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Proteção a rios não perenes pode voltar a ser negociada entre governo e ruralistas

 

Rio intermitente, no semiárido, região do Vale do Açu/RN. Foto de Henrique Cortez
Rio intermitente, no semiárido, região do Vale do Açu/RN. Foto de Henrique Cortez

 

A Frente Parlamentar da Agropecuária manifestou ao relator da MP do Código Florestal, Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), disposição de negociar a volta da proteção a rios temporários. Emenda que excluiu esses cursos d’água do conceito de Área de Preservação Permanente (APP), restringindo a exigência de preservação às margens de rios perenes, foi aprovada pela comissão mista que examina a medida provisória.

De acordo com Luiz Henrique, que se reuniu no dia 9 com o presidente da frente, deputado Homero Pereira (PSD-MT), os ruralistas defendem ainda que a MP seja modificada para permitir a construção, em APPs, de reservatórios para irrigação e aquicultura; a exclusão de várzeas do conceito de áreas úmidas; e a edição de decreto específico para tratar das multas cobradas de proprietários rurais que descumpriram a legislação ambiental.

As demandas, no entanto, são polêmicas. Para o senador Jorge Viana (PT-AC), são mudanças que representam retrocesso inclusive em relação ao texto do novo Código Florestal aprovado pela Câmara, que teve partes vetadas pela presidente Dilma Rousseff, dando origem à MP.

Para ele, as mudanças defendidas pela bancada ruralista representam prejuízos à proteção ambiental, da mesma forma que a emenda acabando com a proteção aos rios temporários. A aprovação dessa emenda, na última reunião da comissão mista, no dia 8, acirrou os ânimos entre parlamentares ruralistas e ambientalistas, levando o relator a pedir a suspensão de reunião agendada para o dia seguinte. Temendo novas derrotas, o governo apoiou a estratégia e a conclusão do exame de emendas à MP foi transferida para o dia 28, quando o Congresso realiza a segunda semana de esforço concentrado do período eleitoral.

Até lá, a estratégia do governo é acalmar os ânimos e retomar o diálogo, de acordo com o líder no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM).

– Vamos buscar o distencionamento e a construção do entendimento necessário para a conclusão da votação da medida provisória – disse. Depois da comissão mista, a MP precisa ainda passar pelos plenários da Câmara e do Senado. Para não perder a validade, precisa ser aprovada pelo Congresso até o início de outubro.

Cerrado

A comissão terá ainda que buscar acordo sobre regra para cômputo das Áreas de Preservação Permanente (APPs) no percentual mínimo obrigatório de reserva legal nas regiões de cerrado da Amazônia Legal. A mudança na regra foi incluída ainda na votação do texto base do relator, mas o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) apresentou emenda para retirar a norma, por considerar que, na prática, reduz o mínimo exigido de reserva legal em propriedades localizadas no cerrado da Amazônia Legal.

Emendas aprovadas

Além da emenda que trata dos rios temporários, a comissão mista aprovou modificação no conceito de pousio (interrupção de cultivos visando à recuperação do solo), retirando a limitação do percentual de 25% de sua aplicação às propriedades rurais.

Também foi aprovada emenda que acrescenta a definição de crédito de carbono ao novo Código Florestal (Lei 12.651/2012). Já a emenda que propunha a exclusão do conceito de áreas úmidas foi rejeitada, em votação que precisou ser desempatada pelo presidente da comissão, deputado Bohn Gass (PT-RS).

Matéria da Agência Senado, publicada pelo EcoDebate, 15/08/2012

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2 thoughts on “Proteção a rios não perenes pode voltar a ser negociada entre governo e ruralistas

  • Caros Senhores/especialistas

    Eu cidadão Brasileiro, vou dar a minha resposta no VOTO e proponho a todos meus amigos e amigas que façam o mesmo.

  • Cláudio Selivon

    Além dos rios não perenes, existe uma rede de drenagem superficial que carreia águas pluviais para estes rios. Se separar as coisas, estabelecendo critérios indicadores ficaria fácil de se determinar o que deveria ser considerado rio não perene com APP e o que seria mera rede de drenagem de águas pluviais sem necessidade de APP, principalmente em áreas cujos projetos preveem a manutenção da floresta, como por exemplo o manejo florestal sustentável. Tecnicamente muito simples se os burocratas, políticos ou ecologistas fizerem um pequeno esforço para entender. Ficaria bom pra todo mundo.

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