CODEVASF responde: cisternas de plástico, por Roberto Malvezzi (Gogó)
A CODEVASF lançou uma nota, a partir de Brasília, respondendo aos fatos do derretimento das cisternas de plástico, publicada no blog de Geraldo José, jornalista da Rádio Juazeiro, em Juazeiro da Bahia. Vejam a nota e nossa tréplica:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
“A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) esclarece:
Cisternas de polietileno que apresentarem defeito serão imediatamente substituídas, conforme contrato. No caso recente de Cedro (CE), a empresa responsável pela fabricação foi notificada e duas novas cisternas foram prontamente entregues às famílias.
Ressalta-se que o Ministério da Integração Nacional adota rigorosos procedimentos de controle de qualidade durante a fabricação e a entrega das cisternas.
Coordenado pelo Ministério da Integração Nacional, com apoio da Codevasf, o Água para Todos é uma ação do Programa Brasil sem Miséria do governo federal. O objetivo é beneficiar 750 mil famílias que vivem no semiárido brasileiro com cisternas e sistemas simplificados de água”.
Há séculos o povo do semiárido espera por uma política hídrica que vise em primeiro lugar o abastecimento humano de nossa população, não a irrigação, nem outros usos da água que devem vir após resolver os problemas humanos, como preconiza a Lei Brasileira de Recursos Hídricos 9433/97. Portanto, somos totalmente favoráveis ao “Água para Todos”, desde que seja bem feito do ponto de vista técnico, político, ambiental e cultural.
A sociedade civil – ASA – achou o caminho das cisternas de placas, bem feitas, boa duração, replicáveis pelas próprias comunidades, que compram no comércio local, movimentam e capacitam os pedreiros locais, dinamizam e economia local, além de desenvolver todo conceito inovador da convivência com o semiárido. Toda essa riqueza quase foi ao lixo para ser substituída pelas cisternas de plástico. Não é só o lixo plástico, é o lixo da indústria da seca, que alimenta políticos, corporações técnicas e empresas a partir da sede humana.
Reparem que o caminho escolhido pela CODEVASF, diante do fato inescapável, é injetar mais dinheiro – dinheiro público, claro -, na mesma tecnologia e na mesma empresa. Assim, se daqui alguns anos milhares de cisternas de plástico derreterem, a política será a de repor o que está claramente dando errado.
Qualquer cisterna de placa de cimento seria rapidamente concertada. A de plástico não, há perda total.
Enfim, o governo federal corre o risco de pagar um “mico histórico”, se não recuar totalmente de sua decisão.
Vamos continuar registrando os fatos, lutando por uma política hídrica decente de abastecimento humano, também para a população difusa do semiárido brasileiro.
Roberto Malvezzi (Gogó), Articulista do Portal EcoDebate, possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.
EcoDebate, 08/03/2012
[ O conteúdo do EcoDebate é “Copyleft”, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.
Minha insatisfação com as politicas de desenvolvimento para o nordeste brasileiro são sustentadas nessas injustiças, parece até que esse povo não tem, ou não merece o respeito das autoridades politicas deste país, chega de esmolas insensatas.
Os nordestinos tem que ter cuidado com o que se diz ser “de graça”, pois o que pode ser de graça também pode virar uma desgraça.
Uma intervenção de caráter duvidoso. Não qual a lógica do MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e MI – Ministério da Integração substituirem as cisternas de alvenaria por tanques de plástico.
Em qualquer lugar que tenha acontecido este fato, já era algo previsto pela sociedade civil, mas me deixou dúvida entre o artigo do Gogó e a resposta da CODEVASF sobre o Município: É Cedro no Pernambuco ou Cedro no Ceará? Se for no Cedro, até o momento não sabemos que comunidade. Deem-me uma resposta.
Resposta do EcoDebate: De acordo com informações da ASA a cisterna de plástico que deformou foi instalada em Cedro, no Semiárido pernambucano, em novembro de 2011
Sr. Gogó, acredito que ao assumir que a Cisterna de Placa é a melhor solução para essa finalidade, o senhor desconheça todo o conteúdo do Acordão do TCU que analisou todo programa desde o começo? A maioria das Cisternas de Placa estão com fissuras e rachadas, colocando a vida do beneficado em risco à doenças! O que concordo é NÃO concentrarmos todos os investimentos em uma única tecnologia. O material plastico é um dos melhores e o mais ideal para guardar água, acha visto o número de caixas d’água em todos os telhados de todo Brasil. Pelo visto esse incidente se deu em apenas 2 unidades. É muita especulação! Vamos assumir que o material é melhor e que mais gente vai ter acesso à agua!