Jovens atuais são a maior força de trabalho da história brasileira, diz estudo do Ipea
Os jovens brasileiros da atualidade são e serão a maior força de trabalho da história do país, tanto em nível absoluto quanto relativo, indica estudo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado hoje (22) no Rio.
Nos próximos dez anos, a população jovem, de 15 a 29 anos, chegará a cerca de 50 milhões de pessoas, representando 26% da população. Somente a partir de 2025, esse número começará a declinar, diz o estudo. O tamanho relativo fica muito próximo da média mundial. Os dados fazem parte do primeiro fascículo de uma série que será publicada ao longo deste e do meio do ano que vem.
O estudo também ouviu mais de 10 mil jovens em diferentes partes do país para saber quais são suas prioridades em uma lista que inclui 16 temas. Para a maioria dos entrevistados (85,2%), educação de qualidade é o principal anseio, seguido por serviços de saúde (82,7%) e alimentação de qualidade (70,1%). Ter um governo honesto e atuante é a quarta prioridade do jovem brasileiros (63,5%).O modelo de perguntas usado é da pesquisa My World da Organização das Nações Unidas (ONU)para subsidiar novas Metas do Milênio para depois de 2015.
O presidente do Ipea, Marcelo Neri, que chefia interinamente a Secretaria de Assuntos Estratégicos, explicou que essa onda de longa duração aponta desafios enormes em termos de políticas públicas, que ainda não são aplicadas de forma eficiente para os jovens. “Essa onda jovem vai durar dez anos, mas já vem de dez anos antes. O Brasil já está fazendo mudanças importantes em políticas públicas, mas ainda há muito o que se fazer nesse campo”, disse Neri.
“Essa pororoca jovem pede atenção. É preciso ouvir quais as prioridades desses jovens”, acrescentou Neri. Segundo ele, mais do que políticas públicas de qualidade, ps jovens querem políticas adequadas às suas necessidades. Ele disse que as ações adotadas nos próximos dez anos serão decisivas para a economia e a política do país.
O subsecretário de Ações Estratégicas, Ricardo Paes de Barros, que coordenou o estudo, ressaltou que os próximos fascículos deverão aprofundar as demandas dos jovens e cruzar os dados com o que há de políticas públicas para esse setor. “Vamos cobrir a questão da educação e da distribuição de renda. Também estamos fazendo um levantamento completo de todas as políticas federais, estaduais, municipais, do terceiro setor. Vamos combinar essas demandas com as ofertas de políticas públicas para tentar identificar os gargalos e inadequações”, informou.
Barros, que considera dez anos um prazo razoável para correr atrás do tempo perdido, ressaltou que se, por um lado, o expressivo contingente de jovens pode gerar uma concorrência muito grande, por outro, com políticas acertadas, permite a interiorização da educação técnica e da superior, aumentamdo a especialização do conhecimento, entre outras vantagens.
Os pesquisadores ressaltaram que, embora a população jovem já tenha chegado a 30% da população, as taxas de mortalidade das gerações anteriores eram maiores que as da geração iniciada há cerca de dez anos, o que impedia que uma parcela dos jovens de então chegasse à idade economicamente ativa.
Edição: Nádia Franco
Reportagem de Flávia Villela, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 23/07/2013
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