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Artigo

A culpa não é da chuva, artigo de Norbert Suchanek

 

[EcoDebate] Inundações em Minas Gerais, inundações na Serra e no Norte do Estado do Rio de Janeiro. Cada ano aos enchentes aumentam. “A culpa é da chuva“, os apresentadores, repórteres do TV e os políticos não se cansam de falar.

Mas a culpa não é da chuva. Dois dos grandes vilões são o asfalto e o cimento!

Cada metro quadrado cimentado ou asfaltado é um metro quadrado da terra perdida. Cada nova casa, cada quintal, cada novo estacionamento, cada nova rua, estrada e rodovia cimentadas e asfaltadas é terra perdida, que significa uma redução da capacidade do solo de absorver as águas da chuva.

Cada dia os solos brasileiros tem menos capacidade de incorporar e segurar águas das chuvas e transportá-las até aos recursos hídricos subterrâneos. Cada dia as águas das chuvas têm menos chance de infiltrar-se. Ao invés de se infiltrar no solo para aumentar as águas subterrâneas, as chuvas são transportadas cada vez mais rápido aos riachos e rios, já que não são mais tão bem absorvidas pelo solo. As enchentes aumentaram em sua amplitude e sua força.

Além disso, o cimento já é o grande vilão ambiental desde a sua produção. Cada saco de cimento, cada tonelada de cimento, está responsável pela destruição de um morro com vida e terra. E também responsável por um alto gasto de energia térmica à base de petróleo, carvão, lenha ou pneus usados para a sua produção. Dados da indústria de cimento calculam que para produzir uma tonelada de cimento, é necessário o equivalente a 60 a 130 kg de combustível e 110 kWh de energia eléctrica, o que significa uma emissão de aproximadamente 610 kg de dióxido de carbono (CO2) por tonelada de cimento, além de outros gases tóxicos. Nem só no Brasil, mas mundialmente as fábricas de cimento representam uma das indústrias mais poluentes e uma das maiores consumidoras de energia do planeta.

Cimento nunca foi e nunca vai ser social. Cimento é um crime ambiental!

Na véspera da Rio+20, é hora de questionar a quantidade absurda do uso de cimento no Brasil!

Norbert Suchanek, Correspondente e Jornalista de Ciência e Ecologia, é articulista e colaborador do EcoDebate

EcoDebate, 09/01/2012

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Alexa

5 thoughts on “A culpa não é da chuva, artigo de Norbert Suchanek

  • Sr Suchanek, parabenizo-o pelo artigo. Uma das causas para as enchentes é realmente a impermeabilização dos solos.
    Você destacou o asfalto e o cimento como os principais vilões. Destacou bem o cimento, porém nada adicionou ao asfalto, proveniente também de uma indústria poluidora, que é a do petróleo. Sem contar que estudos o indicam como potencialmente cancerígeno quando exalado na forma de gases no momento de sua aplicação e cura.
    Tenho estudado sobre um método de pavimentação sustentável, eliminando o máximo do cimento e do asfalto, porém ainda não conseguindo substituí-los em 100%. Porém garanto que existem soluções técnicas adequadas para minimizar os efeitos da impermeabilização dos solos pavimentados.
    Abraço
    Sergio Klein
    sergio@skleinconsultoria.com.br

  • Ricardo Machado

    “A culpa não é da chuva”. A culpa é dos eleitores que escolheram, mais uma vez, políticos que não agiram como deviam.Lembro que político não faz concurso é escolhido pelo povo.

  • José Cadis dos Santos

    A cultura também pode ser responsabilizada? Afinal, tornou-se uma “cultura” construir utilizando cimento, usar concreto em lajes e calçamentos. E se, irmanados o cidadão, o político, o setor industrial… fizessemos o esforço de manter 1/5 de nossos terrenos com cobertura natural? E se fossem perfurados fossos de absorção, claro, com todos os aparatos de segurança e respeito à Natureza? E se todas as ruas tivessem canteiros centrais gramados e cuidados pelas prefeituras? Bem, como cidadão eu sou honerosamente cobrado e “pago” os devidos impostos, mas este ato não faz cessar minha responsabilidade social: enquanto cidadão, tenho o dever de atuar em favor do bem estar geral. Só temos que insistir para que os outros mais de 6,5mi de brasileiros pensem e atuem assim também! Obrigado e parabéns pelo artigo.

  • E a ocupação de áreas inadequadas? As pessoas constroem nos espaços que são atingidos pelas maiores enchentes, e nos morros sujeitos a desmoronamentos quando a água se infiltra.
    E as administrações municipais têm permitido que isso aconteça. Que loucura!

  • Uma observação que acho importante e passa despercebida por muitos. No campo os métodos de plantio direto diminuem a perda de solo mas aumento o escoamento superficial, e isto não são m², são km².

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