Meio ambiente, educação ambiental, representações sociais … artigo de Antonio Silvio Hendges
Meio ambiente, educação ambiental, representações sociais … artigo de Antonio Silvio Hendges
[EcoDebate] O meio ambiente no atual contexto de desenvolvimento não pode ser reduzido às preocupações ecológicas naturalistas e/ou conservacionistas. Com a pós modernidade e as sucessivas revoluções industriais, tecnológicas e culturais, há uma completa reordenação das atividades humanas, tornando indispensáveis novas abordagens éticas, filosóficas e educacionais que possibilitem relações com o meio ambiente que considerem os aspectos, influências e impactos das políticas, da economia, da(s) cultura(s) e tecnologias . O meio ambiente não é natural: é um espaço de ação que abrange um conjunto muito maior de possibilidades que às relacionadas aos processos naturais.
Os recursos naturais e humanos sempre foram a base de sustentação das sociedades, mas atualmente as intervenções tecnológicas de produção e consumo formam uma tecnosfera desvinculada da sustentabilidade social e ambiental. Esta desvinculação está associada com a crise ambiental que atualmente se desenvolve e que se manifesta nas possibilidades da perda acelerada da biodiversidade, contaminação das águas por nitrogênio, aquecimento global, degradação das áreas naturais, contaminação e exploração excessiva dos oceanos, destruição dos recursos hídricos, aumento desordenado da população e da urbanização, desperdício de recursos naturais não renováveis, desertificação, produção e destino sem planejamento dos resíduos pré e pós consumo e mesmo na poluição espacial por equipamentos de pesquisa obsoletos.
Assim como a educação pública e universal foi uma exigência da modernidade, a educação ambiental no atual contexto com características pós modernas tem a mesma importância não somente para as “minorias ativas” (REIGOTA, 2001, p. 42) com suas representações sociais¹ relacionadas com as responsabilidades humanas e o desenvolvimento sustentável ou alternativo.
O modelo atual de desenvolvimento tecnológico e de relações sociais é globalizado – universalizado, se considerarmos as pesquisas espaciais, a implantação de bases e as possibilidades de migração da espécie humana para outros locais além do planeta terra – e as questões relacionadas com a educação ambiental precisam ser extensíveis e adjacentes ao conjunto das organizações e atividades humanas.
É indispensável uma perspectiva de que são muitos e amplos os temas possíveis de serem trabalhados em atividades multidisciplinares, complementares e transversais possibilitando a sensibilização/mobilização de diferentes grupos sociais ou comunidades para objetivos comuns relacionados à sustentabilidade e a educação para um ambiente saudável e socialmente construído.
¹ Representações sociais são idéias, conceitos atitudes coletivas elaboradas de acordo com os valores sociais, econômicos, políticos, culturais, tecnológicos, religiosos dos grupos humanos e se constituem pelas maneiras de pensar, agir, sentir, fazer e consumir socialmente estabelecidas. Uma vez formadas, estas representações possuem a capacidade de agregar indivíduos e possibilitar a convivência social. Podem também gerar conflitos entre grupos (ou indivíduos) quando estes possuem diferentes representações sociais sobre determinado tema ou costume.
Referências:
– REIGOTA, Marcos. Meio Ambiente e Representação Social. 4. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2001.
Antonio Silvio Hendges, Articulista no EcoDebate, Professor de Biologia, Pós Graduação em Auditorias Ambientais, assessoria e consultoria em educação ambiental, resíduos sólidos e projetos sustentáveis – www.cenatecbrasil.blogspot.com.br
in EcoDebate, 23/06/2016
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Com relação à contaminação das águas por nitrogênio, a Lei 9.433 que autorizou a criação dos comitês de bacia, autorizou-os a cobrar pela poluição das águas da respectiva bacia.
O comitê da bacia do Rio São Francisco criou tabelas para pagamento tanto do uso da água dos rios que formam a bacia como para o descarte de dejetos nesses rios. Sugiro que outros comitês sigam esse exemplo.
Não existe meio para evitar os males do capitalismo – e das religiões – enquanto ele existir.
Só os hiper microcefálicos defensores desse regime não conseguem compreender isso.