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Estudo ambiental do Campo de Frade não previu vazamento ‘natural’, por Fernando Marcelo Tavares

 

[EcoDebate] O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) das operações de perfuração e produção no campo de Frade na Bacia de Campos apresentado ao IBAMA pela Chevron para a obtenção das respectivas licenças ambientais, não menciona a possibilidade de um vazamento diretamente do subsolo oceânico, derivado de exsudação (migração do óleo de um lugar para o outro) como o que ocorreu no dia 9 de novembro, e ainda não foi contido.

O estudo menciona como pior cenário de um acidente com vazamento a ruptura do casco da FPSO com o vazamento de todo o óleo nele armazenado, cerca de 250 mil m3, simulando diversas possibilidades de locomoção da suposta mancha de óleo cru.

São mencionados como municípíos dentro da área de influência do Campo de Frade, Presidente Kennedy (ES), São João da Barra, campos, Quissamã, Carapebus,
Macaé, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo,,Cabo Frio, Araruama e Saquarema (RJ). Estas são as cidades que estariam sob risco maior em casos de vazamento.de óleo.

Dos possíveis impactos previstos pelo estudo, há o econômico nas comunidades costeiras dependentes da pesca e do turismo litorâneo, citando em especial a movimentação de transatlânticos em Cabo Frio, Arraial do Cabo e Búzios, e o ambiental propriamente dito atingindo uma fauna delicada usuária da região, como as baleias Jubarte e diversas espécies de tartarugas marinhas.

O EIA (Estudo de Impacto Ambiental é o estudo que possibilita o licenciamento do empreendimento e prevê todas as possibilidades de riscos e acidentes, apontando as áreas de influência direta e indireta, e indicando as ações preventivas e de mitigação necessárias.

Vazamento continua. ANP responsabiliza Chevron

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), informou nesta segunda-feira que determinou à Chevron o abandono dos trabalhos de perfuração próximo ao ponto do vazamento. A Agência concluiu que há relação entre as atividades de perfuração na área e o vazamento descoberto no último dia 9 e comunicado ao IBAMA e À ANP no dia 10 de novembro. “O que foi detectado é que com a perfuração houve aumento de pressão em algum ponto e houve essa fissura na rocha que fez com que o óleo vazasse”, informou à Reuters o diretor da ANP, Florival Carvalho, que confirmou o início dos trabalhos para a cimentacão do poço.

As informações sobre a vazão diária do vazamento são contraditórias e inexatas. A ANP fala em 700 barris derramados estando a mancha a 200 km da costa. Já a Agência Brasil divulgou o número de 400 barris por dia de petróleo engrossando uma mancha de 163 km2 que estaria a 120 km da costa.

Desde o primeiro comunicado feito à imprensa internacional, a Chevron vem insistindo na tese de “vazamento natural” sem relação com as atividades da empresa, o que foi derrubado com a informação da ANP de que o incidente está relacionado a atividades de exploração.

Um dia após o comunicado do vazamento, a presidente Dilma Rousseff pediu uma profunda investigação do incidente, o que deve aumentar a rigorosidade nos estudos de impacto e nas medidas preventivas relacionadas à exploração do pré-sal.

Fernando Marcelo Tavares – pre-sal.info

EcoDebate, 16/11/2011

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