Rio+20: ‘Participação da sociedade civil é uma necessidade’, diz ONU
Em visita ao Brasil, o Coordenador-Executivo da ONU para a Rio+20 se disse otimista quanto aos resultados da Conferência de junho
do PNUD
O Coordenador-Executivo da ONU para a Rio+20, Brice Lalonde, acredita que a sociedade civil e as mídias sociais terão um papel fundamental sobre os resultados da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece em junho, no Rio de Janeiro.
Em entrevista ao site do PNUD Brasil, Lalonde reforçou a importância desta participação social na mobilização e no convencimento dos chefes de Estado para que medidas concretas sejam tomadas ao final do encontro de cúpula que encerra a Conferência. “Esta é uma das minhas funções principais: garantir a participação da sociedade civil. Empresas, ONGs, coletividades locais, prefeituras e cidadãos em geral, todos precisam pressionar seus governos com propostas inovadoras e coerentes em prol do desenvolvimento sustentável e do futuro do nosso planeta”, disse.
Antes de ser nomeado para o cargo, em janeiro de 2011, pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, Lalonde ocupava o posto de Embaixador da França para negociações sobre as mudanças climáticas. Ele já foi ministro do Meio Ambiente de seu país durante administração do presidente Jaques Chirac e concorreu, no início da década de 80, à presidência da França com uma plataforma verde.
Em missão ao Brasil na semana que antecedeu o Carnaval, o Coordenador-Executivo da ONU para a Rio+20 disse que veio ao país para verificar o andamento dos preparativos. “Não podemos nos atrasar. Por isso, eu vim tentar, como a gente diz em francês, apertar os parafusos, verificar quem faz o quê, para poder, em seguida, repercutir isto em Nova York”.
Confira abaixo a entrevista:
As expectativas são certamente muito altas para esta Conferência. Em sua opinião, o que poderia ser considerado um sucesso em termos de resultados?
Em primeiro lugar a quantidade de pessoas que deverão vir, os chefes de Estado que deverão estar presentes, e um pacote contendo tanto o engajamento das empresas, das prefeituras, os compromissos, como dizemos, quanto a própria Declaração do Rio; e também que possamos tentar obter, em seguida, um processo através do qual possam se estabelecer diálogos regulares sobre energia, agricultura, cidades, o lado social. Enfim, uma série de encontros para trabalharmos especialmente sobre a ideia de elaboração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que serão combinados com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Então, nós teremos decisões que serão tomadas no Rio – e espero que elas sejam muitas – e também o acerto de encontros até 2015, já que que os Objetivos do Milênio serão revistos em 2015. A ideia agora é a de termos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para as famílias de nações.
Eu espero que haja decisões. Por exemplo, o Brasil – e eu a título pessoal sou totalmente favorável a isso – gostaria que um dos princípios da Agenda 21 de 1992, o da participação e informação de todos os cidadãos, fosse organizado dentro de uma convenção internacional. Seria formidável termos isso. Se pudéssemos ter também uma decisão para o engajamento de um processo de negociação para proteção das algas marinhas em alto mar, isto também seria muito importante. Poderíamos ter também uma decisão sobre a maneira como as empresas organizam seus balanços, como uma convenção internacional sobre os balanços contábeis. Ou seja, há decisões que poderão ser tomadas para já, no Rio.
A sociedade civil e a mídia podem ter um papel muito importante para a Conferência desta vez. Como o senhor acredita que eles poderão influenciar este processo até o encontro de cúpula de junho?
Nós temos absolutamente necessidade da pressão da sociedade civil. As coletividades locais, prefeituras, as cidades, todas terão um papel muito importante. As empresas também. E somente com uma forte pressão e mobilização dos cidadãos e cidadãs do planeta, no momento da conferência, eles conseguirão pressionar os governos. Porque os governos estão numa situação complicada neste momento. Tem a crise econômica, tem as eleições, então é preciso pressionar os governos. Este é o papel da sociedade civil.
É uma oportunidade, então?
Uma necessidade e uma oportunidade. Nós precisamos realmente disso. Em 1992 não havia internet. Hoje nós não só temos internet como temos ferramentas de mobilização muito mais fortes. Espero, de verdade, que a sociedade civil faça pressão e que esteja presente neste debate.
A Conferência corre o risco de ser somente uma Conferência verde?
A dificuldade vem do fato de que, geralmente, quando falamos de uma Conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável, geralmente, em muitos países, este assunto fica a cargo do Ministro do Meio Ambiente. Então precisamos trazer também os ministros de finanças e de economia/políticas sociais.
EcoDebate, 15/03/2012
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De que adianta o Coordenador-Executivo da ONU para a Rio+20, Brice Lalonde falar dessa necessidade se a sociedade já foi boicotada? Não há espaço para as ONGs sérias e comprometidas com a defesa socioambiental participar.
São falácias e não passa disso.
Rio 2012 é um fiasco completo porque não discute o cerne da questão e nem incorpora todas as dimensões relacionadas com o processo global de uma sociedade de risco iminente.