CPT divulga relatório sobre impactos sociais da soja no Pará
Desde 2005 a Comissão Pastoral da Terra (CPT) vem acompanhando a expansão da cultura da soja no estado do Pará. Ao longo desses anos constatou que além dos impactos ambientais provocados por essa cultura, diversos conflitos sociais se sucederam em conseqüência de sua implantação na região. Como forma de denunciar a realidade das famílias envolvidas nestes conflitos, a equipe da CPT em Santarém produziu um Relatório divulgado ontem, dia 1º de setembro, à sociedade.
O documento traz um histórico de algumas famílias das áreas do município de Prainha, da Gleba Nova Olinda e do Planalto, todas situadas no pólo de Santarém (PA), que estão sendo ameaçadas de expulsão pelos produtores vindos de outras regiões, e dos membros de populações tradicionais que estão vendo seus territórios serem “espremidos” pela ação desses forasteiros. Diante dessa pressão e de uma possível perda de seus territórios, Odair Borari, segundo cacique da aldeia Novo Lugar, situada na Gleba Nova Olinda, sofreu dois atentados por ter denunciado às autoridades públicas a presença de grileiros nas terras indígenas onde vive seu povo. Já na região do Planalto, nove comunidades locais desapareceram e 31 tiveram sua população reduzida por causa da chegada da soja à região.
Os produtores de soja tomaram o controle dos acessos comunitários na região, criando dificuldade na locomoção e no escoamento da produção dos camponeses. Estradas até então comunitárias, passaram a ter portões ou placas indicando propriedade particular e impedindo a passagem. Além disso, outros problemas como a contaminação de igarapés e dos moradores locais por produtos químicos aplicados na plantação, são comuns na região. Os moradores relataram que quem mais sofre nesse processo são as crianças que tiveram, inclusive, as aulas paralisadas nos dias de aplicação dos produtos químicos.
Corrida da soja no Estado
O baixo preço da terra e a vantajosa propaganda feita em torno da soja, atraíram centenas de pessoas vindas de outras regiões para o estado do Pará com a promessa de lucro certo. Essa corrida causou uma série de conflitos, tornando recorrente os casos de queimadas, expulsões de famílias, ameaças de morte, intimidação às lideranças, grilagem de terras, entre outras mazelas.
Organizações não governamentais que trabalham na região se limitaram às discussões acerca das questões ambientais relacionadas à presença da soja no Estado. Enquanto isso, a CPT assumiu o papel de analisar e denunciar os conflitos sociais produzidos por essa produção na região, onde foi construído um porto graneleiro da multinacional Cargill, que ainda não cumpriu decisão da justiça de elaboração do Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e Relatório de Impactos ao Meio Ambiente (RIMA).
Clique aqui para ler, no formato PDF, o Relatório Impactos Sociais da Soja no Pará – CPT Santarém na íntegra.
Maiores informações:
CPT Santarém – (93) 3522-1777
Assessoria de Comunicação
Comissão Pastoral da Terra
[EcoDebate, 04/09/2008]