A população do Paquistão em 2100, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] O Paquistão fazia parte, junto com Bangladesh da grande civilização da Índia. Em 15 de agosto de 1947, a Índia conseguiu sua independência do domínio britânico, sendo que as zonas de maioria muçulmana se separam para formar um novo país com duas áreas separadas, o Paquistão Ocidental e Oriental. De 1947 a 1971 Bangladesh (parte oriental) e Paquistão (parte ocidental) faziam parte de um só país. Em 1971, depois de uma guerra civil de nove meses, houve separação das duas partes.
O Paquistão tinha uma população de 37,5 milhões de habitantes em 1950, passando para 173,6 milhões em 2010, mais do quadruplicando de tamanho em 60 anos. A divisão de população da ONU estima, para o ano de 2050, uma população de 314,3 milhões na hipótese alta, de 274,9 milhões na hipótese média e de 238,5 milhões, na hipótese baixa. Para o final do século as hipóteses são: 417,5 milhões de habitantes, na hipótese alta, de 261,3 milhões, na média, e 153,4 milhões na hipótese baixa. Ou seja, o Paquistão apresentou um grande crescimento populacional na segunda metade do século XX e ainda vai crescer na primeira metade do século XXI (mesmo na hipótes baixa).
A densidade demográfica do Paquistão era de somente 47 habitantes por km2, em 1950, mas passou para 218 hab/km2, em 2010, e deve ultrapassar a densidade demográfica do Japão antes de 2050. Atualmente, o Paquistão é o 6º país do mundo em termos de tamanho populacional, mas deve ultrapassar o 5º lugar do Brasil até 2020, pois enquanto no Brasil, no quinquênio 2010-15, devem nascer 3 milhões de bebês ao ano, no Paquistão este número é de 4,8 milhões de bebês por ano.
A taxa de fecundidade total (TFT) estava em 6,6 filhos por mulher no quinquênio 1950-55 e se manteve alta, em 6,3 filhos até 1985-90. Mas caiu para 3,7 filhos por mulher no quinquênio 2005-10. A divisão de população da ONU acredita que as taxas de fecundidade vão cair para abaixo do nível de reposição no quinquênio 2045-50, devendo ficar em 1,9 filhos por mulher. Mas atualmente as taxas de fecundidade do Paquistão ainda continuam altas, superiores às taxas da Índia e de Bangladesh.
As taxas de mortalidade infantil estavam em 177 por mil no quinquênio 1950-55, passou para 71 por mil no quinquênio 2005-10 e deve atingir 42 por mil no quinquênio 2045-50. Já a esperança de vida subiu de 41,2 anos, para 64,6 anos e deve atingir 72 anos, nos mesmos quinquênios. Nestes quesitos o Paquistão também está pior do que a Índia e Bangladesh.
Além da pobreza e da desigualdade social, uma coisa que pode comprometer o futuro da população são as consequências do aquecimento global. O Paquistão depende das águas provenientes das geleiras do Himalaia, que são responsáveis por 75% a 80% dos recursos hídricos do país. O derretimento das geleiras é a fonte principal da rede de irrigação no Paquistão, que alimenta 90% das terras agrícolas. Uma alteração no fluxo da água terá graves consequências para a produção agrícola paquistanesa. Além disto, a China tem construido repressas e diminuido a disponibilidade de água para o Paquistão e a Índia.
Embora cada cidadão do Paquistão tenha uma pegada ecológica 10 vezes menor do que os moradores dos Estados Unidos da América, o país possui grande déficit ambiental. A pegada ecológica do país era de 0,75 hectares globais (gha) per capita, em 2008, de acordo com o relatório Planeta Vivo, da WWF. Porém, a biocapacidade per capita era ainda menor: de apenas 0,40 gha. Desta forma, o Paquistão terá um grande desafio nas próximas décadas para promover o crescimento econômico, com aumento da qualidade de vida da população e com a defesa e a recuperação do meio ambiente.
O desenvolvimento sustentável do Paquistão não será alcançado facilmente, pois haverá dificuldade para alimentar e melhorar o padrão de vida da população que tinha um Índice de Desenvolvimento Humano de 0,5 em 2011, menor do que o IDH da Índia, de 0,55. Tudo isto dificulta a saida da armadilha da pobreza. Os conflitos internos e a violência são outros elementos que dificultam a melhoria das condições de vida da população. Somente com o esforço interno e a cooperação internacional as condições atuais do país poderão ser revertidas.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
EcoDebate, 14/12/2012
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Engraçado … mais uma vez NINGUÉM fala em controle populacional … será que isso é um grande Tabu ??? Me parece a única solução óbvia.
Conforme compreendo, Bruno Versiani dos Anjos, O CONTROLE DA POPULAÇÃO HUMANA vai de encontro ao interesse fundamental do capitalismo, qual seja o próprio desenvolvimento incessante.
A população humana atual (mais de 7 bilhões), aliada ao desenvolvimento científico e tecnológico, já fez com que a possibilidade de manutenção da vida (animal e vegetal) fosse ultrapassada. Mesmo com essa população, estamos ingressando na fase de desabastecimento cada vez mais amplo, e, em poucas décadas, esse desabastecimento (falta de alimento e água) associado a grandes mudanças climáticas, fará com que todo o sistema PLANETA TERRA entre em colapso.
Em outras palavras, se definirmos o “FIM DO MUNDO” como a impossibilidade de a vida continuar, aqui, neste Planeta que habitamos, concluiremos que o “FIM DO MUNDO”, há algumas décadas, já está iniciado.