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Histórico da gestão ambiental, artigo de Roberto Naime

 

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[EcoDebate] Os primeiros relatos de atividades conexas com o que pode se considerar gestão ambiental vem de evidências recentes, encontradas no centro do Jordão, que sugerem que desde 6.000 anos a.C., aproximadamente uns mil anos depois do surgimento das comunidades estabelecidas, as aldeias fossem abandonadas a partir do momento em que a erosão do solo, causada pelos desmatamentos, criava um ambiente completamente danificado e impróprio para o cultivo.

Já em 4000 A.C a sociedade sumérica, que em 3.000 a.C. tornou-se a primeira sociedade literata do mundo, acompanhou a cada ano o seu declínio vendo sua “terra tornar-se branca”, uma clara referência ao impacto drástico da salinização. As terras irrigadas que haviam produzido os primeiros excedentes agrícolas do mundo, começaram a se tornar cada vez mais salinizada e alagadiça, levando toda uma sociedade à decadência (PONTING, 1991).

Ponting (1991) conta que na Grécia, os primeiros sinais de uma destruição em larga escala surgiram aproximadamente em 650 A.C., com o crescimento da população e a expansão dos territórios. A raiz do problema no local foi que 80% da terra, que não era própria para cultivo, serviu de pasto para os rebanhos. Talvez a melhor descrição do que ocorreu com a Grécia foi feita por Platão, em sua obra denominada Críticas.

Os mesmos problemas surgiram na Itália alguns séculos mais tarde. Por volta de 300 a.C., a Itália ainda possuía muitas florestas, mas a exigência crescente de terra e madeira resultou em um desmatamento rápido. A conseqüência inevitável foi à erosão do solo em níveis elevados. Muitos historiadores acreditam que a degradação ambiental da região tenha sido um dos principais fatores para o declínio de Roma.

A criação de ambientes artificiais para o plantio de alimentos e o crescimento das comunidades não só concentrou o impacto ambiental das atividades humanas, como também demonstrou, talvez pela primeira vez, que seria muito mais difícil para as sociedades humanas escapar das conseqüências de seus atos (CAMPOS, 2001).

No século XVIII o homem passa a vivenciar a Revolução Industrial, um fenômeno em precedentes que mudará completamente o processo de produção até então existente, suas relações com o trabalho, bem como as características físicas do planeta, marcado pela acessão de uma economia industrial. Com o avanço da Revolução Industrial a energia foi o fator primordial para a produção e fez com que o homem e a sua recente invenção, a máquina, trabalhassem juntos.

A humanidade usa a justificativa da necessidade de sobrevivência e o desenvolvimento inevitável, como subterfúgio para as ações danosas ao meio ambiente.

Até a revolução industrial a agricultura contribuía significativamente para os primeiros impactos ambientais causados na terra. Com a exploração inadequada de recursos e a poluição resultante do avanço tecnológico impuseram um ritmo muito mais acelerado à degradação ambiental. Neste período, as organizações tinham como principal objetivo produzir.

Em busca de progresso e para atender as necessidades de consumo das populações que aumentavam em cada região, a Revolução Industrial trouxe a produção em escala, indo contra os princípios do trabalho manual, que até o momento vigorava.

Mas o progresso e as novas fontes de energia trouxeram também a possibilidade do uso de meios de transporte, proporcionando a possibilidade da locomoção. O homem sai das suas vilas e passa a conhecer os arredores. Trata-se de uma época em que a história natural estava em evidência.

Darwin defendia sua Teoria da Evolução do Homem e com isso a Europa Industrial iniciava discussões sobre a poluição causada pelo progresso e, ainda que de uma forma muito romântica, a necessidade de preservação da fauna e flora (CAMPOS, 2001).

Com o crescimento desenfreado da produção de bens e consumo a partir da Segunda Grande Guerra Mundial e com o aumento populacional. ocorre como conseqüência: a escassez de água, crise energética, proliferação de doenças, intensificação de secas e enchentes, incluindo a previsão do esgotamento total dos recursos naturais existentes, devido ao desequilíbrio ambiental causado pelo envenenamento progressivo do planeta. Neste momento estamos passando para a chamada modernidade.

PONTING C. Uma História Verde do Mundo. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1991.

CAMPOS, L. M. S.; MELO D. A. Indicadores de desempenho dos sistemas de Gestão ambiental(SGA): uma pesquisa teórica. Produção, v. 18, n. 3, p. 540-555, 2001

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

EcoDebate, 11/10/2012

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