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Bahia: Carvoaria ilegal destrói área da caatinga

Carvoaria ilegal, em foto de arquivo
Carvoaria ilegal, em foto de arquivo

Apesar do auto de infração e embargo determinado pelo Instituto do Meio Ambiente, a carvoaria Citybusa, que se instalou há seis meses entre os povoados de Lagoa do Serrote e Lagoa do Gruguxi, município de Pilão Arcado (780 km de Salvador), continua operando a todo vapor e deixando sua marca de destruição na região. Na avaliação dos produtores de fundo de pasto (ocupação e uso de espaço aberto, geralmente composto de terras devolutas, acessível a todos os membros da coletividade) que vivem no lugar, já são pelo menos três mil hectares de caatinga devastados pela empresa. Por Cristina Laura, da Sucursal Juazeiro, A Tarde, BA, 12/11/2008.

Aproveitando-se da vegetação destruída, os 219 fornos estão funcionando normalmente a 224 km da sede de Pilão Arcado, quase na divisa do Estado da Bahia com o Piauí, próximo ao município de Avelino Lopes.

A denúncia de que a empresa estaria devastando a caatinga foi feita em outubro pelos pequenos produtores. A reclamação chegou ao Instituto do Meio Ambiente em Juazeiro, que enviou engenheiro florestal até a região e notificou a carvoaria, determinando seu fechamento no dia 4 de novembro, com apreensão de motosserras sem registro para operar.

Entretanto, dois dias depois, a equipe de A TARDE foi até o local e verificou que a ordem não estava sendo cumprida. Os fornos estavam ativos, com pelo menos 20 homens trabalhando e uma carreta estacionada à espera de carregamento de carvão já arrumado em dezenas de sacos enfileirados. Duas casas construídas na área davam apoio aos carvoeiros que trabalham na produção.

Em uma casa que serve de escritório da empresa, o encarregado Neuzinaldo recebeu a equipe com desconfiança, mas mostrou vários documentos, entre eles um de Registro de Atividade Florestal (RAF) da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), datada de 31/03/08, dando validade para “atuar como destinatário de produtos florestais de qualquer origem”, porém com pendências que a impediam de atuar como remetente. Segundo o encarregado, a atividade da carvoaria é legal e tem autorização também do IBAMA, que já teria sido procurado pelo gerente de nome Ricardo.

O engenheiro florestal do IMA em Juazeiro, Geraldo Onofre, disse que a mesma empresa tentou em 2005 receber licença de plano e manejo florestal, mas foi negada por deficiência técnica.

Três anos depois, a carvoaria funciona sem autorização da Secretaria de Meio Ambiente de Pilão Arcado, não apresentou os documentos necessários para obter a licença ambiental junto ao IMA e agora será multada por desobediência ao embargo.

“Eles destroem o que nós da comunidade nos esforçamos para preservar”, afirma o presidente da Associação Agropastoril de Lago do Serrote e Gruguxi, Arcelino Borges de Santana, 51.

As terras usadas pela carvoaria, segundo Arcelino, são devolutas e foram compradas e apoderadas pelos donos da empresa.

[EcoDebate, 13/11/2008]

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