A Água, o Lixo e a Vida! artigo de Geraldo Moisés Martins
“LOUVADO SEJAS, MEU SENHOR, PELA IRMÃ ÁGUA QUE É MUITO ÚTIL, PRECIOSA E CASTA!”
(Francisco de Assis, Cântico das Criaturas)
Vinte e dois de março!
Dia do mineral mais precioso do Planeta: A ÁGUA.
[EcoDebate] Podemos viver sem diamantes, mas jamais viveríamos sem a água. Cantareira está provando isso para os paulistas da capital. Temos somente um dia do ano para nos lembrar de que a água doce vem se tornando cada vez mais escassa e de pior qualidade. Principalmente para a maior parcela da população mundial, constituída por países e pessoas pobres. Mas a crise atinge também os ricos. Na verdade, todos os seres vegetais, animais e humanos estão com as suas vidas ameaçadas.
Lamentavelmente, para uma grande maioria de indivíduos esse problema não causa preocupação devido ao desconhecimento e à cegueira diante da realidade. Muitos outros têm consciência, mas por comodismo e omissão, preferem fechar os olhos e cruzar os braços. Por isso, todos nós, cristãos ou não, somos desafiados a tomar uma atitude firme e permanente em defesa da água, desde a sua formação, as suas nascentes, os seus cursos até o seu encontro com o mar.
Com esse objetivo, a Pastoral da Ecologia da Diocese da Campanha sugere um tema para reflexão e ação nesse dia: “A ÁGUA, O LIXO E A VIDA”!
Mas, o que o lixo tem a ver com a água? Muitíssimo, pois esses três elementos estão entrelaçados. Em especial, nos tempos atuais porque o modelo econômico em que vivemos tem por base o consumismo desenfreado que exige uma exploração, em escala avassaladora, dos bens que a natureza dispõe de forma limpa e harmônica. Esses bens, depois de utilizados, são devolvidos ao meio ambiente de forma contaminada, poluída e quase irrecuperável. Demoram dezenas e centenas de anos para a decomposição necessária ao retorno ao ciclo natural de renovação da vida. A natureza não produz lixo! Sua alarmante degradação é consequência desse consumo desenfreado e da quantidade de lixo produzido pelo atual modo de vida irracional e suicida dos humanos.
Ninguém nega que mais água e menos lixo é igual a mais vida saudável. Infelizmente, essa equação está invertida. A cada dia, temos mais lixo, menos água e piores condições de vida.
Será possível reverter esse processo destrutivo? Claro que sim! Mas não basta ter consciência desse drama! É preciso agir com determinação e urgência. Mas isso é muito mais difícil do que se possa imaginar. Há barreiras intransponíveis. Quem estaria, por exemplo, disposto a renunciar aos padrões apelativos e prazerosos do consumo supérfluo?
A inclusão do lixo nessa questão é necessária por estar na ordem do dia em todos os municípios que ainda não equacionaram o problema dos resíduos sólidos. Terão até agosto desse ano para dar uma destinação correta ao descarte do lixo urbano. Não dá mais para esperar e prorrogar uma solução que a natureza reclama há dezenas e dezenas de anos.
Existe, obviamente, a má vontade dos governos. Bastaria, por exemplo, um pequeno percentual do que se esbanjou ou está se esbanjando na farra das obras para a Copa para resolver as carências de saneamento em todos municípios em situação precária. O benefício seria patrioticamente maior que a conquista circense do título de hexacampeão mundial. O País estaria derrotando a vergonha da poluição dos solos, das águas e da atmosfera.
Também, muitas administrações municipais preferem priorizar a recuperação de ruas, praças, monumentos e obras eleitoreiras. Elas até podem ser importantes, mas não têm a mesma prioridade diante do quadro de emergência e de penúria medieval em se encontra o tratamento do lixo e do esgoto em muitas de nossas cidades.
A solução está numa pequena palavra: VONTADE! Basta a população querer, as lideranças civis, as organizações empresariais e religiosas apoiarem e os governos municipais cumprirem suas responsabilidades legais perante o bem comum.
É possível encontrar formas comunitárias e cooperativas de coleta seletiva, separando-se o lixo orgânico do lixo sólido (papel, vidros, metais, plásticos e outros). O primeiro para a compostagem e produção de fertilizantes e o segundo para a triagem do material reciclável. Alguns municípios mais comprometidos com a sustentabilidade já construíram boas soluções que geram empregos e trazem algum retorno para as prefeituras.
Mas o maior bem que essas iniciativas proporcionam é o de garantir uma vida saudável. Essa é a primeira condição para um viver feliz. Uma cidade suja e poluída será sempre uma cidade doente, infeliz e amarga.
Vê-se que os elos entre a água, o lixo e a vida são muito fortes. Tornar essa equação positiva é construir um município sustentável. Somente uma cidade limpa e saudável é uma “cidade feliz”! É o reconhecimento que se deseja para todas as cidades brasileiras.
Lambari, março de 2014
Geraldo Moisés Martins
Coordenador Diocesano da Pastoral da Ecologia
Diocese da Campanha
EcoDebate, 12/03/2014
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Parabéns!!! Pela abordagem do texto são pensamentos e ações como estas que precisamos para melhorarmos nosso padrão de uma vida saudável. pouco se ouve falar sobre esse precioso “Bem”, fornecido pela natureza sem cobrar nada (R$) em troca. somente o respeito sobre seu uso racional.
Caio Cassius de Barros
Eng. Agrícola e Ambiental
Parabens pelo artigo! A frase “Podemos viver sem diamantes, mas jamais viveríamos sem a água. Cantareira está provando isso para os paulistas da capital.” Demonstra a importânicia fundamental da água na vida do planeta!
Lutemos pela implantação de ações na transformação do lixo em adubo, seja em nossas casas ou cobrando dos políticos nas administrações municipais!
Será que não percebem que os problemas ambientais – os citados no artigo, e todos os outros – são originários da superpopulação humana?
A mensagem “crescei e multiplicai-vos” era apropriada para a época em que foi inventada pela igreja, pois, àquela época, a sobrevivência da espécie humana se sentia ameaçada pela enorme dificuldade apresentada pelo meio ambiente e pela falta de conhecimento para curar doenças. Mas, atualmente, o que ameaça a sobrevivência humana e das outras espécies, é a própria espécie humana, a qual, se não for controlada e mantida em número compatível com as possibilidades do planeta Terra, se auto extinguirá.
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