Cidades de São Paulo onde os evangélicos ultrapassaram os católicos, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
Cidades de São Paulo onde os evangélicos ultrapassaram os católicos, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
O Brasil está passando por uma grande transição religiosa que se manifesta em 4 aspectos: Declínio absoluto e relativo das filiações católicas; Aumento acelerado das filiações evangélicas (com diversificação das denominações e aumento dos evangélicos não institucionalizados); Crescimento lento do percentual das religiões não cristãs; Aumento absoluto e relativo das pessoas que se declaram sem religião.
O quadro que deve surgir num futuro próximo é de mudança de hegemonia entre católicos e evangélicos, com os segundos ultrapassando os primeiros e aumento da pluralidade de crenças e do processo de secularização (grande aumento da desafeição religiosa e da apostasia).
Todavia, este quadro geral segue ritmos diferenciados nas regiões, nos Estados e nas cidades. A Unidade da Federação com menor proporção de católicos é o Rio de Janeiro e a com maior percentagem de evangélicos é Rondônia. O Rio de Janeiro também é a UF com maior pluralidade de crenças e com o maior percentual de pessoas que se declaram sem religião.
No Brasil, em 2010, o percentual de católicos era de 64,6%, de evangélicos 22,2%, outras religiões 5,2% e sem religião 8%. No Estado de São Paulo os percentuais em 2010 eram: católicos era de 60,1%, de evangélicos 24,1%, outras religiões 7,7% e sem religião 8,1%. Portanto, o Estado de São Paulo estava à frente do Brasil na transição religiosa, mas atrás do Rio de Janeiro e Rondônia.
Mas, bem à frente da média estadual, em cinco cidades de São Paulo os evangélicos já ultrapassaram os católicos, conforme mostrado na tabela acima. A cidade de Cajati (28,3 mil habitantes), que fica na Região Administrativa de Registro, no Litoral Sul Paulista, os católicos eram 42,2% em 2000 e caíram para 29,9% em 2010, enquanto os evangélicos subiram de 35,3% para 43,1% no mesmo período. Ressalta-se que o percentual de sem religião é bastante alto (22,3% em 2010).
Na cidade de Jacupiranga (17,2 mil habitantes), também da Região Administrativa de Registro, no Litoral Sul Paulista, os evangélicos estavam com 41,8% em 2010 contra 33,7% dos católicos e 20,1% dos sem religião. Na cidade de Torre da Pedra (2,3 mil habitantes), que fica na Região Administrativa de Botucatu, os evangélicos estavam com 49,9% em 2010 contra 38% dos católicos e somente 8,6% dos sem religião. Na cidade de Nova Campina, que fica na Região Administrativa de Itapeva (quase na divisa com o Paraná), os evangélicos estavam com 46,1% em 2010 contra 39,4% dos católicos e 11,9% dos sem religião. Na cidade de Juquiá, que fica também da Região Administrativa de Registro, no Litoral Sul Paulista, os evangélicos estavam com 41% em 2010 contra 40,6% dos católicos e 15,5% dos sem religião.
Estas cinco cidades são a ponta de lança da transformação religiosa no Estado de São Paulo. São cidades relativamente pequenas e pesam pouco diante dos mais de 41 milhões de habitantes da UF. Mas cidades grandes como a capital São Paulo (com 11,3 milhões de habitantes em 2010) – 58,2% católicos, 22,1% evangélicos e 9,4% sem religião – e Guarulhos (com 1,2 milhão de habitantes em 2010) – 52,8% católicos, 28,4% evangélicos e 10,7% sem religião – também estão passando pela transição religiosa, mas em um ritmo intermediário. O Estado de São Paulo tinha, em 2010, 28 cidades onde os católicos representavam menos de 50% das filiações religiosas.
Resta saber se os dados do censo demográfico de 2020 vão mostrar a transição religiosa paulista mais próxima do ritmo do Rio de Janeiro ou mais próxima do ritmo do Piauí e Santa Catarina. O fato é que tudo está em transformação e o ritmo da mudança segue como o avanço do nível do mar e tal qual diz a música de Lulu Santos e Nelson Motta: “Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia”.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 03/01/2018
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