Frida, as formigas e 2019, artigo de Montserrat Martins
[EcoDebate] Frida Kahlo era casada com o pintor Diego Rivera, amigo do Trotsky e os dois ‘pegavam’ a Frida.
– A Frida pegava os dois, você quer dizer.
– Isso.
Meu amigo me contava a série que passa na TV sobre a vida de Trotsky, que após a vitória da Revolução Russa foi promover a “revolução permanente” em outros países até ser morto no México a mando de Stálin. Qual a relevância de histórias do século passado para o 2019 que se inicia?
Uma fila de formigas subia carregando folhas imensas, em relação ao tamanho delas, trabalhando de modo disciplinado, num esforço conjunto com dedicação individual.
– Cara, olha o tamanho dessas folhas!
– Mas não devem ser folhas pesadas.
– Mesmo assim, tem vento e são muito maiores do que elas!
Meu amigo sociólogo não estava interessado nas formigas e eu me esforcei para me interessar pela política. E o sucesso da China?
– Foi com a abertura da economia, eles tem um Capitalismo de Estado, tem propriedade privada, apesar do controle político estatal.
O mundo é cada vez mais governado pelo pragmatismo econômico, a política terá relevância ante a economia?
Lembrei do meu pai, um observador atento da natureza. Tínhamos um quintal com muitas árvores frutíferas, meu pai se criou no interior, sabia plantar, entendia de animais também, assistia National Geographic.
As verdades da natureza parecem mais consistentes. O ser humano pode querer revolucionar o mundo, mas é inegavelmente instintivo, luta pela sobrevivência antes de tudo.Em 2019 as pessoas vão continuar brigando por política, mas o pano de fundo dessa briga é “em que mundo eu me sinto mais seguro?”.
A natureza tem histórias fantásticas, que não canso de contar. A do engenheiro que estava na Amazônia com sua equipe e foi alertado pelo pescador que as margens do rio iam subir com as chuvas.
– Obrigado, mas nossos equipamentos não indicam chuva.
De madrugada tiveram de erguer acampamento, com chuva torrencial e o rio transbordando. O engenheiro ficou intrigado. Quando voltou a ver o pescador, quis saber como ele podia saber algo que os instrumentos não detectaram? O pescador explicou que as formigas estavam se mudando do formigueiro de baixo para o de cima, o que elas sempre fazem quando vai chover, e que esse “instrumento” não falha nunca.
Em 2019, se meus instrumentos não falham, as pessoas vão se guiar mais por seus instintos do que pelas teorias. Tudo indica um ano pragmático. E a revolução dos costumes já aconteceu, Frida virou meme
Montserrat Martins, Colunista do EcoDebate, é Psiquiatra, autor de “Em busca da alma do Brasil”.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/01/2019
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Monserrat Martins, neste artigo você se excedeu.
O ecologista cedeu lugar ao literato.
Parabéns!