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Artigo

45 anos do Dia Mundial do Meio Ambiente: a responsabilidade também é nossa, artigo de Milena Vendrasco

 

sustentável ou insustentável

 

[EcoDebate] Em 1972, durante a Conferência de Estocolmo, o dia 5 de junho foi instituído como o Dia Mundial do Meio Ambiente. No Brasil, o dia virou semana, com início em 01 de junho. Hoje, portanto, celebramos o encerramento de mais uma Semana do Meio Ambiente. São 45 anos desde a definição da data, mas qual é o cenário diante deste marco tão importante?

De um lado, temos pontos a comemorar. O tema tem sido amplamente debatido pelos governantes mundiais, pela mídia, pelas escolas. Empresas passaram a contar com departamentos inteiros dedicados à sustentabilidade e responsabilidade social. Em toda essa trajetória, instituições ativistas passaram a ser consideradas, ouvidas, capazes de grandes mobilizações. As redes sociais contribuíram para que as pessoas pudessem se informar e participar mais ativamente, com a criação de abaixo-assinados virtuais, boicotes a empresas e produtos. Artistas se engajam, filmes retratam o tema, livros, músicas, artigos e toda uma produção cultural e intelectual permeia o Meio Ambiente e o risco que corremos ao ignorar seus avisos de que estamos indo longe demais na busca por desenvolvimento econômico e material.

De outro, vemos as mesmas empresas com campanhas emocionantes e produtos ditos ecológicos, aproveitando-se do tema para lucrar e produzir mais. Ainda, observando o panorama das atitudes efetivas tomadas pelos políticos, chegamos a um patamar com cada vez mais acordos selados e menos metas cumpridas. Protocolo de Kyoto, Acordo de Paris, grandes eventos como Rio 92, Rio +20, e a própria Conferência de Estocolmo são parte das agendas políticas, mas não se convertem em resultados, em efetividade. O compromisso assumido é divulgado, fotografado, mas não há cobrança por planejamentos realmente transformadores.

Cria-se um cenário positivo, valorizando as assinaturas dos protocolos, que na verdade é apenas um simulacro, quando na realidade a discussão que tem mais força na Câmara é a flexibilização da legislação ambiental. O Brasil se orgulha de ter o conjunto de leis mais completo para a defesa do Meio Ambiente, mas seus resultados estão longe de demonstrar que sua população, suas empresas e seus governantes são defensores e compreendem a importância destas leis e regulamentações. E, pelo exemplo, os indivíduos seguem sem dar tanta importância ao tema.

O primeiro passo para sairmos, então, desta realidade de compromissos assumidos para um cenário de ações e resultados é, senão, assumirmos a responsabilidade que cada um exerce sobre esta questão. Desde o microcosmos, onde se recicla, se reduz o tempo no chuveiro, onde não se é conivente com pequenas infrações, se boicota empresas que usem mão de obra escrava ou poluam a natureza; até o macro, onde se cobra ações efetivas de políticos, se contribui para a fiscalização e denúncia, onde se observa a sustentabilidade da cadeia produtiva de um produto, somos todos responsáveis.

A decisão de utilizar o carro, de descartar uma embalagem na rua, de votar sem estar atento ao que oferece seu candidato, de não se preocupar com questões ambientais porque isso é responsabilidade das empresas ou do governo, impacta diretamente nos resultados que deixamos de obter. Escolha se informar melhor, participe e promova o debate saudável sobre o tema, observe as pequenas atitudes e as grandes mudanças que podemos promover individual e coletivamente. E vamos juntos fazer com que a próxima Semana do Meio Ambiente possa ser cheia de vitórias.

Milena Vendrasco, da Communità

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/06/2017

[cite]

 

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