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Pesquisa revela a adoção de mais de 11 mil unidades da fossa séptica biodigestora no País

 

Pesquisa inédita feita pela Embrapa mostra que mais de 11 mil unidades da tecnologia foi adotada em mais de 250 municípios do Brasil

 

Rio de Janeiro foi o estado que mais adotou, proporcionalmente, a  tecnologia, com 4.087 fossas sépticas biodigestoras instaladas em 37 municípios. Foto: Mônica Laurita/Embrapa

 

Um levantamento inédito feito Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revela a adoção de mais de 11 mil unidades da fossa séptica biodigestora no País. Com uma tecnologia simples, desenvolvida por pesquisadores da Embrapa, e voltada ao saneamento básico rural, a fossa foi adotada em mais de 250 municípios brasileiros, nas cinco regiões do Brasil, beneficiando mais de 57 mil pessoas.

O coordenador do levantamento, e engenheiro civil da Embrapa Instrumentação, Carlos Renato Marmo, acredita que a população beneficiada é muito maior, “pois o saneamento básico apresenta impactos não só no campo como também nas cidades, já que as fontes de água e os mananciais estão na zona rural”, afirma.

Ao substituir as fossas negras – forma mais rudimentar de fossa, basicamente um buraco no chão para onde correm os rejeitos das casas, podendo causar contaminação do solo –, essas tecnologias de saneamento protegem a saúde dos moradores do campo geralmente não atendidos por redes de esgoto. Do mesmo modo, elas promovem a proteção ambiental ao evitar que dejetos contaminem solo e corpos d’água.

De acordo com um estudo feito pela pesquisadora da Embrapa, Cinthia Cabral da Costa, e pelo professor da Universidade de São Paulo (USP), Joaquim José Martins Guilhoto, a construção do sistema de saneamento básico proposto pela Embrapa poderia reduzir, anualmente, cerca de 250 mortes e 5,5 milhões de infecções causadas por doenças diarreicas. Eles comprovaram também que a cada R$1,00 investido na adoção dessa tecnologia poderia retornar para a economia R$ 4,69.

A fossa também tem a vantagem de poder ser integrada a outras tecnologias de saneamento de fácil instalação: o clorador Embrapa e o jardim filtrante, este destinado ao tratamento de águas de pias e ralos da casa e do efluente tratado pela própria fossa séptica.

Municípios do Sudeste

Segundo o estudo da Embrapa, a região sudeste concentra o maior número de tecnologias instaladas: 9.445 ou 88,1% do total. Só os estados do Rio de Janeiro e São Paulo instalaram, juntos, 7.847, ou seja, 68,3%. São Paulo, com uma população rural de quase 1,7 milhão de habitantes, é o estado com o maior número de municípios a adotar o sistema de saneamento básico rural. Dos 645 municípios, 63 instalaram 3.760 unidades da Fossa Séptica Biodigestora.

Mas é o Rio de Janeiro o estado que, proporcionalmente, mais adotou a Fossa Séptica Biodigestora. Em 37 municípios, o total instalado foi de 4.087, o que atende a um pouco mais de 3% dos quase 526.000 habitantes da área rural fluminense. No município de Cambuci, 58% da população de 3.535 habitantes adotaram a tecnologia; é o que mais concentra unidades da Fossa Séptica Biodigestora: 409, seguido por São Francisco do Itabapoana com 309 fossas instaladas.

Como funciona

A Fossa Séptica Biodigestora foi desenvolvida pelo médico-veterinário Antonio Pereira de Novaes, falecido em 2011, e segue os princípios dos biodigestores asiáticos e das câmaras de fermentação de ruminantes, como os bovinos.

Assim como no estômago do animal, a tecnologia também é composta de vários tanques de fermentação, onde o esgoto doméstico ? fezes e urina ? passa pelo tratamento anaeróbio [sem oxigênio], tornando-o apto para uso como fertilizante agrícola a ser aplicado no solo.

A montagem de um conjunto básico da tecnologia, projetado para uma residência com cinco moradores, é feita com três caixas d´água de mil litros (fibrocimento, fibra de vidro, alvenaria, ou outro material que não deforme), tubos, conexões, válvulas e registros. A tubulação do vaso sanitário é desviada para a Fossa Séptica Biodigestora.

As caixas devem ficar semienterradas no solo para que o sistema tenha um isolamento térmico e, assim, não ocorram grandes variações de temperatura. A quantidade de caixas deve aumentar proporcionalmente ao número de pessoas na família. Assim, a ciência conseguiu recriar um ambiente simples, funcional, estético e sustentável, de custo relativamente acessível.

Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da Agricultura

in EcoDebate, 15/07/2016

 

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