INB nega contaminação em Caetité, acusa Greenpeace de alarmismo e ameaça processar a ONG internacional
“As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) avaliam a possibilidade de processar o Greenpeace por causar danos à imagem da empresa com a divulgação de diagnóstico que sugere que a possível causa de contaminação do lençol freático do município de Caetité é provocada pela atividade de extração de urânio na região”. A nota de esclarecimento da empresa foi confirmada pelo diretor de recursos minerais da INB, Otto Bittencourt Netto, que acusa a organização não-governamental de utilizar “o habitual tom alarmista que caracteriza suas ações para divulgar um documento no qual não é citada a metodologia científica usada para coleta de água e de solo”. Por Marjorie Moura, do A Tarde, BA, 22/10/2008.
Otto Bittencourt Netto argumenta que, apesar da forma como foi divulgado o diagnóstico informando sobre a contaminação da água de Caetité, no próprio relatório considera-se que a pesquisa é limitada e não responde totalmente se a contaminação é causada pela atividade de extração do mineral ou se é resultado do urânio que existe na região há 500 milhões de anos.
Ele cita que o fato de a pesquisa ter sido realizada no entorno da unidade produtiva de Caetité, única mina de urânio brasileira, aponta claramente que esta leva “perigo ao meio ambiente e às populações que vivem no entorno dessa mineração”.
Classificou ainda de leviana a associação feita pelo Greenpeace sobre “os casos de câncer na região com a lavra da mina de urânio, sem apresentar nenhum indício ou embasamento científico”.
FISCALIZ AÇÃO – Otto Bittencourt lembra que as atividades da empresa são monitoradas e avaliadas por diversos órgãos federais e estaduais, como a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), do INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE (IBAMA), do Ministério do Trabalho, do Ministério da Saúde, da Secretaria deMeio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia, que recebem sistematicamente dados e informações, além de outros por eles exigidos. Sobre a audiência pública a ser marcada pela Procuradora da República Flávia Galvão Arruti, disse que a empresa sempre compareceu a todas as reuniões para as quais foi solicitada.
A jornalista e coordenadora da campanha de energia do Greenpeace Rebeca Lerer nega que a pesquisa tenha apontado a INB como fonte de contaminação, mas realizou a pesquisa de oito meses no entorno da mina de Caetité porque os riscos de contaminação são maiores em zonas de extração e de lavagem do mineral. Ela também negou a inexistência de metodologia do trabalho realizado pela cientista holandesa Rianne Teule, PHD em química física. “O Greenpeace aponta que a água consumida pela população de Caetité apresenta contaminação”, explica Rebeca L e re r.
Ela disse que o trabalho começou com pesquisa sobre o processo de licenciamento formal para instalação da mina, além de conversas com representantes das secretarias de Recursos Hídricos e de Saúde.
“A empresa instalada desde 2008 já sofreu notificações e paralisações de suas atividades por acidentes, vazamentos e investigações de denúncias feitas ao MPF. A falta de esclarecimentos e de acesso às informações são apontados pelas pessoas ouvidas por nós como maior fator de insegurança da população”, disse Lerer. Uma das acusações do Greenpeace é o levantamento da situação de saúde dos moradores antes e depois do início da atividade, além da divulgação das análises de qualidade da água consumida, dados ainda indispon íveis.
ESTUDOS -Otto Bittencourt assegurou que os estudos epidemiológicos começam nos próximos dias, mas admitiu que não existem parâmetros para o início das pesquisas em campo. A reportagem tentou contato com a assessoria de comunicação da INB, mas não teve resposta para a pesquisa.
[EcoDebate, 23/10/2008]
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