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Contexto do Diagnóstico Ambiental, artigo de Roberto Naime

 

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[EcoDebate] O Diagnóstico Ambiental é uma ferramenta de gestão ambiental que se insere nos procedimentos de gerenciamento empresarial, com a função específica de proceder uma radiografia da empresa quanto aos aspectos de relacionamento com o meio ambiente, particularmente tratamento de efluentes, gestão de resíduos sólidos e monitoramento e controle de emissões atmosféricas.

Com todas as interfaces suscitadas por estas ações, incluindo ainda a inserção dos conceitos ambientais no cotidiano da empresa, com reflexos no design, ciclo de vida do produto, relacionamento com clientes e fornecedores, projetos de educação ambiental, transparência e responsabilidade.

Atualmente, a primeira questão que se coloca nas empresas é a manutenção de atividades econômicas competitivas em um ambiente legal cada vez mais inibidor, devido ao rigor da legislação ambiental. Sem uma boa solução deste conceito, muitas vezes a própria atividade é inviabilizada.

Depois, deve ser construída uma cuidadosa imagem institucional junto às populações adjacentes ou junto ao público consumidor, registrando e fixando a responsabilidade no tratamento da questão ambiental. Quanto mais desenvolvida for uma sociedade e quanto mais elevado o nível de escolaridade do público-alvo, maiores serão os desafios.

Dentro deste contexto, as empresas precisam avaliar e viabilizar o uso das tecnologias limpas de produção, muitas vezes até necessitando utilizar este conceito, de forma explícita ou subliminar em seu marketing para auxiliar na viabilização do negócio. As empresas devem estar atentas para o mundo global que as cerca e na qual estão inseridas e não apenas nos efeitos que afetem as regiões e comunidades mais próximas.

É necessário partir da premissa que as atividades econômicas devem ser compatibilizadas com as aptidões dos meios físico, biológico e antrópico na qual estão inseridas e ter minimizados todos os impactos ambientais passíveis de ocorrência sistemática ou eventual. As questões relativas ao meio ambiente ocupam uma parcela significativa dos investimentos e dos esforços administrativos de todos os segmentos da atividade econômica.

O contexto envolvendo legislação, normas técnicas e boas práticas exigem a adoção de sistemas de gerenciamento cada vez mais aprimorados, especialmente considerando a natureza multidisciplinar das relações do homem com os meios físico, biológico e antrópico.

A componente ambiental chegou para ficar. Não existe mais dilema. As empresas precisam se adaptar por qualquer que seja a motivação.

As mudanças estruturais que dominam o cenário econômico mundial têm sido um grande motivador de reposicionamentos estratégicos também:

  • Os blocos comerciais do primeiro mundo, a União Européia e o NAFTA (North América Free Trade Agreement), precisam conciliar a abertura comercial com a manutenção de taxas de crescimento que garantam os níveis de emprego e renda, e assim têm privilegiado parceiros comerciais com tratados e eliminado a possibilidade de concorrência com países do terceiro mundo através do estímulo às práticas de barreiras sanitárias, ambientais e sociais;
  • Particularmente setores inseridos em atividades pouco competitivas pressionam com maior intensidade os governos dos países do primeiro mundo;
  • A criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) dificulta a fixação de barreiras comerciais injustificadas. Mas a qualidade ambiental é um motivo previsto para criação de barreiras, e atualmente já opera com intensidade a Comissão de Meio Ambiente da OMC;
  • A Comunidade Econômica Europeia, associada a importantes organizações não-governamentais e instituições científicas renomadas vêm procedendo a elaboração e implementação de mecanismos próprios de certificação da qualidade ambiental dos produtos comercializados na Europa, num procedimento que muitas vezes é pouco transparente e tendencioso, guiado mais por interesses em criar barreiras do que em estimular procedimentos sustentáveis;
  • Os países que coordenam todos os subcomitês e grupos de trabalho das normas ISO 14.000/2000 são do primeiro mundo, enquanto é constatação inequívoca que os maiores problemas ambientais estão situados no terceiro mundo;
  • As importantes e meritórias políticas de concessão de “selos verdes” para produtos e serviços, considerando critérios individuais ou setorializados, é outro mecanismo que se presta a fixação de barreiras mais do que expressar efetiva qualidade ambiental.

Em nível internacional, podemos afirmar que muitas vezes são criados ambientes de “inquisição ambiental” sem justificativas, na realidade por motivos mais que imagináveis.

Neste cenário, cabe aos segmentos mais importantes da economia, que por seu nível de retorno são capazes de representar a vanguarda empresarial, liderar um processo de aprimoramento e adaptação das práticas de gerenciamento ambiental, independentemente do arcabouço legal e institucional que emoldure o quadro.

Não são as leis, normas e regulamentos ou a fiscalização pública apenas que devem ser os indutores desta nova atitude em relação ao meio ambiente. As necessidades práticas, dos mercados interno e externo, as demandas institucionais de imagem e as necessidades de manter permanente atualização na busca de padrões que desestimulem as tentativas de criar falsas barreiras ambientais, são motivações suficientes.

A dinâmica e a velocidade das mudanças do mundo tornam a certificação da Qualidade Ambiental uma meta permanente a ser buscada e que carrega inseridos o engajamento organizacional e um alto padrão técnico, fatores desejáveis e necessários para a consecução dos objetivos.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

EcoDebate, 22/03/2013


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