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Guerra: ação pobre, violenta e infantil, artigo de Gilmar Passos

 

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[EcoDebate] O ser humano vive no mundo criando história, a partir de elementos inerentes a sua natureza e de outros que no mundo estão ao seu dispor. Cada elemento tem a função de ajudar a cada pessoa humana a atingir sua meta de destino, a plenitude de felicidade. Todo o projeto inicial na vida humana é cheio de encantos cheios de entusiasmo para o progresso genuíno.

Cada dia é um tempo de novidades e de criar situações novas para o seu ambiente e dos demais seres. Tudo começa no amanhecer, onde são apresentadas as metas de ação do dia a dia. O transcurso seguinte é o do planejamento em conjunto com a elaboração. O dia finaliza exigindo uma postura de descanso que envolve o reconhecimento de tudo aquilo que foi feito e os planejamentos para o dia seguinte. Tudo isso pode acontecer trazendo felicidade ou infelicidade, vai depender da motivação de cada pessoa.

Mas, na história humana o projeto de vida é simples, embora não seja percebido por muitos. Toda tecnologia deve ser produzida em função do ser humano e não da economia. Nossos sonhos e projetos devem ser oriundos do pensamento antropológico e não econômico.

Infelizmente, a história nos mostra claramente que as ações que mais se divulgam são aquelas que envolvem todo o conjunto lucrativo econômico. Isso nos faz perder o encanto pela beleza da vida e nos expõe ao ridículo da ganância e pelo poder. Já quando crianças as pessoas estão sendo educadas para viver em função da economia e começa a corrida desesperada pelas carreiras de posição social. Quem não consegue ser ágil, fica para trás e sofre as consequências de ficar a margem da monstruosidade da economia.

É por essa economia que se estabelecem competições de pessoas de um mesmo território, tanto nacional como internacional. As competições chegam ao absurdo monstruoso de brigas infantis e ridículas envolvendo um aparato de seres humanos com armas nas mãos.

É o que estamos vivendo no momento. As competições econômicas espalharam “minas” em todas as partes do mundo, artefatos que podem detonar a qualquer momento. A ideologia mentirosa de paz se espalha entre os países escraviza jovens para a guerra, ou seja, para irem para os campos de suicídios. Nesses campos desumanos os jovens perdem os sonhos e ideais genuínos pela vida.

A história da humanidade nos apresenta marcas de sangue de inocentes que continuam clamando por justiça e paz. Sinceramente, sem correr risco de erro, temos tudo para afirmar que grande parte dos governantes da atualidade não sabe olhar a história a partir do ponto de vista antropológico. Isso os faz planejarem o futuro distorcido, míope, sem antropologia.

As consequências do pós-guerra na vida das pessoas são cruéis e irremediáveis. Ainda hoje vemos as sequelas da Segunda Guerra Mundial enraizadas nas pessoas que forçosamente tiveram que passar por ela. Temos também, bem mais próximo ao nosso período, o exemplo sangrento e cruel da guerra no Iraque, onde inocentes morreram sem necessidade e as soluções no país não foram alcançadas.
Quando o cessar fogo acontece deixa as marcas da brutalidade e da estupidez dos pobres em humanidade.

Sinceramente, precisamos de pessoas ousadas em atitudes honestas com coragem de abandonar o império do mal. Precisamos de líderes que saibam mobilizar a paz sem armas, sem violência. Não temos como duvidar que o Papa Francisco lançou um programa de paz que vai além das religiões. É disso que precisamos.

A violência, a guerra é coisa de pessoas infantis que não aprenderam a dialogar. É o resultado de uma pobreza de valores humanos, algo como carinho a ternura, o cuidado, o zelo. Para os violentes não existem as palavras mágicas da gentileza, do agradecimento…

Violência e guerra são coisas do desespero daqueles que não sabem agir a partir da humanidade. Para que serve muita tecnologia se não se sabe usá-las? A imbecilidade está dominando o coração dos gananciosos pelo poder econômico.

Por trás de toda violência existe um ser humano pobre, doente, alguém que continua vivendo a infantilidade. Isso está exposto claramente. Qualquer pessoa sensata percebe que há algo de errado com o violento e sabe também que ele não sabe dominar seus impulsos e são dominados pela podridão na mente.

O problema na atualidade não são as armas da Síria. Os líderes da violência, como os Estados Unidos, precisam entender e aceitar que eles estão doentes e estão vendo o mundo a partir da doença que carregam. A mente deles precisa de tratamento de profunda humanidade. Enquanto houver ser humano doente, dominado pelo orgulho, prepotência, ganância não haverá paz no mundo.

O mundo não precisa de guerra, em momento algum precisou dela. O mundo sempre precisou e precisará de paz. Temos que nos conscientizar e nos educar pela paz e seus derivados. Precisamos ser líderes e promotores da criação da consciência e da educação da paz.

Os nossos hábitos precisam de renovação sadia pela verdade. O nosso dia a dia precisa ser incrementado por gestos gratuitos e generosos. Precisamos recuperar o encanto e fascínio pela vida e projetar o futuro a partir da antropologia. Valores humanos precisam ser reconhecidos.

Não podemos aceitar que os violentos que estão no poder sejam nossos representantes. Nem tampouco devemos aceitar que um país lidere a todo o momento violações de direitos humanos com a falsa propaganda de paz. Realmente, os Estados Unidos não representam nenhuma cultura de paz. Eles são líderes mundiais nas falsas propagandas de paz. São líderes mundiais em violações de direitos, ecológicos, sociais, humanos, políticos e etc.

Uma verdadeira antropologia nos faz crescermos, deixamos as atitudes pobres, violentas e infantis Precisamos adotar a antropologia como base do pensamento e incentivo de nossas ações. Com ela a ação pela paz é mais evidente. Os países, partindo dos Estados Unidos por serem de grande influência mundial, precisam adotar a antropologia como projeto de governo e nunca esquecerem que governam para pessoas humanas.

Gilmar Passos, teólogo e escritor.

EcoDebate, 12/09/2013


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One thought on “Guerra: ação pobre, violenta e infantil, artigo de Gilmar Passos

  • Mais que coisa bonita! fazia tempo que não lia um texto nesse sentido, longe das raias da religião. Concordo plenamente! a humanidade (em todos os setores da existência) ainda pauta suas ações com base no “ter”, enquanto deveria fundar suas ações no “ser” e no “dever-ser”, dentro da perspectiva da coexistência humana. Creio que o ser humano ainda acredita ser o epicentro de tudo, quando, na verdade, somos o epicentro de nós mesmo, e parte integrante do todo. O sol ilumina o homem, e não o homem que ilumina o Sol. Assim, a meu sentir, devem ser os princípios e valores humanos de uma sociedade. Essa construção histórica deve nos iluminar com sua grandeza e não o contrário, pois, desconsiderando a construção árdua calcada em luta e dor, seria o mesmo que crestar a flor da esperança com nossas próprias mãos. O Capital é algo chamativo, é verdade. Mas, mais chamativo é o grito de desespero de um ser que é como nós, humano em essência, em carne e em alma.

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