Pobreza, meio ambiente e gastos militares, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] Enquanto a sociedade civil luta para reduzir a pobreza e salvar o meio ambiente, os governos continuam gastando rios de dinheiro com os conflitos internos e com as guerras. Enquanto as campanhas ambientalistas incentivem os indivíduos a fazerem sua parte na defesa do meio ambiente, as autoridades continuam esterilizando grandes volumes de recursos em gastos militares improdutivos. A produção de armas e instrumentos de destruição em massa, no mundo, contrasta com a falta de recursos para produzir alimentos orgânicos, energias renováveis e investimentos em saúde e educação da população global.
O relatório de 2013 do Instituto Internacional para a Investigação da Paz de Estocolmo (SIPRI, sigla em inglês) mostra que os gastos militares no mundo chegou à impressionante cifra de US$ 1.756.000.000.000,00 (um trilhão e setecentos e cinquenta e seis bilhões de dólares) no ano passado.
As despesas militares de cerca de US$ 1,8 trilhões, em 2012, representam 2,5% do PIB mundial, ou US$ 249 para cada habitante do planeta. O valor é cerca de 0,4% menor em termos reais do que em 2011, a primeira queda desde 1998. No entanto, o total de gastos é maior do que em qualquer ano desde o fim da Segunda Guerra Mundial e o ano de 2010.
Segundo os últimos dados (de 2012), o gasto militar dos Estados Unidos (EUA) alcançou o montante de 682 bilhões de dólares (39% do gasto mundial), apesar da redução de seu orçamento de defesa em cerca de 40 bilhões de dólares depois da crise de 2009. Porém, comparando com os gastos do fim do governo Bill Clinton e desde a época de George Bush (filho), continuando com Barack Obama, os gastos militares dos EUA aumentaram 69% após os atentados de 11 de setembro de 2001 e das guerras do Afeganistão e Iraque. Ou seja, os EUA não tem dinheiro para reverter a decadência da cidade de Detroit, mas possuem recursos para manter milhares de ogivas nucleares que ameaçam o Planeta.
Os gastos militares da América do Norte foram de 708 bilhões de dólares, seguidos pela Europa com gastos de 407 bilhões, Leste da Ásia com 268 bilhões, Oriente Médio com 138 bilhões, América do Sul com 66 bilhões e a África com 39,2 bilhões de dólares. Entre os países e depois dos EUA, o segundo lugar, tem sido ocupado pela China (166 bilhões), seguido pela Rússia (90,7 bilhões), pelo Reino Unido (60.8 bilhões), pelo Japão (59,3 bilhões) e pela França (58,9 bilhões). Arábia Saudita, Índia, Alemanha, Itália, Brasil, Coreia do Sul, Austrália, Canadá e a Turquia completam os 15 maiores gastadores improdutivos em despesas de guerra.
O mundo seria muito diferente se todos estes recursos fossem utilizados para erradicar a pobreza e enriquecer o meio ambiente. Contudo, o lobby militar tem grande força para manter seus orçamentos e para continuar, sem restrições, emitindo gases de efeito estufa que provocam a aceleração do aquecimento global.
As Nações Unidas, no relatório “Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza” (PNUMA, 2011), mostrou que é possível erradicar a pobreza e fazer a transição do modelo “marrom” de desenvolvimento atual para uma economia verde e sustentável com investimentos da ordem de 2% do PIB mundial – ou US$ 1,3 trilhão por ano.
Portanto, é preciso inverter a lógica da estratégia da logística da destruição e destinar parte dos 1,8 trilhão de dólares utilizados anualmente nos gastos militares para erradicar a pobreza e salvar o meio ambiente. Pacifismo e ambientalismo são bandeiras que se complementam.
A batalha pela justiça social e pela preservação da natureza passa necessariamente pela luta coletiva contra a corrida armamentista, pelo fim dos gastos militares, pelo desarmamento, pela harmonia entre os povos e pela paz em nível internacional, regional, nacional e local.
Referência:
SIPRI Yearbook 2013. Armaments, Disarmament and International Security.
http://www.sipri.org/yearbook/2013
ALVES, JED. A economia verde e os gastos militares. EcoDebate, Rio de Janeiro, 14/04/2011
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
EcoDebate, 16/08/2013
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O paternalismo governamental empobrece grande parte da população, quando motiva, por exemplo, a aquisição de casinhas populares, onde os pobres ficam endividados, de vez por 300 meses; ou quando adquirem carros populares com isenção do IPI, dívidas de 5 anos e acrescenta-se também a aquisição da linha branca (eletrodomésticos). Quando o governo, assim empreende, deixa a ideia de que ajuda a classe pobre, na verdade está mascarando a crise da economia. Ora, imaginemos que para combater os ventos da crise européia e americana, o governo viu solução na indústria automobilística, na construção civil e na indústria das linhas brancas. Sinceramente, esses setores sim foram beneficiados e não o povo que se endividou. Senão, vejamos. Os brasileiros pobres, mesmo endividados ficam felizes, pois pela primeira vez na vida conseguiram a tão sonhada casinha própria que leva o nome de Minha casa Minha vida. Verdade, eles terão uma vida inteira para pagar prestações ao governo, ou para a maior imobiliária que se chama Brasil. Por conseguinte, no momento do voto, esses brasileiros ficarão com peso na consciência se não votarem para quem lhes possibilitou a casinha, o carrinho, ou a televisãozinha. Desta forma milhões de brasileiros garantem as próximas eleições. Eu pergunto: o que foi que impediu ao governo de implantar a Reforma Agrária, ou o que impediu de investir na infraestrutura, por exemplo, construindo rodovias, ferrovias, hidrovias, aeroportos e metrôs? Se tivesse investido melhoraria a performance quanto ao transporte de carga e de passageiros e ao mesmo tempo geraria emprego e renda. Ah! Quanto as casinhas, o ideal seria ao trabalhador adquirir condição de estabilidade financeira, essa possibilitaria a aquisição do terreno, bem como da construção da casa própria. Feito isto, o trabalhador não ficaria submisso ao discurso e nem mesmo ao paternalismo de pseudos socialistas. Por fim, desculpem-me, a meu ver hoje no Brasil não é possível classificar o regime de governo.