Aquecimento global limitado a 2 graus Celsius está em risco sem ação climática até 2017
O mundo pode não ser capaz de limitar o aumento da temperatura global a níveis seguros se uma nova ação climática internacional não for tomada até 2017, já que muitas usinas de energia de combustível fóssil e fábricas estão sendo construídas, alertou a Agência Internacional de Energia nesta quarta-feira.
Se o mundo limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius — que segundo cientistas é o nível mínimo de segurança antes que efeitos devastadores das mudanças climáticas ocorram — os volumes de emissão de gases não devem ter mais de 450 partes por milhão (ppm) de dióxido de carbono. Matéria de Nina Chestney, da Reuters.
Com as emissões já chegando a 390 ppm de CO2, está se esgotando o tempo para tomar uma atitude.
A infraestrutura energética existente já está liberando 80 por cento das emissões permitidas sob esse cenário, advertiu a AIE em seu Relatório Mundial de Energia.
Quatro quintos do total das emissões de carbono relacionadas à energia permitido até 2035 para limitar o aquecimento já vêm das usinas, prédios e fábricas existentes, apontou a agência.
“A cada ano que passa sem sinais claros de investimentos em energia limpa, o ‘travamento’ da infraestrutura de alta emissão de carbono está tornando mais difícil e mais caro o cumprimento de nossas metas de segurança energética e climáticas,” disse Fatih Birol, economista-chefe da AIE .
O alerta vem apenas algumas semanas antes de uma reunião de negociadores internacionais na África do Sul para tentar trabalhar em um novo pacto global para combater o aquecimento global.
São baixas as expectativas de um acordo juridicamente vinculante este ano. A União Europeia está pressionando por um acordo até 2015, mas alguns outros países foram acusados de atrasar um pacto até 2018 ou 2020.
“Se novas medidas rigorosas não forem apresentadas até 2017, a infraestrutura relacionada com energia na ocasião vai gerar todas as emissões de CO2 permitidas… até 2035, não deixando espaço para usinas adicionais de energia, fábricas e outras infraestruturas, a menos que sejam de emissão zero de carbono, o que seria extremamente caro.”
“Atrasar uma ação é uma falsa economia: para cada 1 dólar de investimento economizado no setor de energia antes de 2020, um adicional de 4,3 dólares precisaria ser gasto depois de 2020 para compensar o aumento das emissões”, acrescentou o relatório.
Melhorias na eficiência energética precisariam responder por metade das reduções adicionais de emissão necessárias, disse a AIE.
Em maio, a AIE informou que as emissões globais de CO2 atingiram seu nível mais alto em 2010, impulsionadas principalmente pelas economias dependentes de carvão.
Se novas políticas climáticas forem implementadas cautelosamente, as emissões de CO2 acumuladas nos próximos 25 anos equivaleriam a três quartos do total dos últimos 100 anos, disse a AIE.
Isso levaria a um aumento de temperatura médio de longo prazo de 3,5 graus Celsius. Se novas políticas não forem implementadas, o mundo estará em um “caminho perigoso” para um aumento de 6 graus.
O objetivo da ONU de dar a todos do mundo acesso à energia moderna até 2030 exigiria 48 bilhões de dólares de investimento — ou 3 por cento do investimento total de energia até 2030 — em comparação a 9 bilhões de dólares em 2009, disse a AIE.
Matéria da Reuters, no UOL Notícias.
EcoDebate, 10/11/2011
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