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Artigo

Escola sem partido … Pura perda de tempo, artigo de Paulo Sanda

 

opinião

 

[EcoDebate] O assunto não me chamava a atenção. Devia? Talvez, mas não.

Escola sem partido; ouvi e li várias vezes mas sempre “en passant”, em passagem sem prestar maior atenção.

Erro? Devia prestar mais atenção? Talvez, mas então ao invés de me desmanchar em desculpas ou arranjar justificativas, assumo meu pecado e recebo o perdão.

Não posso porém antes, deixar de contar a razão de meu súbito interesse.

Na realidade o interesse não foi no assunto em si, mas digamos que um efeito colateral.

A pouco vi estampado no Facebook “A farsa que é Leandro Karnal”; o “vi estampado” é porque via de regra não rolo a barra do Facebook, não tenho paciência para ver tanta bobagem, vez por outra aparecem até algumas coisas interessantes, mas ficam soterradas por tanta bobagem, então deixo a rede social aberta apenas para estar a disposição no “bate papo”, mais por motivos funcionais que sociais propriamente ditos. Porém ao acessá-lo vejo o que aparece “estampado”.

“A farsa que é Leandro Karnal”; por que isto me chamaria a atenção?

Oras, porque reconheço neste professor e em outros como por exemplo Clóvis de Barros Filho, Mario Sérgio Cortella e pasmem até no Felipe Pondé! Sem falar na Marilena Chauí, e tantas outras pessoas cujo conteúdo e capacidade de articulação invejo. Invejo profundamente, invejo de tal forma que acredito, nem o conteúdo nem a articulação me faltam, apenas a mesma fama. Porém tenho que fazer o exame de consciência e reconhecer que parte significativa de meu próprio conteúdo e por que não dizer articulação vem destas pessoas. Logo, invejo.

Mas por que alguém diria isto de um professor “idoso” como o próprio Leandro afirma? Um sujeito de uma fala mansa, uma entonação monótona que daria sono não fosse conteúdo tão bem exposto. Faz algumas piadas mas nem ele mesmo sabe gargalhar delas, apenas o público “insano”(eu inclusive). Por que alguém escreveria isto? Enfim me chamou a atenção; cliquei para ver.

O texto confesso, li “por cima”, não vou sequer gastar tempo para comentá-lo, porém me chamou a atenção a questão da “escola sem partido”, resoluto procurei me informar. E para isto ao invés de ler sobre o que falam, acessei o site do movimento.

Em meio a tantas seções me ative a apenas dois pontos, faço isto num tentativa de não naufragar neste mar de informações. Ou será um cosmo?

Fui direito ao “objetivos”, e neste ponto faço minha análise, não sem antes introduzir o “hino” deste movimento ou como o site identifica, o tema musical da educação brasileira, uma paródia de “A banda” de Chico Buarque, paródia escrita por Felipe Trielli (não conheço) e argumentação de Danilo Gentili. Seria óbvio supor que um movimento que se diz pela “educação brasileira” cujo tema tem mão de Danilo Gentili, já não dá para levar a sério, porém em um esforço de boa vontade fui ao “Objetivos”, aliás vamos.

Abaixo em “objetivos” deste movimento diz:

“Pela descontaminação e desmonopolização política e ideológica das escolas”

Do que se trata esta “contaminação e monopólio ideológico”?

Seria fácil pensar e acredito que o foco sejam as ciências humanas, mas comecemos com as exatas, apenas para ficar divertido. Haverá um complô dos professores de física que desejam destronar a física Newtoniana ou mecânica clássica, em favor da mecânica quântica? Pior ainda, a subversiva teoria das cordas.

Ou ainda o hilário embate, criacionismo X evolucionismo, onde professores subversivos querem derrotar a teoria da evolução para retornar ao Gênesis bíblico. Retornar? O criacionismo é uma ideia criada por ressentidos(no sentido Nietzschiniano) para combater o outro.

Muito bem, passamos um pouco pelas exatas e biológicas, vamos finalmente para as humanas.

Será que os professores não ensinam a filosofia clássica? A moral da virtudes de Aristóteles? Pois trata-se de uma moral totalmente aristocrática e de direita. Não somos todos iguais, aliás pleitear a igualdade é um absurdo para os gregos.

Será que não se fala sobre Nietzsche, condenador da democracia?

Ensinarão os professores apenas Kant? Que mostra que a coisa com que podemos comparar a moral é o amor? Como exemplifica outro professor amigo do “famigerado” Karnal, Clovis de Barros Filho; Uma mãe que amamenta seu filho não está sendo generosa, ela ama seu bebê e por isto o alimenta, se por outro lado esta mulher ao ver uma pessoa faminta lhe dá de comer, isto sim pode ser generosidade, virtude moral que na falta de amor pelo próximo supre as necessidades para o convívio e por que não dizer, salva-o(o convívio) para possa ser pacífico. Pois o outro extremo é a violência.

Será que na sala de aula não deve haver então Marx? Que propõe a história como ciência, no materialismo histórico. Marx pensador materialista por autodefinição, porém idealista da sociedade sem classes. Aliás não há mais necessidade de continuar a desfiar o rosário, temos as cores para perguntar; qual é o domínio ou monopólio? Será do idealismo ou do materialismo? Ou ainda do vitalismo, neste caso ensinasse apenas Nietzsche.

Passemos então ao próximo item.

“Pelo respeito à integridade intelectual e moral dos estudantes”

Este item trata-se de uma acusação dos professores “fazerem a cabeça dos alunos”, poderíamos entrar no mérito de que os professores em geral tem dificuldade até para conseguir dar suas aulas, que dirá “fazer a cabeça”, vamos porém seguir para o objetivo seguinte.

“Pelo respeito ao direito dos pais de dar aos seus filhos a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções”

Pode-se entender então que o direito de “fazer a cabeça” seja dos pais, os professores então estariam tolhendo os progenitores deste “sagrado direito”. Mas onde fica o respeito a integridade e moral dos estudantes? Aliás o que vem a ser isto? Discorrer sobre este tema tornaria o texto longo demais, e no momento não estou com disposição.

Falando em disposição, também não tenho mais para analisar tantas tolices, se você tiver curiosidade vá ao site do “movimento”, lá verá a seguir o que eles propõe.

Fica apenas o chamado final, o slogan da campanha.

NÃO A DOUTRINAÇÃO! A não ser que ela seja neoliberal ou monroeniana.

Eu disse final? Desculpe errei, falta ainda a conclusão.

Enfim literalmente perdi meu tempo em me interessar por esta mais esta bobagem. Mas nem tudo está perdido. Continuo sem interesse por novelas.

Paulo Sanda, Teólogo, palestrante, associado da ONG RUAH, é um dos coordenadores do Portal Palavra Aberta.

 

in EcoDebate, 19/07/2016

[cite]

 

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3 thoughts on “Escola sem partido … Pura perda de tempo, artigo de Paulo Sanda

  • Esta questão da “escola sem partido” deve ser bem estudada, porque o aluno não pode ser visto como um simples cérebro vazio a ser recheado pelo professor.
    Não há que proibir a educação dos alunos no que concerne à educação política, mas também não há que deixar a escola servir de sala de convenções para plenários de partidos políticos, seja qual for a sua cor partidária.

  • S democracia está em expor suas idéias com argumentos e deixar que o outro tire suas conclusões. Mas se seus argumentos não convencem, só lamentar. A mídia dominante, pelo poder do dinheiro não consegue argumentar porque vai contra a vivência popular daí o “slogan”: O povo não é bobo, abaixo a rede Globo.

  • Fala sério, cara! Paulo Sanda se sente o supra sumo da inteligência humana, mas não é! Ora, o PL de autoria de Magno Malta não diz isso que o autor pretende dar a entender. O que causa preocupação, finge ele não saber, é na doutrinação a que o governo já vem introduzindo e induzindo na escola de primeiro grau! Doutrinação com viés ideológico de esquerda! E a maioria dos pais não querem isso para seus filhos, e com razão! Fazer-se de tolo, penso, deve fazer parte da “estratégia” marxista!!!

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