Mercantilização ambiental, Parte 1/4, artigo de Roberto Naime
Mercantilização ambiental, Parte 1/4, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] Paulo Kliass aborda a mercantilização ambiental no site cartamaior.
A História da humanidade está marcada por um processo contínuo e crescente de desenvolvimento das forças produtivas e de avanço do ser humano sobre o espaço natural.
E isso se deu desde os primeiros registros de organização social, ainda sob a forma de coletores ou caçadores até o quadro atual de atividades que colocam em risco a sobrevivência do planeta e da própria espécie.
Dessa foram se sucedendo os saltos propiciados pela evolução das sucessivas formações sociais e pelo desenvolvimento técnico-científico. Fixação territorial das comunidades e início das atividades de agricultura e pastoreio, marcando o início dessa exploração e conquista do homem sobre a natureza.
Domínio de técnicas para geração de energia a partir de recursos naturais, no caso o fogo. Consolidação de grupos sociais vivendo em espaços urbanos, afastados dos processos associados à produção de alimentos.
As descobertas de novas formas de geração de energia, por geração hidráulica, inovações para aumento da produtividade agrícola e início do processo de transformação produtiva, então sob a forma artesanal.
A utilização em escala crescente dos bens da natureza para consolidar as bases estruturais da sociedade, como os minerais e a madeira para construir ferramentas, bens de uso, meios de transporte, residências, palácios, monumentos, estradas e outros.
Uma mudança de qualidade nesse processo foi a inovação tecnológica que veio a propiciar a evolução da manufatura e o advento da produção em escala industrial.
O desenvolvimento científico revolucionou setores fundamentais como saúde e transportes, possibilitando a redução da mortalidade, o aumento populacional e o deslocamento de bens e pessoas nas regiões e entre continentes.
As descobertas relativas às fontes de energia de combustível fóssil, como carvão e petróleo, impulsionaram a conquista do homem sobre a natureza, exatamente no momento em que o modo consumista de produção se afirmava como hegemônico em escala global.
Produção e consumo em massa se assentavam sobre o modelo colonialista em expansão, onde os países europeus imprimiam a marca da super exploração dos recursos humanos e naturais dos demais continentes.
Com exceção das populações tradicionais que conviviam em harmonia com a natureza e isoladas do ímpeto do chamado “progresso”, o avanço do modelo capitalista de espoliação do espaço natural não encontrava barreiras.
Por outro lado, as próprias experiências socialistas do século XX não buscaram alternativas que não estivessem baseadas no extrativismo e no produtivismo exacerbados.
Tudo ocorre como se o processo civilizatório fosse sinônimo de avanço irracional da sociedade humana sobre o espaço natural.
Os resultados mais recentes desse processo milenar estão mais do que conhecidos. O fato é que apenas ao longo das últimas décadas os riscos de sobrevivência do planeta começaram a se tornar mais evidentes e aceitos.
Poluição generalizada e devastadora, aquecimento global, elevação do nível dos oceanos, desastres nucleares, efeitos perversos do uso indiscriminado de agrotóxicos e fertilizantes, incapacidade de dar conta de resíduos sólidos, consequências negativas e desconhecidas a respeito do uso de transgênicos e aprofundamento da falta de água.
Esses fenômenos causados pela ação direta do homem se aliam à dinâmica própria de alteração dos ecossistemas e as consequências se tornam ainda mais imprevisíveis.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
Referência:
http://cartamaior.com.br/?/Coluna/Economia-verde-e-mercantilizacao-do-Meio-Ambiente/26817
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/03/2019
[cite]
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