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Pesquisadores do Tocantins comprovaram propriedades inseticidas de plantas usadas na agricultura familiar

 

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Projeto valida sabedoria popular no controle de pragas

Um intercâmbio entre a ciência e os saberes tradicionais surgiu num assentamento rural de Palmas, onde o clima tropical favorece a proliferação de pragas. Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), um grupo de pesquisadores identificou, entre as espécies usadas na agricultura familiar, plantas com propriedades inseticidas, para, então, comprovar por metodologia científica o fundamento técnico das tradições.

A pesquisa de campo resultou na cartilha Receitas de Plantas com Propriedades Inseticidas no Controle de Pragas, publicada em 2010 e reeditada para ser entregue no estande do CNPq na mostra ExpoT&C, em meio a vasos de arruda, boldo, cravo-de-defunto, hortelã e lavanda, na 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Luís.

“Fazemos este trabalho voltado principalmente para os agricultores familiares, que nos dão essas respostas de plantas com essas propriedades, descobertas de forma empírica e intuitiva e repassadas de geração em geração”, explica a coordenadora do projeto, Conceição Previero. “Após a pesquisa científica, orientamos os agricultores sobre os métodos agroecológicas, indicando ajustes quando necessário, com objetivo de valorizar e reconhecer suas práticas.”

Não bastasse a economia na compra de defensivos agrícolas, o uso das plantas avalizadas pelo projeto minimiza ou mesmo elimina a presença de agrotóxico, com reflexos positivos ao meio ambiente e à saúde do produtor. “Quando usamos o método tradicional, não eliminamos somente aquilo de que precisamos, mas também outros insetos, possivelmente espécies que exercem um controle natural sobre a que queremos eliminar”, descreve Conceição.

“Existe ainda uma relação de afetividade, porque sempre alguém tem uma história vinculada a uma referência forte na família e na vida, além dos resultados serem tangíveis, por conseguirmos tocá-los”, afirma. “É uma forma de popularizar e desmistificar a ciência, já que pessoas simples se enxergam, identificam-se com o trabalho, que, embora distante de assuntos como a nanotecnologia, não deixa de ser ciência, cada qual no seu espaço.”

Apesar de a pesquisa ter como eixo principal o assentamento rural da capital tocantinense, o grupo quer ampliar seu campo de atuação. “Sabemos que em outras regiões, como a Caatinga e o Cerrado, pequenos agricultores cultivam espécies nativas e ricas, para utilizá-las no controle de pragas”, diz a pesquisadora.

Matéria de Rodrigo PdGuerra, do MCTI, publicada pelo EcoDebate, 01/08/2012

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