Nelson Tembra lança o livro ‘O Machado e o Pênis’
Com um público avido pelo interesse das causas que ocorrem na Amazônia Paraense, o livro é prefaciado por um dos maiores ambientalista da Amazônia, mesmo com um título meio impróprio para menores e, em alguns momentos, com boa dose de humor e ironia nas entrelinhas, pois o livro traz uma coletânea de artigos do autor, publicados em diversos sites na internet e em revistas e boletins técnicos especializados, na temática ambiental, sempre buscando a compreensão dessas questões de forma transversal e analiticamente.
‘O Machado e o Pênis’ traz citações do Primeiro Livro de Moisés, ‘Gênesis’, o qual, segundo o autor, contém os primeiros registros históricos conhecidos sobre meio ambiente, política, reforma agrária, a criação das leis e sobre a escravidão nas variadas formas. O livro passa pelo processo de colonização do Brasil, explicando razões históricas da exaustão da Mata Atlântica e a sua literal permuta por ‘bugigangas’, pelos próprios índios, alertando para o perigo da repetição de erros cometidos no passado sobre o futuro da Amazônia. Também traz sobre a história da imprensa no Estado, mostrando que os interesses políticos e econômicos sempre caminharam lado a lado com a imprensa no Pará.
Um dos pontos mais importantes levantados nesta obra traz revelações sobre o cerne de problemas que têm sido publicados na imprensa, com mais freqüência, sobre atos de protestos de populações tradicionais e movimentos sociais, como conseqüência da implantação e operação de projetos altamente impactantes.
Contém no livro uma análise da legislação ambiental brasileira, aplicada a um exemplo didático real da área de mineração, e mostra que o licenciamento não se destinaria apenas para monitorar diversos ambientes – físico, biótico, antrópico, socioeconômico – nas áreas de influência dos projetos. Numa reflexão mais apurada, podemos observar que o autor enfatiza que o licenciamento que deveria servir como instrumento técnico, e não político, de contrato entre o estado e o empreendedor, no estabelecimento de justas compensações de impactos ambientais, não se realiza com a máxima eficiência, como dita a lei, em defesa dos legítimos interesses difusos do Estado do Pará.
Por último, o livro traz uma abordagem sobre os estoques ou ativos ambientais brasileiros, aí incluídos os recursos naturais renováveis e não renováveis. A conclusão é que há uma grande distorção na estrutura de cálculo do Produto Interno Bruto brasileiro, pois o valor monetário da perda ou redução dos estoques ambientais é contabilizado como ‘ganho’ e acaba embutido na receita das mineradoras, por exemplo, mas não deveria fazer parte da sua renda.
Para o autor, em contabilidade ambiental isso significaria ao absurdo de considerar inalterados os estoques das reservas minerais, mesmo após o aceleradíssimo processo de extração que vem sofrendo no Estado do Pará, e ‘isso é algo para acusar inveja aos maiores ilusionistas do planeta’.
Ai fica a pergunta do prefaciador. Seremos o próximo deserto do mundo? O temor é muito grande. A ameaça causa aflição. A realidade está cada vez mais próxima. Até que os governos e as autoridades constituídas reconheçam que no vasto e rico universo amazônico, como em qualquer outro ponto do planeta, o homem e a natureza são elementos primoridiais e importantes. Resta preservar a Amazônia. Pois, ela sempre continuará sendo necessária. O pulmão do mundo!
O livro foi prefaciado por Jorge Calderaro que é Jornalista, historiador, escritor, poeta e ambientalista da ANOTE – Amazônia Nossa Terra
Nota enviada por Nelson Tembra, colaborador e articulista do Ecodebate. Publicada no Acorda Pará, de sábado, 27/09/08– 23h35