Agroecologia e sinergia social, artigo de Roberto Naime
Agroecologia e sinergia social, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] A missão da AS-PTA está centrada no combate à fome e à pobreza no meio rural brasileiro. Para o desempenho desta missão, a organização está dedicada à promoção da assistência técnica inteiramente gratuita na dimensão do desenvolvimento sustentável e da agroecologia. A AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia é uma associação de direito civil, sem fins lucrativos, que desde 1983, atua para o fortalecimento da agricultura familiar e da promoção do desenvolvimento rural sustentável em todo país.
A experiência acumulada pela entidade ao longo desses anos permitiu comprovar a contribuição da dimensão agroecológica, como alternativa para o enfrentamento dos grandes desafios da sustentabilidade agrícola pela agricultura e pecuária. A AS-PTA participou da constituição e atua em diversas redes da sociedade civil voltadas para a promoção do desenvolvimento rural sustentável.
Conjuntamente com a constituição de espaços de aprendizado coletivo, está organização em redes proporciona a possibilidade de articular ações de organizações e movimentos da sociedade que conjuntamente obtém efeitos sinérgicos para influenciar elaboração, implantação e monitoramento de políticas públicas.
É crescente o número de proprietários rurais, principalmente familiares, que se interessam por realizarem a transição dos sistemas produtivos convencionais para a produção de alimentos em harmonia com a natureza.
Este estímulo decorre tanto por motivações econômicas como pela busca de sinergia que permita alcançar maior equilíbrio ambiental no conjunto dos ecossistemas mobilizados para produção. O incentivo também vem de outros proprietários rurais que experimentaram caminhos alternativos e de uma rede de entidades, grupos e organizações governamentais ou privadas.
O crescimento dessas iniciativas está relacionado a habilidade de mobilizar e ativar laços de proximidade e influência presentes no cotidiano das comunidades destes produtores de alimentos saudáveis.
O conhecimento acumulado por gerações e as culturas tradicionais são a fonte primeira da competência destes agricultores para a preservação dos recursos naturais e inovações na organização produtiva e social.
Isso mantém a centralidade dos recursos humanos de natureza familiar nestes processos.
A intenção da entidade é a busca contínua de alternativas para fazer com que sejam conhecidas as experiências que indicam outros caminhos na produção agrícola, valorização paisagística e a diversidade cultural para que se mantenham os vínculos com o território.
Os camponeses, com uma cultura fortemente marcada pela ocorrência de laços territoriais, formam uma população diversificada, com diferentes modos de ocupação do espaço, tradições acumuladas e identidades afirmadas.
São agricultores familiares, assentados da reforma agrária; trabalhadores assalariados que residem no campo; povos da floresta que podem ser grupos extrativistas, caboclos, ribeirinhos, quebradeiras de coco de babaçu, açaizeiros e outras populações de trabalhadores.
E ainda grupos que vivem de extrativismo dos rios e dos mares como caiçaras e pescadores artesanais, comunidades indígenas e quilombolas, incluindo os diversos tipos de agricultores em situações urbanas e peri-urbanas.
Ao longo do tempo e em espaços diferenciados prevalece entre esses grupos características comuns de luta pela condição de protagonismo dos processos sociais. Possibilitar visibilidade a essas trajetórias é um caminho para reconhecer suas contribuições para o conjunto da sociedade.
Dentro da proposta da entidade, está fazer com que os grupos se encontrem e compartilhem vivências e aspectos culturais. Se busca promover a troca, o conhecimento e o intercâmbio dessas experiências, estimulando a organização e a atuação em rede. Se busca dar visibilidade e fortalecer os agricultores familiares como atores políticos para que sejam protagonistas das discussões nos fóruns de interesse.
Os Encontros Nacionais de Agroecologia (ENA), as Jornadas de Agroecologia realizadas no Paraná; o surgimento da Associação Nacional de Agroecologia e da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia) contribuíram para consolidar algumas convergências que hoje subsidiam os processos de articulação do campo agroecológico em suas diferentes expressões.
No Rio de Janeiro, a Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU) é uma das experiências emblemáticas desse fortalecimento político. Criada em 2009, a rede reúne mais de 30 organizações para a defesa da agroecologia na cidade.
A Rede CAU organizou um grupo do Sistema Participativo de Garantia (SPG), conferido pela Associação dos Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (ABIO), credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
O SPG é uma modalidade de avaliação da produção agroecológica/orgânica mais conveniente para o camponês, obtido pelo controle social e verificação do cumprimento das normas em conjunto com os próprios agricultores, membros fornecedores do grupo, e com a participação de membros colaboradores (consumidores e outras instituições de assessoria técnica)
Ocorre saudar estas iniciativas e constatar que a agroecologia no país desenvolve relevantes parcerias antropológicas e confere ao ambientalismo profunda dimensão humana e social.
Referência:
http://aspta.org.br/temas-de-intervencao/
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/08/2017
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Enquanto as condições de vida no planeta Terra estão sendo brutalmente destruídas pelas grandes empresas agro-pecuária e por outras atividades cujo interesse é a busca do lucro crescente e incessante, aparece um “escritor” que apresenta um cenário fictício de salvação sem qualquer compromisso com a triste realidade que vivem todas as espécies vivas.
Verdade Valdeci…
Grande abs…
RNaime