Água, Energia e Alimentos, artigo de Aroldo Cangussu
[EcoDebate] Nesses tempos de aquecimento global, esses três temas estão permanentemente presentes nas preocupações gerais. Equipes de futurólogos – engenheiros, advogados, médicos, técnicos, cientistas – trabalhando para governos e grandes empresas de alcance internacional se debruçam diuturnamente sobre os possíveis cenários mundiais e o que se pode fazer em cada um deles.
A interconexão entre a água, energia e alimentos (também chamada de “stress nexus”) é a questão mais vital em um mundo em adaptação à mudança climática. Vejam bem: para tratar e transportar a água é necessário o emprego de energia, mas para produzir energia a água está presente em todos os processos energéticos. Entretanto, tanto a água como a energia é necessária para cultivar alimentos. Esse é o mais importante elo existente ente os três.
Aqui no Brasil, onde a matriz energética é majoritariamente a das hidrelétricas, a água é o insumo mais importante. E, para isso, grandes extensões de terra são alagadas para que seja alcançada a pressão necessária para a movimentação das turbinas das usinas. Consequentemente, desmatamentos são provocados e grandes contingentes populacionais são deslocados e assentados próximos às barragens.
Além disso, as refinarias de petróleo precisam de muita água para funcionar. Logo, para produzir o combustível que energizará veículos, indústrias, termoelétricas e uma imensidão de outros componentes, a água novamente é o mais importante insumo.
Também a produção de energias renováveis como a da biomassa, por exemplo, interfere profundamente com a geração de alimentos. Basta comparar a imensidão de hectares separada para cultivo de cana-de-açúcar e as destinadas à produção de alimentos para que se tenha uma ideia mais precisa dessa interconexão.
Água, esse é o “petróleo do século XXI”. A produção de água limpa e potável comandará o setor de negócios global. Dessalinização, purificação, armazenamento, embarque e transporte de água serão como as atividades em torno do petróleo hoje. Redes de dutos de água ultrapassarão os atuais oleodutos e gasodutos. Frotas de navios transportando água pelos mares serão como os petroleiros atuais. Tanques gigantescos sobrepujarão os tanques das refinarias dos nossos dias. Água potável e doce em vários graus e tipos existirá brevemente assim como temos atualmente o petróleo bruto leve e doce e o pesado e o azedo.
A água será uma commodity mais importante que a soja, minério de ferro, carne bovina, milho, diversos outros minerais e produtos agrícolas.
Temos guerras por petróleo, mas guerras por água também existem e serão intensificadas.
* Aroldo Cangussu, Colaborador do EcoDebate, é engenheiro e ex-secretário de meio ambiente de Janaúba e diretor da ARC EMPREENDIMENTOS AMBIENTAIS LTDA.
in EcoDebate, 01/02/2017
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