Reconstrução da barragem Algodões no Piauí gera protesto das famílias atingidas
Foto no Portal Boca do Povo
[Por Tânia Martins, de Teresina, para o Portal EcoDebate] O sentimento de indignação das 1.200 famílias atingidas pelo o rompimento da Barragem Algodões I, no município Cocal, a 250.quilometros de Teresina, em 2009, aumentou com a informação da reconstrução da barragem com recurso do Programa de Aceleração do Governo- PAC 2. Diante da notícia, os atingidos pela tragédia, se preparam para ocupar o local e não permitir o início da obra, prevista para setembro próximo.
Outra informação, está contida no relatório apresentada pela Polícia Federal sobre a tragédia e que aponta negligência por parte do ex-governador Wellington Dias, que teria recebido em 2006, do Ministério da Integração, 595 mil reais para realizar obras de reparo na barragem, jamais realizadas. A revelação fez aumentar a revolta das vítimas, segundo afirmou o presidente da Associação das Vítimas do Rompimento da Barragem Algodões-AVABA, Corsino Medeiros
Ele disse que uma Ação Civil Pública, com pedido de liminar está sendo preparada para embargar os serviços da barragem que leva o nome de Nova Algodões, com orçamento de 105 milhões, autorizados desde o último dia 10. Também se a
Ele disse que uma Ação Civil Pública, com pedido de liminar está sendo preparada para embargar os serviços da barragem que leva o nome de Nova Algodões, com orçamento de 105 milhões, autorizados desde o último dia 10. Também se articulam para lutar pela punição dos culpados pela tragédia.
De acordo com o presidente, em relação a nova barragem, as famílias atingidas querem conhecer o projeto de reconstração para saber se o mesmo apresenta quesitos importantes de segurança e sustentabilidade com a viabilidade de projetos de irrigação, abastecimento d´água e respeito ao meio ambiente através dos Estudos e Relatórios de Impactos Ambientais, EIA/RIMA, e, claro, garantia de manuteção dos paredões. “Queremos um projeto que possa transformar a economia da região, bem como a vida social das famílias”, disse.
Sobre a idenização dos atingidos, prevista desde 2009, o presidente da AVABA informou que o governo ignora o assunto e a expectativa de todos é que a Justiça consiga resolver o impasse. Ele comentou que a verba idenizatória chega a 40 milhões e que se não tivesse havido desvio do montande de 125 milhões enviados pelo o Governo Federal, na época da tragédia, as famílias teriam sido idenizadas.
A conta feita pela AVABA avalia que o governo gastou em torno de oito mil reais por casa construida nos municípios de Cocal e Buriti dos Lopes, após a destruição das antigas moradias, perfazendo 600 unidades, a sobra dos recursos não se sabe onde foi parar já que, de acordo com a Associação, nenhuma prestação de conta foi apresentada.
Sobre a atual condições de vida que levam as famílias prejudicadas, Corsino assegura que é de penúria, sendo a situação mais difícil para as que vivem na área onde desagua o Rio Pirangir, em Buriti dos Lopes. Ele conta que essas famílias foram completamente abondanadas, não foram contempladas com a pensão paga pelo o Governo de 60 reais por pessoa, a propósito, no universo de 1.200 famílias, somente 225 famílias tiveram o direito assegurado.
Ainda sobre os atingidos de Buriti dos Lopes, Corsino diz que as famílias estão vivendo dos programas sociais do governo e que somente após dois anos do acidente tiveram a água e a energia restabelecidas nas comunidades.
Punição aos culpados
O presidente da AVABA revelou que após a investigação realizada pela Polícia Federal, a população de Cocal e Buriti dos Lopes ficou estarrecida com o resultado do relatório que aponta o governador Wellington Dias-PT, como o único responsável pelo o rompimento da barragem
Segundo ele, o inquérito policial está sendo analisado no Supremo Tribuanal de Justiça, graças a condição do ex-governador ser hoje ser senador e ter foro privilegiado. “Esperamos que a Justiça seja feita e culpado ou os culpados punidos”, vislumbra.
A tragédia anunciada
A barragem Algodões I rompeu no dia 27 de maio de 2009, deixando um saldo de nove mortos, mais de 90 feridos e cerca de duas mil pessoas desabrigadas. As águas, cerca de 52 milhões de litros, atingiram aproximadamente 20 metros e arrastaram próximo de 600 moradias.
Também morreram milhares de animais domésticos, plantações foram varridas, árvores e pomares destruidos, assim como postes, telefones público, cercas. Sem dúvida, foi a maior tragédia registrada na região.
Tânia Martins é jornalista e ambientalista.
EcoDebate, 15/08/2012
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