Refletindo sobre sustentabilidade, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] A expressão sustentabilidade foi utilizada pela ex primeira-ministra da Noruega, em um dos primeiros encontros internacionais de meio ambiente, patrocinados pela Organização das Nações Unidas (ONU), em um documento denominado “Nosso Futuro Comum”. Trouxe a concepção de que é preciso utilizar os recursos naturais, mas sem comprometer a vida das gerações futuras.
No entanto, os crescentes impactos sobre o meio natural, elevou bastante a preocupação com a natureza, e a sobrevivência do planeta virou objetivo de várias estruturas sociais. Devido a essa preocupação todos os cuidados com ações ambientais e posteriormente de sustentabilidade ganharam expressão buscando meios de adotar atitudes no cotidiano que sejam menos agressivas ao planeta.
Atualmente, a definição da expressão sustentabilidade ganhou uma proporção bem mais ampla, e o termo é empregado em diversas ocasiões, ganhando semântica genérica muito própria, com o intuito de representar uma dimensão mais ambientalmente correta possível.
A sustentabilidade social conceitua a necessidade de uma vida mais equilibrada, que envolva de forma harmônica todas os estamentos sociais existentes, proporcionando acesso à cultura, à educação, e à saúde de todos os cidadãos. A geração de renda, que possibilita a todos os estamentos sociais a possibilidade de vida digna e com igualdade social é outra premissa.
O equilibro entre os envolvidos, a sustentabilidade social determina que se crie toda uma corrente, que acabará por influenciar as futuras gerações. A participação e a organização popular e de todos os segmentos envolvidos, são imprescindíveis para a construção do arranjo harmônico que se denomina sustentabilidade social.
A sustentabilidade empresarial prevê um maior equilíbrio das atitudes das empresas e organizações com os elementos dos meios físico, biológico e socioeconômico que constituem o meio ambiente. Acossados por crises crise financeiras conjunturais, certos setores empresariais implantaram esse conceito em suas organizações também visando uma melhora financeira e ampliação da melhoria de imagem institucional. Após a influência das proposições de Ignacy Sachs, as organizações que adotam a sustentabilidade devem realizar práticas que sejam integradas considerando as dimensões ambiental, sociais e econômicas.
Na dimensão da sustentabilidade cultural, se objetiva a preservação do respeito aos valores e tradições de cada comunidade referida e considerada. Já na sustentabilidade espacial, se busca o equilíbrio entre o rural e o urbano e as migrações registradas, buscando a adoção de práticas mais ecologicamente corretas no meio agrícola e a desconcentração das metrópoles, entre outras providências relevantes.
Todas as questões ambientais ganharam a condição de muito relevantes. As crises hídricas registradas, tem despertado conscientização forçada e verdadeiro pânico entre as populações. O planeta tem gerado sinais claros de que não suporta mais o ritmo de consumo dos recursos naturais e o que era antes uma simples brincadeira denominada pegada ecológica, é hoje um sério desafio.
A poluição da terra; da água e do ar; chegaram a níveis tão elevados que em certas regiões comprometem a sanidade de populações e elementos do meio biológico em geral, provocando sequelas e outras deformidades, e problemas de saúde para os habitantes locais.
Existe cada vez mais a conscientização de que tudo no planeta terra é interligado e as sucessões de ocorrências catastróficas ligadas ao clima e ao meio ambiente, apenas comprovam esta realidade. Isso fomenta muito a criar uma consciência planetária de que algo deve mudar. Não se afirma que ocorra ou não o fenômeno do aquecimento global, mas que ocorre elevação drástica dos teores de dióxido de carbono na atmosfera e que parece haver influência antrópica nesta realidade, não há a menor dúvida.
Pensar em modificações relevantes de paradigmas sempre leva a refletir sobre mudanças na autopoiese de equilíbrio sistêmico, que substitua o consumismo desenfreado como estimulante do círculo de virtuosidade social, pela busca de equilíbrio ecossistêmico e homeostase planetária.
Isso é muito positivo, pois cria nas organizações a necessidade de adaptarem seus procedimentos ou de mudarem sua forma de agir de forma drástica e rápida; sob pena de verem suas vendas e seus lucros despencarem e não alimentarem mais círculos de virtuosidade de operação social.
Esse novo comportamento acabou recebendo o nome de sustentabilidade empresarial. Desta forma, as empresas acabaram definindo um conjunto de práticas que procuram demonstrar o seu respeito e a sua preocupação com as condições do ambiente e da sociedade em que estão inseridas ou aonde atuam. Mas que ainda assim atreladas com a concepção de crescimento permanente, que aumenta infinitamente lucros, gera maior arrecadação de tributos e maior capacidade de intervenção estatal para atendimento das demandas sociais, e movimenta a geração de empregos e colocações necessárias para a sobrevivência do conjunto social.
Infelizmente, deve se reconhecer, que a sustentabilidade empresarial ainda não é um tema central em muitas organizações e empreendimentos. Muitas corporações associam a ideia da sustentabilidade empresarial a um aumento nos custos de operação, não tendo descoberto ainda que ocorre exatamente o contrário. No entanto, essa visão vai sendo revertida pela conscientização cada vez maior dos consumidores, que procuram transformar seu gesto de consumo, com aquilo que percebem como atitude de engajamento, interferindo naquilo que consideram como sócio ambientalmente mais relevante, que deve ser prestigiado e fortalecido.
Mas, para que a sustentabilidade empresarial seja uma realidade em todo mundo, os consumidores devem, cada vez mais, se tornarem agentes da transformação e promovendo uma grande e generalizada mudança de atitude, determinando coletivamente a relevância determinada por suas atitudes engajadas, coletivamente. Devem fazer as organizações entenderem que chegou o fim da era da lucratividade desconectada e que, agora, pensar com responsabilidade e cuidar do mundo que nos cerca é essencial para a própria sobrevivência da civilização humana.
Referência:
http://www.atitudessustentaveis.com.br/sustentabilidade/voce-sabe-sustentabilidade-empresarial/
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/05/2017
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