Municípios do Estado do Rio de Janeiro com crescimento de católicos entre 2000 e 2010, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] Os estudos sobre religião no Brasil têm crescido nas últimas décadas, especialmente depois que o IBGE começou a disponibilizar, via Internet, os microdados dos censos demográficos. Minha linha de pesquisa sobre religião, com enfoque demográfico, busca analisar os dados disponíveis para compreender as tendências de mudanças. Não existe nenhum posicionamento contra ou a favor de qualquer corrente religiosa. O objetivo deste artigo é apenas destacar o caso de dois municípios que reverteram a tendência geral do Estado. Vale a pena conhecer os dados e refletir sobre a dinâmica das filiações religiosas, especialmente neste momento em que o papa Bento XVI renunciou e a igreja está em processo de eleger um novo papa.
O Rio de Janeiro é a Unidade da Federação com o menor percentual de pessoas que se declaram católicas no Brasil. Para uma população de 14,4 milhões de habitantes havia 8 milhões de católicos (55,7%), em 2000, passando para 16 milhões de habitantes em 2010, com 7,3 milhões de católicos (45,8%). Na primeira década do século XXI o percentual de pessoas que se autodeclararam católicas caiu em 90 dos 92 municípios do estado do Rio de Janeiro. Contudo, em dois municípios fluminenses houve aumento absoluto e relativo da população católica.
No município de Macuco o número de católicos passou de 3.579 pessoas, em 2000 (representando 73,3% da população) para 3.948 pessoas em 2010 (representando 74,9% da população). O percentual de macuquenses que se declararam evangélicos também subiu ligeiramente, passando de 18,6% em 2000 para 19,1% em 2010. A diminuição ocorreu no grupo de outras religiões e entre aqueles que se declaram sem religião.
No município de São José de Ubá o número de católicos passou de 3.946 pessoas, em 2000 (representando 61,5% da população) para 4.634 pessoas em 2010 (representando 66,2% da população). O percentual de ubaenses que se declararam evangélicos também subiu ligeiramente, passando de 22,3% em 2000 para 25,5% em 2010. A diminuição ocorreu somente entre aqueles que se declaram sem religião.
Embora estes dois municípios sejam pequenos, eles contrariaram a tendência geral de queda dos católicos nos municípios fluminenses. A hierarquia da Igreja Católica poderia aprofundar os estudos nestas duas cidades para verificar se pode tomá-las como exemplo de uma recuperação contrária às tendências de declínio que acontecem nos demais municípios do estado do Rio de Janeiro. A vinda do novo papa ao Rio de Janeiro pode servir de inspiração para um fortalecimento das hostes católicas no estado em que as perdas são as mais aceleradas de todo o Brasil.
O fato é que a Igreja Católica – que manteve sua hegemônica no Brasil, desde a primeira missa rezada pelo Padre Henrique de Coimbra, no dia 26 de abril de 1500 – está tendo dificuldades para acompanhar as mudanças econômicas, culturais e demográficas da sociedade brasileira. Uma modernização da Igreja Católica faria bem para todos, pois um país democrático e laico (respeitando a pluralidade de cultos) precisa manter um bom relacionamento entre as diversas doutrinas religiosas e os segmentos da sociedade que se declaram sem religião. Na democracia, acima de tudo, é preciso respeitar a separação entre Estado e Igreja, garantindo a liberdade de escolha (racional) para os cidadãos e cidadãs do país.
ALVES, JED. Chuí: a capital brasileira dos sem religião. EcoDebate, Rio de Janeiro, 06/02/2013
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
EcoDebate, 27/02/2013
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O estado não devia abster-se da questão das crenças religiosas, e deixar que as pessoas mais ingênuas e necessitadas caírem nas carras das religiões, que se impõem desavergonhadamente. Todos deviam ter informações fartas sobre o que, de fato, são as religiões, que se fundamentam em um universo de inverdades. A sociedade só teria a lucrar se as escolas se dedicasse, também, a esse trabalho de conscientização.
Essa liberdade para o exercício de atividades enganatórias e extorsionárias é incompreensível e intolerável.