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Governança e políticas públicas no Antropoceno, artigo de Roberto Naime

 

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Governança e políticas públicas no Antropoceno, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] CECHIN et. al. (2015) assinala que a humanidade transita por uma época de crescentes inquietações relacionadas aos riscos ambientais. Essa perturbação resulta, em boa parte, da percepção sobre as mudanças antropogênicas na vida e no clima terrestre. Tais sentimentos são tão significativos que convergem para um consenso de que estamos entrando numa nova era, chamada Antropoceno.

Embora a expressão ‘Antropoceno’ não tenha alcançado o status oficial de Era geológica para a União Internacional das Ciências Geológicas (UICG), ela tem sido usada extensamente para denominar o atual período, dominado pelas atividades humanas sobre o planeta.

O mais importante nessa expressão é a noção de que a atividade humana adquiriu tamanho poder de transformação dos ecossistemas que passa a ser considerada uma força geológica suficientemente poderosa para definir uma Era.

Nesse contexto, a relação entre sociedade e natureza, em todas as suas dimensões, deve ser um dos principais focos da pesquisa científica.

Isto altera as principais demandas socioambientais do ponto de vista da governança e das polítcas públicas.

A institucionalização da interdisciplinaridade no estudo das questões socioambientais se materializa cada vez mais.

Assim, Antropoceno é um termo usado por alguns cientistas para descrever o período mais recente na história da terra. Ainda não há data de início precisa e oficialmente apontada, mas muitos consideram que começa com a revolução industrial, quando as atividades humanas começaram a ter um impacto global significativo na Terra e no funcionamento dos seus ecossistemas.

Outros cientistas consideram que o Antropoceno começa mais cedo, como por exemplo no advento da agricultura.

O termo Antropoceno é uma combinação das raízes das palavras em grego “anthropo” que significa “humano” e “ceno” que significa “novo”. Todas as épocas geológicas da Era Cenozóica terminam em “ceno”.

O biólogo Eugene F. Stoermer originalmente cunhou o termo, mas foi o químico vencedor do Prêmio Nobel, Paul Crutzen que independentemente o reinventou e popularizou. Stoermer escreveu, “eu comecei a usar o termo “antropoceno” na década de 1980, mas nunca formalizei até ser contatado pelo Paul Crutzen.

Ainda em 1873, o geólogo italiano Antonio Stoppani reconheceu o aumento do poder e do efeito da humanidade nos sistemas da Terra e se referiu a uma “era antropozóica”.

Muitas espécies passam a ser extintas devido ao impacto humano. A maioria dos especialistas passa a concordar que as atividades humanas têm acelerado a taxa de extinção de espécies. A taxa exata é controversa, sendo muitas vezes situada entre 100 a 1000 vezes a taxa considerada normal.

Em 2010, um estudo descobriu que o fitoplâncton declinou substancialmente nos oceanos do mundo ao longo do século passado. Desde 1950, biomassa de algas diminuiu cerca de 40%, provavelmente em resposta ao aquecimento do oceano, sendo que o declínio ganhou ritmo nos últimos anos.

Já somos mais de 7 bilhões de seres humanos vivendo e consumindo os recursos da Terra.

A queima continuada de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão, tem sido responsável por um dos impactos mais sensíveis do Antropoceno, o chamado aquecimento global.

O clima está mudando. As geleiras e as calotas polares estão derretendo, o nível do mar aumentando, e começam a ocorrer grandes alterações no regime de chuvas e nos processos biológicos.

No Antropoceno, o curso dos grandes rios do planeta e o seu padrão de sedimentação foram amplamente alterados. Barragens, usinas e canais mudaram de forma radical estes caminhos de água. Estamos cada vez mais sujeitos a secas e inundações.

A disponibilidade de água potável atual e futura também está em risco, devido ao desperdício, à falta de manutenção nas tubulações e a poluição de fontes, rios, lagos e aquíferos.

As grandes metrópoles são as primeiras a sofrer com a crise crônica de água. Em todo o mundo, apenas 4% dos esgotos domésticos são adequadamente tratados, e a maior parte da água utilizada nas residências e nas indústrias é despejada nos rios sem qualquer tipo de tratamento.

Crutzen propôs a Revolução Industrial como o início do Antropoceno. Embora seja evidente que a Revolução Industrial marcou o início de um impacto humano global sem precedentes no planeta, grande parte da paisagem da terra já havia sido profundamente modificada pelas atividades humanas.

Um marcador que represente algum impacto substancial dos seres humanos sobre o ambiente como um todo, em escala comparável àquelas associadas a perturbações significativas do passado geológico, é necessário, em lugar das pequenas alterações na composição da atmosfera.

Mas o que mais evidencia esta fase da civilização, é a complexidade dos arranjos de equilíbrio social e suas consequências nos atos de gestão e governança, que não admitem mais improvisações espontaneístas.

Referências:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Antropoceno

CECHIN, Andrei e BARRETO, Cristane Gomes, Governança e Polítcas Públicas no Antropoceno. Ambiente & Sociedade – Ano II – No 5, p. 229-231. Sustentabilidade em Debate – Brasília, v. 6, n. 2, p. 14-16, mai/ago 2015

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

in EcoDebate, 09/06/2016

[cite]

 

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2 thoughts on “Governança e políticas públicas no Antropoceno, artigo de Roberto Naime

  • Apesar de tudo, para o poder econômico planetário tudo estáindo muito bem.

  • Bom dia Valdeci…

    Tu sabes minha opinião, explicitamente repetida…

    Só não acredito em solução socialista porque isto nunca existiu e a civilização humana mostrou o que a falta de transparência faz…

    E seguido falo em nova autopoiese sistêmica, não por acreditar no capitalismo, mas tentando crer na humanidade..

    E não ser catástrofista ou pessimista, mas o quadro é desolador…

    Grande abs…

    RNaime

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