidas ainda são os principais meios de controle de pragas e apresentam suas vantagens, são relativamente baratos e fáceis de aplicar, transportar e são versáteis, pois podem ser apresentados em diferentes formas, como pós, aerossóis, líquidos, granulados, iscas, e de liberação lenta.
Inseticidas são classificados por diferentes modos, mas prevalece o ingrediente ativo, como organofosforados, piretróides e outros.
Há também as categorias convencional e biorracional. Na primeira, o espectro de ação do pesticida é bastante amplo enquanto que na segunda prevalece a especialização da ação, seja ela nos hábitos de alimentação como nos estágios de vida da infestação.
A categoria de defensivos bio-racionais é menos agressiva. Novas tecnologias de aplicação nas chamadas agriculturas de precisão, aliam a aplicação de defensivos e insumos necessários com alta tecnologia de sensoriamento remoto e uso de GIS (Geographic Information System).
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Aposentado do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
Referência:
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 18/06/2019
[cite]
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