A Rio+20 que a sociedade civil não quer é a que está aí
Jovens e representantes de entidades civis de todo o mundo fazem manifestação para pressionar líderes mundiais para evitar fracasso da Rio+20. Foto de Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Reunidos em uma coletiva de imprensa, ontem à tarde no RioCentro, mais de 50 líderes dos mais diversos segmentos da sociedade civil apresentaram ao mundo uma carta em que rejeitam o documento oficial da conferência gerado pelas delegações ao longo de 2 anos de trabalho. Dentre eles estava líderes empresariais brasileiros, cientistas premiados internacionalmente e recentemente pelo Blue Planet Prize, líderes indígenas, ambientais, economistas e pensadores brasileiros e internacionais.
“Trabalharei o resto da minha vida pelo Futuro que Queremos”, disse Severn Suzuki, a menina, hoje mulher, que leu um texto aos 12 anos na ECO92 para todos os chefes de Estado. A frase de Suzuki representou o sentimento geral dos presentes na sala e reforçou o fato de que todos, sem exceção, acreditam que o documento oficial não representa a opinião da sociedade civil.
A Rio +20 que não queremos
O Futuro que Queremos não passa pelo documento que carrega este nome, resultante do processo de negociação da Rio+20.
O futuro que queremos tem compromisso e ação, e não só promessas. Tem a urgência necessária para reverter as crises social, ambiental e econômica e não postergação. Tem cooperação e sintonia com a sociedade e seus anseios, e não apenas as cômodas posições de governos.
Nada disso se encontra nos 283 parágrafos do documento oficial que deverá ser o legado desta Conferência. O documento intitulado O Futuro que Queremos é fraco e está muito aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a Rio-92. Está muito aquém, ainda, da importância e da urgência dos temas abordados, pois simplesmente lançar uma frágil e genérica agenda de futuras negociações não assegura resultados concretos.
A Rio+20 passará para a história como uma Conferência da ONU que ofereceu à sociedade mundial um texto marcado por graves omissões que comprometem a preservação e a capacidade de recuperação socioambiental do planeta, bem como a garantia, às atuais e futuras gerações, de direitos humanos adquiridos.
Por tudo isso, registramos nossa profunda decepção com os chefes de Estado, pois foi sob suas ordens e orientações que trabalharam os negociadores, e esclarecemos que a sociedade civil não compactua nem subscreve esse documento.
Ailton Krenak
Ashok Khosla
Bill McKibben
Brittany Trifold
Camilla Toulmin
Carlos Alberto Ricardo
Carlos Eduardo Young
Christina Robertson
Davi Kopenawa Yanomami
Ester Agbarakwe
Fabian Cousteau
Fabio Feldmann
Hamouda Soubhi
Ignacy Sachs
Jim Leape
José Eli da Veiga
José Goldemberg
Juan Carlos Jintiach
Kelly Rigg
Kumi Naidoo
Luís Flores
Manuel Rodrigues Becerra
Marcelo Furtado
Marina Silva
Marvin Nala
Mathis Wackernagel
Megaron Txucarramãe
Michel Lambert
Mohamed El-Ashry
Nay Htun
Nitin Desai
Oded Grajew
Peter May
Pierre Calame
Raoni Metuktire
Ricardo Abramovay
Ricardo Young
Roberto Klabin
Rubens Born
Sara Svensson
Sharan Burrow
Sergio Mindlin
Severn Suzuki
Thomas Lovejoy
Vandana Shiva
Wael Hmaidan
William Rees
Yolanda Kakabadse
Nota enviada por Oliver Altaras, para o EcoDebate, 22/06/2012
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