Sistema de Saúde não tem estrutura para número de idosos, diz representante de ministério
Durante audiência na Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa nesta terça-feira (30), a coordenadora-geral de saúde da pessoa idosa do Ministério da Saúde, Maria Cristina Hoffman, afirmou que o sistema de saúde não tem estrutura para atender o número de idosos, que cresce anualmente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2025 o número de idosos no Brasil será quinze vezes maior que em 1950.
A comissão promoveu debate sobre o envelhecimento e a qualidade de vida dos idosos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente existem 27,8 milhões de pessoas com mais de 60 anos no Brasil. Esse crescimento do número de idosos é devido ao aumento da expectativa de vida – em 1980, a média era de 62 anos; em 2016 o número subiu para 75,7 anos.
Atividades físicas
Apesar do aumento da expectativa de vida da população, a última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2013, mostra que apenas 13,6% dos idosos praticam as atividades físicas regulares recomendadas. Ainda assim, Maria Hoffman afirma que a maior parte da população idosa é independente, sendo apenas 6,8% dos idosos com mais de 60 anos possuidores de limitações funcionais em atividades diárias.
Alfabetização
A PNS também revela que quanto menor o nível de escolaridade, maior a dependência física dos idosos. Para o representante da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Vicente Faleiros, a baixa escolaridade é uma das principais causas da baixa qualidade de vida. Ele revela que 23% dos idosos são analfabetos, e apenas ¼ acessam a internet. Faleiros considera que essas alfabetizações precisam ser estimuladas.
A autora do requerimento da audiência, deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ), pretende encontrar formas para que o Ministério da Educação retome projetos de alfabetização de idosos que, segundo ela, eram mais comuns antigamente.
Cuidador
Vicente Faleiros afirmou também ser necessário trabalhar a política dos cuidadores. Para ele, além de aumentar a qualidade de vida dos idosos, abre vagas de emprego nesse momento de crise. “Precisamos adicionar vida aos anos, e não só anos a vida”, afirma.
Faleiros também disse que as cidades precisam se adaptar aos idosos, já que muitos morrem em acidentes de trânsito, e destacou que nessas ocorrências, na maioria das vezes, os idosos são os pedestres. Ele afirmou que são necessárias mais rampas, faixas, além de melhor sinalização, “trazendo benefícios também para a Lei da Acessibilidade”.
A diretora da região centro-oeste da Associação Nacional do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência (AMPID), Maria Gugel, disse que é preciso integrar o atendimento aos idosos, para que esses sejam plenamente atendidos. Ela reclamou que os benefícios de assistência social e saúde não se comunicam. “Não podemos permitir que um direito já implementado tenha seus benefícios regredidos”, afirmou.
A deputada Laura Carneiro disse que irá trabalhar para que o Ministério da Saúde e o Ministério do Desenvolvimento social elaborem políticas em conjunto para benefício dos idosos.
Reportagem – João Vitor Silva
Edição – Luciana Cesar
Da Agência Câmara Notícias, in EcoDebate, 01/09/2016
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