Economia ‘verde’ ditará a Rio+20, avalia funcionário da ONU
Alto funcionário diz que entidade busca acordo que mobilize recursos para transição de modelo; custo anual, até 2050, seria de US$ 1,3 tri
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, marcada para junho, terá êxito se conseguir fechar um acordo que mobilize recursos para financiar uma transição nos próximos anos do atual modelo econômico para a chamada economia verde. O alerta é de um alto funcionário da ONU, que não quis se identificar, ao Estado. Segundo ele, está claro que a maior parte desses recursos não virá de governos, e sim do setor privado. Cálculos do Pnuma, o programa da ONU para o meio ambiente, indicam que o custo poderia ser de pelo me-nos US$ 1,3 trilhão por ano, até 2050. Matéria de Jamil Chade, em O Estado de S. Paulo
O investimento de 2% do PIB mundial durante quatro décadas, segundo a ONU, fi-nanciará a maior revolução na estrutura da sociedade promovida pelo homem em séculos. Nenhuma área será pou-pada: essa transição exigirá reformas na produção indus-trial, agricultura, transporte, educação, no combate à pobreza e no estilo de vida dos países mais ricos.
Se o custo é alto, a ONU estima que a Rio+20 pode significar também a abertura de novas oportunidades de negócios. Nos bastidores da entidade, multinacionais, grupos privados e fundos já procuraram o secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, para alertar que estariam prontos para anunciar investimentos importantes durante o evento no Rio de Janeiro. Mas, para isso, alertam que precisarão obter dos governos um compromisso de como ocorrerá essa transição, quais as metas e o nível de responsabilidade de cada grupo de países.
No gabinete de Ban, a constatação é de que, duas décadas após a Conferência do Rio em 1992, o novo encontro mostrará que “o centro de gravidade” para realizar a transição para uma economia verde passou dos governos para o setor privado. “Há muito dinheiro esperando a definição de regras para ser investido na economia verde”, admitiu um alto funcionário da ONU. Diante das incertezas na economia mundial e da queda no consumo em países ricos, a estimativa é de que multinacionais estariam sentadas sobre cerca de US$ 6 trilhões a US$ 8 trilhões. Na avaliação da cúpula da diplomacia da ONU, não há dúvidas de que parte desse dinheiro migrará para oportunidades de negócios na economia verde, uma vez estabelecido o arcabouço do acordo.
“O sucesso do Rio será medido na quantidade de recursos que o setor privado conseguirá mobilizar nos próximos dois anos e como vai determinar a estrutura da economia mundial por décadas”, indicou o alto funcionário da ONU.
Acordo. Diante desse cenário, a prioridade da ONU nas próxi-mas semanas será o de convencer governos a deixar detalhes do acordo final para os dias do encontro e tentar fechar o mais rapidamente possível as grandes linhas do compromisso final. Em Genebra e Nova York, ninguém duvida de que a negociação chegou em seu momento mais crítico. Mas o apelo de Ban a todas as missões é de que coloquem suas diferenças de lado para que haja, o quanto antes, um acordo de princípios. A esperança é de que isso crie um clima de confiança no setor privado de que a conferência terminará com pelo menos algum êxito para, portanto, anunciar seus investimentos. “Chegou o momento crítico da negociação”, alertou um nego-ciador da ONU ao Estado. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, porém, está oti-mista. Em conversa com um grupo de jornalistas em Gene-bra, há poucos dias, ele assegu-rou que a Rio+20 será um su-cesso. “Não é exagero dizer que será a c onferência mais importante da história da ONU”, assegurou.
Matéria de O Estado de S.Paulo, socializada pelo ClippingMP.
EcoDebate, 03/05/2012
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Parece bom mas não será. Estamos frente à implantação de mais um conceito a ser metamorfoseado de acordo com os interessas das mega-empresas multinacionais. Inventaram a “Economia verde”. Não vi, ainda, um fórum ou congresso mundial com sumidades científicas descomprometidas com o grupo das grandes do agro-negócio, da química de adubos e de “defensivos” (leia-se AGROTÓXICOS) danosos aos seres vivos e de efeito cumulativo por via do consumo alimentar, denunciado nesta edição, de 70 milhões de brasileiros. O Brasil, também se anuncia aqui, tornou-se campeão do mundo no uso e abuso dos agrotóxicos, ultrapassando até os Estados Unidos. Valha-nos Deus! Que destaque ruim! Quero ver um “código de definição e avaliação do que seja a economia verde com que estão acenando”. Qual a ética que norteará os princípios aplicáveis á “economia verde”: incluirá a permissão de desmatamentos? Manterá a permissão de agrotóxicos e venenos perigosíssimos como o Bisfenol-A (Dioxina)? Punirá quem desrespeitar o código da Economia Verde ou esta será apenas uma bandeira desbotada e respingada de malícias que os engenhosos exploradores da terra e da alimentação (humana e pastoril) praticam, tal como o fazem até hoje, e tal como, através da massiva pressão dos representantes ruralista, no congresso, acabam de passar um Código Florestal ainda falho e protetor de interesses escusos. Não pode ser bom um Código desse que uniformiza o tratamento de todo o multifário território nacional segundo as mesmas diretrizes e normas, sem atender às peculiaridades e sem permitir a criatividade inteligente para atingir os mesmos objetivos com soluções mais avançadas e diferentes. As poucas peculiaridades do código foram “movimentadas” apenas para atender a grupos de interesse e não aos interesses amplos da nação e de todos os brasileiros. Quero ver que “Economia Verde” (e como é) que irão discuti-la na Rio+20 e no entorno dela, nos demais fóruns. Fiquem atentos e não nos deixemos ser enganados mais uma vez. Que fizeram das metas da Rio-92?