Complexo hidrelétrico na bacia do Tapajós: Usinas-plataformas?
Diante da polêmica e da reação, o governo passou a admitir a possibilidade de rever – o projeto original previa a construção de cinco usinas: São Luiz de Tapajós, Jatobá, Cachoeira dos Patos, Jamanxim e Cachoeira do Caí. “Acredito que teremos de abrir mão de parte de nosso potencial hidrelétrico. Certamente não poderemos usar todo o potencial do Tapajós” diz Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Porém, as usinas de São Luiz do Tapajós e Jatobá, exatamente as que mais impactos causarão, estão fora da revisão.
Reagindo às críticas de destruição ambiental, o governo anunciou que as hidrelétricas seguirão um conceito inovador: o de usinas-plataformas, projeto inspirado na logística utilizada pela Petrobrás em suas operações na Bacia de Campos. Segundo o governo, esse conceito elimina a necessidade de construção de vilas no entorno das usinas, o que reduz o risco de desmatamento. Os funcionários seriam levados de helicóptero para o trabalho, onde ficariam por períodos mais longos.
As usinas-plataformas seriam montadas – argumenta o governo – sem a necessidade de abertura de estrada ou grandes desmatamentos, com os equipamentos levados por via fluvial ou por helicópteros. “Não tem cidade, não tem estrada, não tem madeireira. Então você monta uma indústria, as pessoas vão e voltam de helicóptero. É muito promissor”, disse à época o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc.
“Estão tão embriagadas com essa orgia energética que ficaram criativos. Esse folhetim da Eletrobrás apresenta uma chamada inovação na construção de hidrelétricas na Amazônia. O tom é de ufanismo, tipo, ‘hidrelétricas do bem’ ou ‘desmatamento cirúrgico’ (inspirado no Bush) ou ainda ‘reflorestamento radical’”, criticou a ambientalista Telma Monteiro.
Quem também ironiza a proposta é o padre Edilberto Sena, uma das vozes de oposição ao projeto: “A hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, segundo a Eletronorte, será construída, quase como a bíblia descreve a criação do mundo por Deus. Assim: sem destruição, sem impactos negativos, até escadinha para os peixes subirem e descerem o rio haverá. Imagine que ela diz que os trabalhadores não residirão na área de trabalho, mas cada dia serão transportados de helicóptero e barco para a cidade de Itaituba. Quem já viu como se faz uma barragem (aquela será para gerar ao menos 8.000 megawattz de energia, um paredão de 36 metros) pode imaginar que ao menos 10.000 e até 20.000 trabalhadores estarão envolvidos na obra, então…todo dia essa tropa será levada e trazida a Itaituba…”, diz cético.
Pergunta ainda Edilberto Sena: “Mas para quem servirá a eletricidade dessas grandes hidroelétricas, quando o Pará já tem Tucuruí? A construção de da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia começa destruindo natureza e expulsando famílias. Será diferente a hidroelétrica de São Luiz do Tapajós, de Jatobá e do Jamanxim? Por que enganar os povos do Tapajós? Quem pode impedir tais desastres? Só povos esclarecidos, unidos e organizados de Santarém, Aveiro, Itaituba e outros. Mas, estão atentos para isso? O que acontecerá no Alto Tapajós atingirá o povo de Santarém? E por fim, eticamente justifica sacrificar povos e comunidades inteiras em nome do progresso? Quem viver verá!”, conclui ele.
A análise da Conjuntura da Semana é uma (re)leitura das Notícias do Dia publicadas diariamente no sítio do IHU. A análise é elaborada, em fina sintonia com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU, pelos colegas do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT, parceiro estratégico do IHU, com sede em Curitiba-PR, e por Cesar Sanson, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, parceiro do IHU na elaboração das Notícias do Dia.
(Ecodebate, 06/08/2012) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.
[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]
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Não deixam de começar a abrir o portal da criatividade.
Se abriram, então as idéias novas e viáveis podem ser mostradas para entrar nas “alternativas”.
Abandonando o arcaico sistema de perdas florestais, estradas de acesso, canteiros de obras, acampamento de obreiros, construção de barragens elevadas, reservatórios imensos, etc. será que podem tomar conhecimento das “Turbinas Bulbo” e semelhantes que podem gerar energia sem tudo isto, desde que apenas colocadas em pontos de melhor fluxo das águas?
Ao invés de “plataformas, à moda “Petrolífera”, com transportes por helicópteros e outras coisas mais, como alto custo do trabalho de todos os escalões hierárquicos a serem pagos na conta de energia a ser paga pelos consumidores, porque não “FLUTUADORES” à ancoragem deles e através deles das turbinas por eles sustentadas, deslocáveis e multiplicáveis para inúmeros pontos, com número de “turbinas” em “série” e/ou “paralelo”, de acordo com a disponibilidade e conformação dos fluxos e seus posicionamentos, formando centros produtores próximos das redes de transmissão de nível nacional, ou próximos aos locais do consumo final, etc. etc. Que a criatividade deles se acrescentem a esta modesta visão criativa que compartilho. Que deixemos de agredir a natureza sem produzir “tromboses” no sistema vital de circulação das águas que a terra nos dá não só pelas chuvas, pelos fluxos superficiais e pelos lençóis e depósitos subterrâneos (chamados aquíferos) . É claro que os produtores de cimento, de brita, de ferragens, de serviços de cortes e transportes de terras e de pedras fracionadas, empresas “especialistas” nas atuais barragens (barrageiras), as limpadoras de áreas para ocupação e trânsito (madeireiros) etc. etc. não vão gostar desta criatividade. Nem citamos toda a rede envolvida! Muita gente grande envolvida e interessada em deixar tudo como está. Mas que é possível é. Possível a cada fazendeiro ou industria marginal aos fluxos de água terem próximos de sua localização uma turbina pequena, para auto-produção e consumo, com venda das “sobras” nos intervalos de funcionamento, etc. etc. Deixa ficar. Tem alguém e alguns querendo mascarar a coisa e enganar o(s) povo(s), incluindo os indígenas. Façam, então, um FÓRUM NACIONAL PRÓ ELIMINAÇÃO DAS BARRAGENS! Se tiverem coragem para tanto. Não acredito, embora me atreva a propor.
Sou do norte do país, e conheço de perto os problemas que la vivem. Todas as cidades de pequeno e medio poluem bastante o rio tapajós sem exceção, praticamente todo lixo do esgoto vai pras margens. E o pior é que ninguem reclama disso, alem do esgoto a céu aberto no rio em frente a cidade ninguem nas cidades tem a conscientização de manter o rio limpo, voce ve masso de cigarros garrafas pets e latas de aluminios entre outros lixos. Essas usinas terão um impacto ambiental de fato, mas não chega perto do que os moradores das cidades la fazem. Tucuruí tem a sua usina e nem por isso indios animais peixes foram extintos, e a usina la é muito mais antiga que essa.