Em meio à crise hídrica, São Paulo usará água de reúso (esgoto tratado) no abastecimento
São Paulo passará a usar água de reúso (esgoto tratado) no abastecimento da população, anunciou o governador Geraldo Alckmin. A medida também será adotada por Campinas, cidade localizada a 100 quilômetros da capital. Os municípios paulistas passam pela maior crise de abastecimento de água já enfrentada.
De acordo com o governo estadual, o esgoto, após tratado, será lançado à Represa Guarapiranga e ao Rio Cotia. Misturada ao manancial, essa água é novamente tratada e transformada em água potável. A previsão é que as obras, que incluem duas estações de produção de água de reúso com capacidade de gerar três mil litros por segundo, sejam entregues em dezembro de 2015. Os empreendimentos estão em andamento desde julho de 2013, com investimentos de R$ 76,5 milhões.
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Outra medida adotada pelo governo paulista é o aumento da retirada de água no Guarapiranga. O fornecimento neste mês será de mil litros por segundo, quantidade que atende a 300 mil habitantes. Serão construídos 29 reservatórios para ampliar em 10% a produção de água. A meta é que todos fiquem prontos até o fim de 2015. O investimento alcançará R$ 169 milhões.
No município de Campinas, a Sociedade de Abastecimento de Água e Esgoto (Sanasa) anunciou, no final de outubro, que vai modificar a Estação de Tratamento de Esgoto Anhumas para produzir água de reúso. Essa água é lançada no Rio Atibaia com 99% de pureza, assegura o prefeito Jonas Donizette.
Um sistema adutor, executado em parceria com o Aeroporto Internacional de Viracopos, que já adota a tecnologia, vai também levar água da Estação Produtora de Água de Reúso (Epar) para o Rio Capivari. No total, a ampliação no volume de água, que deve estar pronta em dois anos, chega a 290 litros por segundo no Rio Capivari e 600 litros por segundo no Rio Atibaia.
O especialista em Recursos Hídricos da Universidade Estadual de Campinas, Antônio Carlos Zuffo, avalia que o abastecimento com o esgoto tratado é uma boa solução. “Vivemos numa região que não produz água suficiente para o abastecimento e vamos ter que fazer o reúso. Só que esse reúso tem que passar pelo tratamento, jogar num rio ou numa lagoa para aumentar o tratamento natural. Depois capta novamente a água e passa pela estação de tratamento. Então, passa por três tipos de tratamentos.”
Zuffo esclarece que a água de esgoto tratada lançada aos rios chega a ter mais qualidade que a água encontrada nos mananciais. Segundo ele, muitas cidades do mundo já utilizam essa água, como é caso da Califórnia, nos Estados Unidos. Lá, o efluente é injetado no solo, para que passe pelo filtro natural e retorne em nascentes para ser captado.
“O mito nessa história é que efluente de esgoto, a gente não pode consumir. A estação de tratamento de esgoto não trata 100%, não torna potável, mas lança no curso de água já com uma qualidade melhor que alguns lançamentos diretos”, disse. De acordo o especialista, a água presente nos rios, muitas vezes, tem qualidade inferior por conter esgoto diluído, jogado de forma irregular.
Por Fernanda Cruz, da Agência Brasil
Publicado no Portal EcoDebate, 07/11/2014
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Depois de votar 20 anos nos tucanos vão tomar água com cocô.
Gerson, ninguém vai tomar água com cocô.
O tratamento feito vai produzir água potável no padrão que você consome.
Você confiaria no padrão SABESP, que prioriza os ganhos dos investidores e subestima os investimentos nas áreas que atua?
Não é questão de confiar ou de não confiar.
A água potável segue um padrão determinado pelo Ministério da Saúde. Qualquer discrepância em relação ao padrão impede que a água seja distribuída ao público.
A Sabesp está sendo muito cautelosa em sua atitude de potabilizar indiretamente o esgoto, ou seja, tratá-lo, lançá-lo na represa, captar água da represa, tratá-la e distribuir à população. Para mim, a solução seria a potabilização direta do esgoto, isto é, o esgoto entraria em uma estação de potabilização e sairia como água potável.
Já temos tecnologia suficiente para tal.
O Paulo acho que você nãi liu o artigo enteiramente”O mito nessa história é que efluente de esgoto, a gente não pode consumir. A estação de tratamento de esgoto não trata 100%, não torna potável, mas lança no curso de água já com uma qualidade melhor que alguns lançamentos diretos”, disse. De acordo o especialista, a água presente nos rios, muitas vezes, tem qualidade inferior por conter esgoto diluído, jogado de forma irregular. Além disso com 99% de pureza a augua não é pura pra consumo
São Paulo criará algo assim?
(https://www.youtube.com/watch?v=eGnt32-4CHw&feature=player_embedded)
Não, Joma, infelizmente São Paulo ainda não vai construir uma estação de potabilização de esgoto.
A Tilly tem razão: uma estação de tratamento de esgoto (ETE) não trata 100% do esgoto. O que ocorre é que, quando se faz a potabilização do esgoto, constrói-se uma EPE (estação de potabilização de esgoto) e não uma ETE.
A tecnologia de potabilização de esgoto é praticada desde 1968, quando foi criada uma EPE em Windhoek, na Namíbia.