Dez asneiras que a gente ainda ouve por aí sobre mudança climática, por Claudio Angelo
Por Claudio Angelo, do Observatório do Clima
O planeta está esquentando, o Sudeste está sem água, as geleiras estão derretendo, as florestas estão pegando fogo, as concentrações de gás carbônico não param de bater recordes e 14 dos 15 anos mais quentes da história aconteceram neste século. As evidências da mudança climática – e da ação do homem como sua causa primordial – são tantas e tão variadas que seria preciso ter chegado ontem de Marte para negá-las.
Bom, muita gente parece que chegou ontem de Marte e não tem a menor ideia do que está acontecendo pelas bandas de cá do Sistema Solar. Se você é dessas pessoas, seus problemas acabaram! Listamos abaixo a refutação a dez dos argumentos mais comuns dessa patota, para você poder evitá-los e nunca mais passar vergonha ao discutir com amigos que moram aqui na Terra há mais tempo.
1 – “O clima da Terra sempre mudou e sempre mudará. É muita arrogância achar que nós somos capazes de intervir nele”.
Esse argumento é muito utilizado por alguns geólogos, acostumados a olhar longas escalas de tempo no passado. A primeira parte dele é verdade. Se há uma coisa que a história da Terra nos mostra é que o clima sempre foi muito instável e sempre variou – por razões inteiramente naturais. Há 125 mil anos, tínhamos temperaturas 2oC mais altas do que na era pré-industrial. Há 3,5 milhões de anos, o planeta era 3oC mais quente. E, na era dos dinossauros, não havia gelo em lugar nenhum da Terra. De fato, a estabilidade climática do atual período quente, o Holoceno, não tem precedentes nos últimos 400 mil anos de história do planeta.
O que isso informa sobre a mudança climática em curso hoje? Nada. As mudanças climáticas do passado eram todas causadas por variações na atividade solar ou nos ciclos orbitais da Terra. E, claro, quando elas eram bruscas demais, ocorriam extinções em massa (#ficaadica). Muitos cientistas atribuem o próprio florescimento da agricultura, que deu origem à civilização, ao clima estável do Holoceno. Hoje não há nenhum desses fatores naturais atuando no clima, e nenhum sinal de variações astronômicas relevantes pelos próximos muitos milhares de anos. O sinal inequívoco de mudança climática visto hoje se deve à intervenção do homem. Na escala que interessa à civilização, a das décadas e séculos, é essa a mudança climática que importa, não a de dezenas ou centenas de milhares de anos.
2 – “Os meteorologistas não conseguem nem prever se vai chover amanhã, que dirá se vai fazer calor em 2100.”
Esse argumento deriva de uma confusão comum entre tempo e clima. O tempo são as condições da atmosfera num determinado dia, enquanto o clima pode ser entendido como a média do tempo no longo prazo. O tempo é caótico e dominado por variabilidades de curto prazo (não é à toa que a teoria do caos foi criada por um meteorologista). O clima é algo mais previsível. Não dá para saber se em um determinado dia de janeiro choverá em São Paulo (isso é tempo); mas todo mundo sabe que janeiro é um mês de chuvas em São Paulo (isso é clima).
Antes de tudo, justiça seja feita aos meteorologistas: as previsões do tempo estão cada vez mais precisas, então dá para saber se amanhã vai chover, sim.
Ocorre que, conhecendo o clima de uma determinada região e conhecendo os elementos capazes de alterar o balanço de energia do planeta (em especial os gases de efeito estufa), é possível estimar como ele se comportará, em média, no futuro: se será mais quente, mais frio, mais seco, mais úmido ou mais variável. De fato, uma forma padrão de testar um modelo climático é saber se ele consegue reproduzir a média das condições observadas no passado. Falaremos mais sobre isso adiante.
3 – “Mas a Antártida está ganhando gelo. Foi a Nasa que disse. Logo, não há aquecimento global.”
Esse argumento ganhou tração nos últimos dias, devido a um estudo publicado pelo glaciologista Jay Zwally, da Nasa, segundo o qual o continente antártico na verdade estaria contribuindo para reduzir o nível do mar. O estudo foi avidamente reportado pela imprensa como um questionamento ao IPCC, o painel do clima da ONU, que diz que a Antártida tem contribuído nos últimos anos para elevar o nível do mar e o fará ainda mais intensamente nas próximas décadas.
Vamos por partes: é preciso saber de que tipo de gelo e de que Antártida se está falando. A Antártida está ganhando gelo, sim, de pelo menos uma maneira: o cinturão de mar congelado que se forma todo ano ao redor do continente está crescendo cerca de 100 mil quilômetros quadrados por ano. As causas disso ainda são incertas, mas muitos cientistas acreditam que o buraco na camada de ozônio esteja deixando o interior do continente mais frio, e a diferença de temperatura entre o centro antártico e a periferia está deixando os ventos mais fortes em volta do continente. Isso empurra a camada de mar congelado para longe da costa, abrindo uma faixa de mar aberto que rapidamente congela. Na Península Antártica, região mais afastada do polo Sul, o oposto acontece: o gelo marinho está diminuindo a cada ano.
O que Zwally e colegas argumentaram em seu estudo é que existe um outro ganho de gelo: o manto de gelo que recobre o continente estaria “engordando” de 1 cm a 3 cm por ano, devido a uma resposta lenta a mudanças ocorridas no fim da última glaciação, 12 mil anos atrás. Essa engorda estaria acontecendo sobretudo no leste antártico, que concentra mais de 85% do gelo do sexto continente. Tal ganho seria capaz de compensar as perdas que o próprio Zwally e vários outros colegas já comprovaram, usando vários instrumentos diferentes, estar acontecendo em duas outras regiões: a Península Antártica e o oeste antártico.
Que não haja dúvida aqui: existe perda de gelo no continente antártico, muito bem documentada por satélites da Nasa e da Agência Espacial Europeia. Foi a Nasa quem mostrou o rompimento em tempo real de plataformas de gelo na Península Antártica. E foi a Nasa quem revelou, em 1998, que as geleiras do oeste antártico estavam em franco derretimento. No período de 2002 a 2011, a perda de gelo foi de 147 bilhões de toneladas por ano, segundo o IPCC, o que teria elevado o nível do mar em 0,27 milímetro por ano. Quase todo esse gelo vem do oeste antártico. Um estudo recente sugere que o colapso das geleiras do oeste antártico é irreversível e fará o mar subir 3,3 metros na escala de séculos.
O leste é um mistério que os cientistas ainda não conseguiram decifrar. Nenhuma das medições com satélite feitas até aqui conseguiram responder se há ganho ou perda de gelo naquela região. Os cientistas costumam dizer que ela está em equilíbrio.
O estudo de Zwally muda algumas premissas sobre os dados e argumenta não apenas que há ganho, mas que esse ganho mais do que compensa as perdas. Mas, como as medições naquela região são muito difíceis de fazer, alguns glaciologistas acham que ele está errado – embora “haja uma chance pequena de que esteja certo”, como disse ao OC o glaciologista Ian Joughin, da Universidade de Washington. A figura abaixo, produzida por um pesquisador da Instituição Oceanográfica de Woods Hole, nos EUA, mostra onde está o consenso em relação à dieta da Antártida: as perdas ou ganhos de gelo são representadas pelos tetângulos. De 13 estudos, o de Zwally (retângulos marrons no alto da imagem) é o único a apontar ganho líquido. A maioria aponta perdas, aceleradas a partir de 2005 (aqui Zwally tem outro problema, já que a série de dados usada por ele só vai até 2008).
Portanto, a Antártida continental está provavelmente perdendo mais gelo do que ganhando, e elevando o nível do mar. E só vai ficar pior no futuro.
4 – “O AGA (Aquecimento Global Antropogênico) é uma teoria anticapitalista da esquerda para regular a livre-iniciativa e dar todo o poder ao Estado” (diz a extrema direita) ou sua variante especular: “O AGA (Aquecimento Global Antropogênico) é a cabeça de ponte do imperialismo” (diz a extrema esquerda).
Parece incrível que alguém ainda use esse tipo de argumentação 25 anos depois da queda do Muro de Berlim. O bom dessas duas falácias é que uma delas já está descartada de cara pela aceitação da outra: afinal, o aquecimento global não pode ser ao mesmo tempo uma conspiração da esquerda (caso em que fica difícil explicar a ação de políticos como Angela Merkel, Nicolas Sarkozy e Miguel Arias Cañete, todos de partidos conservadores) e da direita (caso em que fica difícil explicar como a verdadeira cabeça de ponte do imperialismo, o Partido Republicano dos EUA, se opõe maciçamente a combatê-lo). Conforme-se, Aldo Rebelo.
5 – “Nos anos 70 previram uma era do gelo”
Nos anos 1970, medições de temperatura mostravam uma tendência de 30 anos de resfriamento em relação ao período pré-2a Guerra. Isso fez alguns cientistas teorizarem que o Holoceno pudesse estar chegando ao fim e que a Terra pudesse estar entrando numa nova era glacial. A imprensa comprou a história pelo valor de face, embora essa não fosse a opinião majoritária entre os cientistas: um levantamento de 68 artigos científicos sobre o tema naquela época mostra que 10% previam resfriamento global, 62% previam aquecimento e 28% não davam veredicto.
Hoje sabemos, graças aos estudos do clima do passado gravado no gelo antártico, que a longa duração do Holoceno não é sem precedentes na história da Terra: há 400 mil anos, um período interglacial durou 28 mil anos. O nosso tem cerca de 10 mil. Ou seja, a próxima era do gelo causada por fatores naturais ainda deve demorar um tempinho.
6 – “Não há consenso entre os cientistas de que a Terra está esquentando, nem evidência de que isso seja culpa dos seres humanos.”
É preciso saber antes o que é consenso e quem são esses cientistas. “Cientistas” é uma categoria ampla demais: a teoria da relatividade geral pode não ser “consenso” entre os zoólogos, assim como a evolução pode não ser “consenso” entre os físicos. A opinião de uns sobre o domínio dos outros vale tanto quanto a de qualquer outro leigo. Como João Gilberto costuma dizer, vaia de bêbado não vale.
Então a pergunta que precisa ser feita é: há consenso entre os climatologistas – que fazem pesquisa na área e publicam suas pesquisas em periódicos com revisão por pares, sujeitos ao julgamento da comunidade científica e ao falseamento – de que o aquecimento global é real e causado por humanos?
O pesquisador australiano John Cook e a turma do site Skeptical Science se fizeram essa pergunta em 2013. Eles vasculharam 12 mil artigos científicos na literatura que mencionavam “aquecimento global” e “mudança climática”, e constataram que 97% deles afirmavam que o fenômeno é real e causado por humanos. Questionários enviados aos autores dos artigos produziram a mesma cifra: 97%. Portanto, sim, há consenso entre os cientistas. Um estudo de 2007 da americana Naomi Oreskes e outro de 2012 de James Powell chegaram às mesmas conclusões. Powell ilustrou seus resultados desta forma:
Agora vamos à segunda parte: há evidências de que isso seja causado por seres humanos? Em outras palavras, existe uma impressão digital humana no clima? Quem responde a essa pergunta são os satélites, esses diabólicos instrumentos da “ideologia aquecimentista”.
Caso a Terra estivesse esquentando por uma mudança na quantidade de radiação que chega do Sol, único fator natural capaz de mudar o balanço de energia do planeta, um satélite que medisse a temperatura ao longo das camadas da atmosfera veria um aquecimento por igual da estratosfera, a camada superior, e da troposfera, a camada mais baixa. Os satélites têm feito essas medidas. E o que eles detectaram? A troposfera está esquentando, OK. Mas a estratosfera está mais fria. Por quê? Porque a radiação solar reemitida pelo planeta na forma de infravermelho (calor) está ficando presa na troposfera. Por quê? Porque há uma mistura de gases na troposfera que são opacos ao infravermelho, ou seja, bloqueiam esse tipo de radiação. Essas medições são coerentes com um agravamento do efeito estufa, ou seja, um aumento na quantidade de CO2, metano, óxido nitroso e vapor d’água (sim, vapor d’água!) na atmosfera. Existe alguma fonte de gases de efeito estufa capaz de fazer isso? Sim: nós.
7 – “Os Estados Unidos tiveram um recorde de nevascas no último inverno. Cadê o seu aquecimento global?”
Aquecimento global é a média da temperatura planetária, associada ao aumento da quantidade de energia armazenada na atmosfera, que leva a mais extremos climáticos, sejam de calor ou de frio (sim, frio), de seca ou chuva, às vezes nas mesmas regiões. O aquecimento aumenta a evaporação dos oceanos e a quantidade de energia na atmosfera. Isso favorece tempestades mais fortes. Onde chove, chove mais, num período mais concentrado (paradoxalmente, isso também aumenta as estações secas). Onde neva, neva mais. É simples assim.
8 – “O aquecimento global parou em 1998.”
Esse argumento está errado de tantas maneiras que valeria um post inteiro só para ele. Muita gente de boa fé, incluindo cientistas e jornalistas de ciência veteranos, já foi seduzida por essa tese. Ela afirma que, após 1998, a curva de aumento de temperatura da Terra parece ter “estacionado”, ou seja, o aquecimento aparentemente parou de acelerar. Eu disse aparentemente.
O que aconteceu foi que, primeiro, 1998 foi um ano incomum: teve o El Niño mais forte já registrado antes deste de 2015. O El Niño joga o termômetro para cima no mundo todo. Se você olha a série de dados a partir de 1998, vai ter a impressão de que o aquecimento estacionou, porque começou a olhar de um ponto fora do padrão. O gráfico abaixo mostra como ao olhar a série inteira do século esse efeito desaparece, e vemos claramente uma progressão de aquecimento, com alguns períodos sem aceleração. Mesmo com 15 anos de aparente estase, todos os 15 anos mais quentes da história aconteceram no século 21, à exceção de 1998. É um recorde atrás do outro. Os anos de 2005 e 2010 foram os mais quentes, depois superados por 2014, que será superado por 2015.
A outra explicação para a desaceleração do aquecimento global foi dada pelos pesquisadores americanos Kevin Trenberth e Magdalena Balmaseda: em vez de ir esquentar a atmosfera, a energia em excesso dos gases-estufa estava esquentando as camadas mais profundas do oceano.
Por fim, há quem diga que a tal “pausa” no aquecimento nunca existiu: trata-se apenas uma ilusão estatística.
9 – “É tudo modelo. Se você torturar o modelo, ele te diz qualquer coisa.”
Modelos são grandes conquistas da humanidade. Mais até do que a mandioca. Eles permitem fazer perguntas e testar ideias sobre a natureza em situações de outra forma impossíveis. Os remédios que você toma foram testados em modelos celulares e, eventualmente, em animais. O avião no qual você viaja foi testado antes num modelo computacional. Se não houvesse modelos, os aviões teriam de ser testados pela primeira vez na prática, depois de construídos – quem sabe, com uma tripulação de “céticos” da modelagem a bordo.
Como dito acima, modelos de clima (representações matemáticas da Terra, com atmosfera, polos, superfície e mares) precisam ser testados para “prever o passado” antes de colocados para rodar e simular o futuro – ou seja, simular as condições das últimas décadas para ver se a modelagem bate com o que foi medido. Modelos que falham no teste são simplesmente deletados.
Dito isso, os vários modelos climáticos globais têm personalidades matemáticas distintas, que lhes introduz vieses. O modelo do Centro Hadley, do Reino Unido, mostra um mundo em média mais seco no futuro. O modelo japonês Miroc mostra um mundo em média mais úmido. Para diluir o viés e reduzir a chance de erro, o IPCC usa mais de duas dezenas de modelos globais. E eles dão resultados incrivelmente parecidos.
10 – “O professor fulaninho diz que é tudo mentira.”
Voltamos à história de quem são os cientistas e qual é o consenso. Até pouco tempo atrás, havia em alguns veículos de imprensa o vício de entrevistar um ou outro negacionista mais midiático como forma de garantir “equilíbrio de visões” nas reportagens, como se em ciência todas as opiniões valessem a mesma coisa (volto à caricatura dos zoólogos debatendo relatividade geral), e como se a academia estivesse dividida 50% a 50% sobre o assunto. Este vídeo hilário do comediante inglês John Oliver mostra como seria se a imprensa resolvesse representar de fato o equilíbrio de visões da academia sobre a mudança do clima.
No Brasil houve dois negacionistas ilustres da mudança climática. Ambos são meteorologistas (ou seja, têm o costume de olhar o tempo, não o clima), a segunda categoria de cientista com mais propensão ao negacionismo climático (a primeira são os geólogos). Os currículos de ambos revelam uma escassez de publicações sobre mudança climática em periódicos indexados em bases de publicações nacionais ou internacionais (a indexação é uma medida, ainda que imperfeita, da seriedade e da relevância de uma publicação acadêmica). No caso de um deles, todos os sete artigos “científicos” que publicou sobre o tema saíram numa obscura revista eletrônica que tinha ele próprio no conselho editorial. Repetindo João Gilberto, vaia de bêbado não vale.
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Do Observatório do Clima, in EcoDebate, 26/11/2015
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Excelente artigo. Gostaria de fazer um acréscimo.
No ponto 1 um dos grandes problemas da mudança, que muita gente esquece, é a velocidade dela.
Mudar a Terra sempre muda, mas uma coisa é mudar em ritmo geológico, e outra é mudar em um piscar de olhos geológico. A Terra mudou 1oC de temperatura média em 165 anos. Para se ter noção, a mudança de temperatura entre a média da última Era Glacial e 1850 é de 4,5oC e ESSA demorou milhares de anos para acontecer. Se o aquecimento fosse em ritmo geológico, os problemas seriam mínimos, mas não é, e ISSO traz problemas.
Existem suspeitas de que a Terra tenha tido mudanças bruscas de temperatura assim antes (e mesmo assim, a “brusquidão” parece ter sido um pouco menor, nada de 1oC em um século e meio), mas no período dessas suspeitas também ocorreram uma das grandes extinções em massa, além de o planeta ter sido atingido por meteoros e de ter tido uma das maiores erupções vulcânicas da história. As últimas duas são as suspeitas de porque o aumento aconteceu, a primeira… bem, não é exatamente o que queremos que aconteça, espero, até porque, apesar de sermos 7 bilhões por isso termos boas chances, não podemos ter certeza que o Homo sapiens seria o sobrevivente de uma extinção em massa.
Ok, tiramos o foco do aquecimento, dos GEE´s e colocamos no descarte, no excesso de lixo, no consumismo, na extração dos minerais, no desmatamento, nas queimadas, na falta de fiscalização, na corrupção, na incompetência das gestões, na ignorância, no interesse financeiro, na retroalimentação de culturas insanas, na vaidade, na ganância, etc. Fiquem a vontade para escolherem variáveis humanas que contribuem com a desgraça humana e ambiental. Como já dizia: “O homem é o lobo do homem”. Não precisamos da ajuda da natureza para a destruição humana.
Não entendo muito dos termos técnicos usados pelo autor, e não estou bêbado, mas gostaria de perguntar a ele se já viu as pulverizações feitas por aviões a grande altitude, que ocorrem quase que diariamente nos céus das capitais do país, e se ele sabe o que é isso.
Também pergunto se ele já viu as chuvas se formarem e não caírem.
Pergunto ainda se ele já pesquisou a relação entre a Guerra na Síria e a seca avassaladora que aconteceu por lá entre 2006 e 2010.
Pergunto se ele tem conhecimento de que os EUA montaram uma base aérea no norte do Paraguai depois de apearem o presidente Fernando Lugo do poder.
Pergunto a ele porque não se fala mais no terremoto que provocou o rompimento da barragem em Mariana.
E finalmente, pergunto se ele acredita na geoengenharia do clima, e se ele já ouviu falar numa máquina chamada HAARP.
Meus amigos, eu acredito em tudo isso acima, e não só acredito, como vejo diariamente da minha varanda as pulverizações. Vejo cumulus nimbus se dissiparem completamente sem precipitação, vejo um céu branco, e um ar ressecado, será que apenas eu vejo isso?
Waldomiro,
Não sou o autor, mas:
–> Não se fala mais no terremoto que provocou o rompimento da barragem em Mariana porque NÃO foi um terremoto que provocou o rompimento da barragem em Mariana. A notícia foi completamente deturpada, o que os sismólogos falaram foi que os microterremotos que aconteceram no dia _ que, aliás, acontecem TODO dia, mas são tão micros que não se sente _ não podiam ser responsáveis pelo rompimento da barragem se esta estivesse adequada. Mas a Samarco vai ficar muito feliz se você acreditar que foi um terremoto.
O céu branco e ar ressecado, aliás, mais comum ainda, o céu amarronzado em torno das cidades, ou mesmo meio longe das cidades é por poluição do ar, especialmente de compostos de nitrogênio. Você pode notar plantas, especialmente da família dos pinheiros, amarelando e secando mesmo quando há chuva e água também. Isso é excesso de poluição.
As faixas atrás dos aviões são vapor dágua e poluentes (incluindo muito CO2 e um tanto de monóxido de carbono também). Você pode notá-las atrás de carros também, especialmente os desregulados ou quando o tempo está frio. Atrás dos aviões elas aparentam durar por mais tempo porque há menos turbulência para dispersá-las em grandes altitudes (veja a diferença de quanto tempo duram em um dia de céu calmo e em um dia ventoso), porque a temperatura nas alturas é bem menor e o vapor de água solto pelo escapamento dos aviões (vulgo turbina) condensa quase que de imediato (é o mesmo motivo pelo qual é mais fácil ver isso em carros quando está frio) e porque os aviões poluem BEM mais que um carro. Essas faixas existem desde o 14 bis, mas são mais visíveis hoje porque o tráfego de aviões aumentou para caramba.
A seca na Síria (que não terminou ainda) é consequência muito provável das mudanças climáticas (aliás consequencia prevista há vinte anos atrás), e é uma das maiores causas para a guerra ter iniciado por lá (pessoas passando fome ficam mais desesperadas, e quem vai negar o direito delas de achar isso).
Geoengenharia do clima: na maior parte é por os pés pelas mãos. Os problemas que o CO2 causa não se limitam a temperatura, isso é só o mais visível. Os efeitos causados pela acidificação da água do mar são ainda piores, e os esquemas de geoengenharia propostos hoje (com a exceção do aumento de áreas florestais e do sequestro de carbono por recuperação de solo) não previnem a acidificação do mar.
Se a pergunta é se a Geoengenharia do clima está acontecendo agora? Sim, está, estamos jogando teratoneladas de gás carbônico na atmosfera, que deveriam estar quietinhas debaixo da Terra, e vendo no que dá. É um experimento de geoengenharia do clima como nunca foi tentado antes na história desse planeta.
Ah, você estava falando em geoengenharia proposital, com uso da Haarp, uma máquina que esquenta (localmente) a ionosfera para fazer experimentos científicos?
Faça uma experiência: pegue uma panela de macarrão daquelas grandes, e encha de água. Agora, coloque um fósforo aceso debaixo dela. Só o fósforo, sem acender a boca do fogão. Tente fazer a água ferver.
A Haarp aquece a atmosfera? Sim, como o fósforo aceso aquece a panela, mas da mesma forma que é muita água na panela para um mero palito de fósforo, é muita atmosfera na terra para a Haarp estar causando todo o problema que temos. Além disso, lembra que falei em acidificação do oceano? Outra coisa que a Haarp seria incapaz de causar.
E os EUA também estão sendo vitimados pelas mudanças climáticas. Miami está tendo que usar bombas para impedir que a água do mar inunde bairros inteiros da cidade, 24h/dia sete dias por semana. Lembra da Sandy? Não a do Júnior, a tempestade em Nova York? Dificilmente aconteceria sem ajuda do aquecimento global. Idem para a seca da Califórnia. As áreas de cultivo de ostras na Carolina do Norte, em que o oceano está agora ácido demais para nascerem ostras novas? Também coloque na conta do excesso de CO2 no mundo.
Eu ADORARIA que houvesse um inimigo simples e fácil de determinar, como os Estados Unidos Imperialista, nessa história de aquecimento global. Seria uma maravilha, poderíamos tentar nos unir para derrubá-lo e tudo ficaria bem. Por maior que seja um gigante, se ele tem cara ele pode ser derrubado.
Mas a cara do gigante é a nossa. Alguns mais outros menos, de acordo com consumo, desperdício, viagens de avião, pé na jaca no churrasco, cartão de crédito enlouquecido e outras variáveis. Mas de todos nós. Se você está usando um computador para ler essa mensagem, pode ter certeza que está na conta.
Pode parecer um conceito estranho, cada pessoa fazer uma pequena mudança no mundo, e essa pequena mudança fazer uma diferença gigante. Mas se você convencesse um milhão de pessoas a lhe dar um real cada uma, você seria um milionário. E cada pessoa lhe deu apenas um real.
Pense na loteria. Ela dá prêmios gigantes, e ainda assim, um lucro gigantesco para o governo. E mesmo assim, o bilhete de loteria não é tão caro. Como pode ser isso? Porque juntando muita gente, se faz uma mudança grande, mesmo que o papel de cada pessoa seja pequeno.
Juntando todos os seres humanos (na verdade, juntando os 20% dos seres humanos que tem mais grana no mundo… e sim, você está entre esses 20% se está lendo uma mensagem num computador) estamos mudando o mundo. É uma pena que estamos mudando o mundo para causar catástrofes, mas ainda assim, mudando o mundo.
Existe ainda a possibilidade de tentar mudar o mundo para melhor, ao invés de para pior. Depende de agirmos juntos também. Pequenas ações individuais e cooperação entre os nossos grandes coletivos (governos, empresas, igrejas, etc). Provavelmente estamos lascados, pois temos um péssimo currículo em agirmos juntos intencionalmente, mas a alternativa é tão ruim que vale a pena tentar, por difícil e improvável que seja.
Máquina