Controle da água do Cantareira deveria ter começado antes, diz presidente da ANA
Ao comentar a crise hídrica que atinge o país, em particular no estado de São Paulo, o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, disse ontem (10) que a restrição da oferta de água no sistema Cantareira deveria ter começado “muito antes” e que não basta controlar a água pela demanda mas pela oferta possível de ser feita pelo sistema.
“Temos que gerenciar o risco de ficarmos sem essa água […] Se cinco [dias sem água] por dois [com água] conseguir fazer com que os reservatórios sejam recuperados, é ótimo que seja adotado. Porém, como essa decisão foi protelada ao longo de um ano, e não foi tomada, o receio que se tem é que talvez o cinco por dois possa não dar a segurança necessária de que em novembro de 2015 ainda tenhamos água no Sistema Cantareira”, disse Andreu ao participar nesta terça-feira do programa Espaço Público, da TV Brasil.
Segundo ele, a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) apresentou estudos equivocados sobre a gravidade da crise no estado. “Erraram porque a cultura de que a chuva viria, que não se pode fazer uma gestão restritiva, que ela teria impacto sobre a opinião da população […] Se a gente não tiver coragem para tomar as medidas necessárias neste processo, corremos o risco de não termos água em 2016”.
Para Andreu, é preciso haver mudanças de hábitos para diminuir o volume de água que cada brasileiro, principalmente na Região Sudeste, consome, e evitar o desperdício. “Sempre se achou que a água era infinita no Brasil e aí gerou todo tipo de desperdício, seja na agricultura, como no âmbito das empresas de saneamento”, disse.
Ele também defendeu que o Brasil retome uma política de construção de reservatórios. “Isso tem impactos sobre o meio ambiente? Tem. Tem impacto sobre algumas comunidades? Tem. Mas temos que colocar do outro lado os eventuais benefícios que uma política desse tipo tem, às vezes, até para controlar enchentes”, declarou.
Da Agência Brasil
Publicado no Portal EcoDebate, 11/02/2015
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Tudo o que o diretor presidente da ANA disse em relação ao Cantareira, vale para o caso de Boqueirão de Cabaceiras, reservatório que abastece a cidade de Campina Grande e outras urbes (16 ou 18) do chamado “Compartimento da Borborema”. Ocorre que, como lá, as medidas para evitar ou protelar o atual racionamento porque passam suas populações não foram implantadas, inclusive a suspensão definitiva da irrigação ilegalmente praticada na bacia hidráulica do açude e que, desde 2013, ano em que começou a seca, retirou uma quantidade de água de, pelo menos, 300 L/s, com os reflexos de tal medida acontecendo nos dias correntes. Infelizmente, a cheia que ocorreu consequente às chuvas que caíram nas cabeceiras do rio Paraíba durou um efêmero dia, já que tais chuvas não continuaram, até as 08:00 horas de hoje, dia 11/02 pararam de cair em todo o semiárido paraibano. E o racionamento continua. A possibilidade de que termine e não haja colapso de abastecimento existe, embora a quadra invernosa ainda esteja em seu início. Rezemos para que as precipitações pluviais sejam retomadas e o fantasma do colapso seja afastado. Devo dizer que o órgão gestor do reservatório de Boqueirão é a ANA. Caso típico de “faça o que digo e não faça o que faço”.
Não conheço a situação do Boqueirão, mas, com relação a São Paulo, acho absurda a dependência do Sistema Cantareira, quando os rios que banham a cidade estão com vazão elevada.
Não está na hora de iniciarmos a captação de água do Pinheiros, do Tamanduateí e do Tietê (não apenas do alto Tietê) realizando tratamento adequado para fornecer à população da cidade? Temos tecnologia suficiente para isso, como disse ontem no Jornal Nacional o Prof. Ivanildo Hespanhol.