Ser humano e ecossistema, artigo de Roberto Naime
Ser humano e ecossistema, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] Antônio Leal Aidar elabora instigante reflexão no site da revista ecológica sobre as relações do indivíduo humano com o ecossistema.
Se levarmos em conta que ser do ecossistema é fazer parte de seu equilíbrio, então a resposta é negativa.
E isso explica sua importância. Por que, então, o ser humano não faz parte do ecossistema. Deveria fazer e já fez quando era um indivíduo menos complexo. Mas hoje causa desequilíbrios e destruição.
Por isso se sabe que apenas leis e normas não vão resolver os problemas, embora sejam relevantes. A civilização humana determinará nova autopoiese sistêmica, na acepção livre da concepção de Niklas Luhmann e Ulrich Beck.
Contemplando a solução dos maiores problemas e contradições exibidas pelo atual arranjo de equilíbrio. Que é um sistema instável, muito frágil e vulnerável. Para sua própria sobrevivência, o “sistema” vai acabar impondo uma nova metamorfose efetiva.
E graças a ação humana, o planeta está pedindo socorro. Parece que quando o ser humano surgiu no planeta sua condição era a de hominídeo irracional e, portanto ele estava integrado ao ecossistema, fazia parte dele como qualquer outro mamífero.
Mas a partir do domínio da inteligência, criou uma concepção de dominar a natureza. E deste determinado momento, esse hominídeo foi modificado, ganhando cada vez mais a condição de raciocinar, e isto mudou completamente a história.
Quem fez essa mudança e porquê, talvez nunca se saiba de verdade. Mas esse fato criou uma espécie nova, em condições de subjugar todas as outras e interferir de forma contundente na natureza a ponto de quebrar seu equilíbrio.
Estamos no planeta Terra, mas não fazemos parte dele, de sua natureza.
Wolf Paul da Universidade de Frankfurt contesta com sobrados argumentos os caminhos que tem tomado o direito ambiental e o próprio convívio com a natureza. Ele denomina de irresponsabilidade organizada esta situação e identifica que o direito tem se prestado para tornar o Direito Ambiental meramente simbólico.
Ele manifesta que o pensamento jurídico precisa evoluir do antropocentrismo para o ecocentrismo.
Não se pode mais conviver com uma simbologia que produz pérolas, ao ficar discutindo se lobos marinhos, leões-marinhos e focas, afetados por despejos de resíduos no mar do norte, tem personalidade jurídica ou não, se devem ou não ser classificados como coisas pelos pandecistas.
E além de recusar a ação, condenando os responsáveis pela atitude, atribuir o pagamento de custas aos demandantes entendidos como lobos marinhos, leões marinhos e focas.
O ser humano está cavando a própria sepultura, porque na verdade não é totalmente racional. O que nos falta em racionalidade gera a falsa sensação de controle sobre nossas vidas.
Alguma coisa está para mudar. Isto é o que se chama autopoiese dentro de uma acepção livre do que é o delicado equilíbrio estabelecido no que se denomina sistema social. Mas está no ar, que algo vai mudar e essa mudança colocará a civilização humana em nova trajetória.
Não vai ser fácil descer do pedestal que a civilização humana antropocêntrica construiu.
A verdade libertará todas as nossas vítimas. Mas vamos perder o comando e dividir com cada ser vivo. E será a única forma de sobrevivência do ser humano.
Referência:
http://www.revistaecologica.com/o-ser-humano-e-parte-da-natureza-do-ecossistema/
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 05/07/2018
[cite]
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Se o entendimento desta linha de raciocínio não for imediato, para que tomemos as iniciativas “racionais”, o colapso econômico civilizado será inevitável, o próprio apocalipse. Nos resta pouco tempo para uma extinção humana programada (morte natural e assistida dos humanos já nascidos) Tenho algumas matérias (mal escritas) sobre esse mesmo tema, e muita vontade e urgência de desenvolver. NATALIDADE ZERO JÁ https://www.facebook.com/groups/1255894271103501/
Caríssimo Roberto Naime
Sempre que posso leio seus textos, sempre muito instrutivos. Mas dessa vez vc foi para interface – e a ecologia tem 1001 (ou infinitas) interfaces – com a filosofia, com quem o criador da expressão ‘ecologia’, o pesquisador alemão Ernest Haeckel também namorou muito. Descobri tardiamente que, como eu desde jovem, tinha uma concepção monista do universo. Chegou até a escrever um opúsculo sobre o monista segundo sua visão.
Na visão monista o Universo é um só. formam um todo único e todas as partes se inter-relacionam. Não existem duas realidades – p.ex. material e espiritual – radicalmente separadas. Nesse sentido e resumindo a ‘conversa’, o ser humano é parte da natureza. Sua forma de agir dentro da natureza produzirá efeitos diversos, e entre eles, até mesmo criar as condições para sua própria extinção. Vc já deve ter ouvido falar em ‘suicídio ecológico’, quando algumas colônias de bactérias se multiplicam até um ponto em que um ácido que elas produzem atingem um grau de acidez que TODAS soçobram. A natureza é vida. Mas tb é morte e destruição
Podemos acabar com as condições que propiciaram nossa criação e desenvolvimento, mas nunca acabaremos com a natureza.. Penso que nossa espécie – como cada um de nós individualmente – em algum momento deve também desaparecer dando origem a novas formas de vida. Assim como nos organizamos para viver eternamente, paradoxalmente tendo certeza de que somos mortais; o mesmo temos que agir enquanto espécie: lutar pela nossa sobrevivência, que só se dará se garantirmos a sobrevivência do conjunto dos ecossistemas terrestres: a biosfera.
Um gde e ftn abç
Paulo Mancini
Haeckel também foi um ardoroso evolucionista, divulgador da obra de Darwin,
Conheço tuas observações que são pertinentes…grande abs Paulo…grande abs Luiz Claudio…
RNaime