Com manejo sustentável, indios paumari superam escassez de pirarucu e devem lucrar R$ 80 mil
Por Graziele Bezerra
O índio Joselino, do povo paumari, do Amazonas, já estava desistindo da pesca. Na região onde ele vive, em Lábrea, o pirarucu estava entrando em extinção comercial. Segundo ele, os índios mal conseguiam capturar o suficiente para comer, quanto menos para comercializar.
Sonora: “Nós tava praticamente sem esse peixe aí. Nós não tinha mais. A gente reduziu a malha das malhadeiras pra pegar os pequenos também. Eu já estava desistindo de morar na aldeia. Já ia sair pra morar na cidade porque na aldeia não tinha como a gente se manter na alimentação”.
Foi aí que os paumari resolveram pedir ajudar à Operação Amazônia Nativa (Opan), ONG que atua na região desde 1992. Para recuperar o estoque pesqueiro, os índios precisaram passar cinco anos sem comercializar os peixes. Só era permitido mesmo pescar o suficiente para alimentar a família. O indigenista Diogo Girotto revela que houve resistência dos índios no início.
Sonora: “Houve um pouco de resistência e até falta de conhecimento a respeito disso porque não se tinha na região nenhuma experiência exitosa nesse sentido. Então eles foram protagonistas. Depois do caminho andado, fica mais fácil de você ver que é possível. Mas, até então, a gente mesmo tinha dúvida se o estoque ia responder da forma que respondeu”.
E a natureza, recuperada, foi generosa. Em 2013, os índios começaram a colocar o aprendizado em prática e pescaram 50 pirarucus. Foram cerca de 3.500 quilos de pescado que geraram uma renda líquida próxima de R$ 26,5 mil.
No ano seguinte, o lucro foi ainda maior. Os paumari pescaram quase 5 mil quilos de peixe e lucraram cerca de R$ 37 mil com a venda.
Jurandir Souza Paumari, de 27 anos, comemora o avanço dos negócios.
Sonora: “A gente acreditou muito, foi um momento nosso que nós tivemos muita alegria. A gente viu o nosso futuro também. Não é uma coisa que a gente vai usando um pouquinho, vai jogando fora e no final não vê nada. A gente faz o trabalho e no final a gente vê o resultado totalmente na hora”.
O coordenador da Regional da Funai no médio Purus, Luís Fernandes Neto, estima que cerca de 600 indígenas Paumari vivam na região assistida pelo manejo sustentável do pirarucu. Ele afirma que desde o início do projeto os índios já investiram muito em instrumentos de trabalho, como barcos e malhadeiras.
O período de pesca da espécie ocorre entre setembro e outubro. A Opan estima que os índios pesquem, neste ano, cerca de 170 peixes. O trabalho pode render a eles quase R$ 80 mil.
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Da Radioagência Nacional, in EcoDebate, 15/09/2015
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Muito obrigada por este relato, que mostra a importância e o resultado de um manejo correto. É isso que às vezes é difícil explicar: ambientalistas não são “contra tudo” mas contra fazer do jeito errado e destruir tudo, ao invés de ter comedimento e se conseguir resultados até melhores que os iniciais.