MPF processa a União pela finalização da criação de Unidade de Conservação na foz do Rio São Francisco
Processo de criação da Área de Preservação Ambiental está em curso desde 2003 e ainda não foi finalizado
O Ministério Público Federal está processando a União e o Estado de Sergipe para que finalizem a criação de uma unidade de conservação que proteja a região do Baixo São Francisco, próximo à sua foz. O projeto de criação da Área de Preservação Ambiental (APA) foi iniciado em 2003 pela União e jamais finalizado, faltando apenas o ato da Presidência da República editando o decreto.
Em outubro daquele ano, a sociedade Canoa de Tolda, em conjunto com o Conselho Comunitário da Foz do São Francisco, encaminhou ao Ministério do Meio Ambiente, uma proposta de criação de uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável – Área de Proteção Ambiental – na região sergipana do Baixo do São Francisco. O projeto passou pela tramitação normal no Ibama, tendo sido realizados os estudos técnicos e consulta pública às comunidades locais.
Este trabalho, resultou na elaboração de uma minuta de decreto presidencial para criação da Unidade de Conservação. O decreto, entretanto, não chegou a ser assinado e publicado porque, em 2008, a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Sergipe (Semarh) informou ao Ministério do Meio Ambiente interesse em assumir a responsabilidade pela consolidação da área de preservação. A Semarh informou ainda haver um decreto estadual de 2004 prevendo a criação da unidade de conservação.
Decreto – No processo, contudo, a procuradora da República Lívia Nascimento Tinôco explica que o decreto estadual é ilegal encontra-se em desacordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, uma vez que foi publicado sem realização de estudos técnicos e consultas públicas prévias, que são etapa obrigatória. “Restaria impossibilitada a promulgação de um decreto de criação de uma APA, sem percorrer devidamente as fases técnica e de consulta, isto porque estaria desprovido de qualquer parâmetro para a fixação da modalidade e extensão da proteção”, afirma a procuradora.
A procuradora frisa que a unidade de conservação de uso sustentável, que se pretende implantar na região, tem como traço marcante a participação ativa da população, tanto em sua criação, com a realização de consultas públicas, como na sua gestão, com a exigência de Conselho, cuja composição possui representação dos líderes das comunidades locais.
Diante disso, o MPF requer, no processo, que seja declarada a nulidade do Decreto Estadual nº 22.995/04, que cria a unidade de conservação da região do Baixo São Francisco no âmbito do Estado de Sergipe. A ação civil pública requer ainda que a União retome o processo de criação da APA que protegerá a foz do Rio São Francisco, tendo em vista que o processo está quase concluído, faltando apenas a edição do decreto presidencial.
Preservação – Por outro lado, o MPF também requer que a União seja obrigada a adotar as providências necessárias para a criação e implantação de APA Federal visando à preservação da região da foz do Rio São Francisco. A procuradora Lívia Tinôco lembra que, além de uma importante diversidade biológica na flora local, a região também é área de desova de tartarugas marinhas, berçário de várias espécies de peixes e fonte de insumos essenciais para a estabilidade de diversas aves migratórias.
No processo, o MPF ressalta que esse importante patrimônio natural encontra-se ameaçado por ações humanas. A localidade recebe impacto dos empreendimentos energéticos, industriais e agrícolas, como por exemplo, realização de obras públicas, exploração de petróleo, pesca predatória e emissão de poluentes agrícolas. Além disso, o desenvolvimento urbano da região, com vistas ao turismo, como, por exemplo, o asfaltamento de rodovias de Pirambu (SE) até a foz, bem como o projeto de construção de ponte ligando os municípios de Brejo Grande (SE) a Piaçabuçu (AL), tendem a uma exploração desordenada da região.
Fonte: Ministério Público Federal em Sergipe
EcoDebate, 31/07/2013
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Inquestionavelmente se trata de mais um grande descalabro advindo da esfera governamental da União, denotando que não tem compromisso real com a consecução da proteção, conservação e recuperação sócio-hidroambiental. A criação da APA se afigura como a mais desejável e exequível no que tange à problemática vivenciada na região, para tentar proporcionar um ordenamento e disciplinamento nas atividades, sobretudo as relacionadas com o poder público em geral que, normalmente se associa espuriamente com o poder hegemônico do grande capital para transformar os espaços públicos em “mercadorias” ao seu alvedrio. Parabéns ao nobre Kadu e demais companheiros da Canoa de Tolda que têm sido incansáveis e bravos lutadores na defesa sócio-hidroambiental do Baixo São Francisco.
Até quando essa questão vai ficar pendurada? Inadmissível! Estamos falando de umas das importantes bacias do Brasil… No meu ponto de vista, para o governo ainda não é vantagem finalizar a APA por muitos, mais muitos interesses secretos e corruptos…
Desejo energia e força para todos aqueles que trabalham pela verdadeira defesa da bacia. Como diz Moraes Moreira
“… Sou como o Rio São Francisco
Faço no tempo viagens
No espaço da noite e do dia,
Indo, fluindo às margens
De Pernambuco e Bahia
Andando por todos os lados
Sincretizando os Estados
Arrematando as costuras
Na integração das culturas
Assim como o rio promovo
O abraço que a gente precisa
Em busca do que é mais novo
Sim ultrapasso a divisa
Fazendo a ponte, sem medo
Antonio sou brasileiro
João, Geraldo Azevedo
Petrolina e Juazeiro
Por essas águas tão boas
Sou navegante feliz
Sergipes e Alagoas
Minas, imensos brasis
Quem pode parar a planície,
Os rios e os oceanos?
Ah meu amor, acredite
Também assim sem limite
É o sonho dos seres humanos
Quem pode parar o planeta?
E o movimento que há?
Ah meu amor, com cereteza
As forças da natureza
O vento quem pode parar?
Lavam na beira do rio
As lavadeiras de Deus
A alma dos pecadores
E o coração dos ateus.”
Processe a União também pela leniência e letargia na criação do PN da Serra da Gandarela, RVS do Rio Tibagi, alem de mais uns 10 seculares que não me recordo de nome. Dilma tem conseguido ser o pior presidente no quesito conservação da natureza, algo vital para um país como o Brasil, e olha que perder para Collor e Itamar não é para qualquer um hein…